
Apresento-vos a Anna, uma prostituta ucraniana que tem um próspero negócio sexual na Holanda. Depois de me conhecer numa sala de chat porno, começou a contar-me todo o tipo de coisas sobre a sua vida: como tinha chegado à Holanda, o porquê dos clientes russos serem piores do que os outros e a razão de viver com os seus cachorrinhos adoráveis na sua casa em Roterdão.
VICE: Olá Anna. Como é que começaste no mundo da prostituição?
Anna: Já tenho mais de 30 anos de serviço. Durante os primeiros 15, trabalhei na Ucrânia e depois emigrei para a Holanda. Depois de nos casarmos, o meu marido apanhou-me na cama com outro. Ao descobrir que eu era propensa a este tipo de comportamento, decidiu utilizar o meu corpo para impulsionar a sua carreira. Comecei a encontrar-me com os patrões dele e, mais tarde, com os seus sócios.
E ganhavas dinheiro?
O meu marido ficava com o guito. Eu não via um tostão. A carreira dele cresceu rapidamente. Hoje em dia, já não estou com ele, que agora se dedica ao tráfico ilegal de armas e petróleo. É uma pessoa muito rica na Ucrânia.
Quando é que se separaram?
Quando me pirei para a Holanda. O dono do bordel onde agora trabalho tinha investido no negócio do meu marido. Fui uma moeda de troca.
Ou seja, o teu marido vendeu-te como escrava sexual?
Sim, suponho que sim. Mas não tenho ideia de quanto valia. Só sei que ambos beneficiaram muito com esta troca. Foi assim que o meu marido começou a celebrar contratos de venda de armas com os árabes. Deixou que um grupo de árabes me fodesse, que me fizessem de tudo, até sexo anal. Até gostei e não me importei de ser trocada. O meu marido andava concentrado na sua empresa e não tinha tempo para mim. Os meus pais estavam conscientes da situação e estavam do lado dele. Os meus amigos não queriam saber. Apoiavam a decisão e outros até foram ao bordel, mais à frente.
Tenho a sensação de que todas as mulheres com quem trabalhas têm uma certa idade.
Sim, no clube empregamos mulheres que têm entre 40 e 57 anos. O dono disse que as adolescentes causam demasiados problemas. Nós não temos moral, não nos opomos a nada e temos muito mais experiência.
Como é que conseguiste emigrar? Imagino que se colocasses no teu processo de visto que o objectivo era a prostituição, irias ter alguns problemas.
Nessa altura, tinha um visto, mas agora já consegui a nacionalidade holandesa. Não foi algo difícil, dado que temos clientes influentes. E depois a prostituição na Holanda é legal.
Quais são as tuas funções?
Os clientes habituais do nosso clube são VIPs, há lá muitas caras conhecidas da televisão. É engraçado constatar de perto quais são os seus valores. Às vezes, fazemos orgias pouco sensatas que duram quatro horas e que envolvem 16 pessoas. Outras vezes, contratam-me como cadela: ponho-me de quatro e os cães fodem-me assim. Faço de tudo, menos coisas que envolvam escatologia. E não há problema, porque o meu chefe já não dá essa liberdade aos seus clientes.
A verdade é que não sei o que te diga…
Posso deixar esta vida quando me der na gana, mas essa não é a minha intenção. Gosto disto. E faço de tudo: zoofilia, BDSM, gangbangs, vale tudo. O que gosto mesmo é de ter sexo.
E os cães? De onde vêm? Vivem no clube? Estão treinados, especialmente, para ter sexo com humanos?
Há locais especializados em muitos países, onde treinam os cães apenas para isto. Conheço pelo menos dois locais do género na Rússia. Pessoalmente, trabalho em sítios assim na Bélgica, na Suíça e na Alemanha. Contratam-me para ajudar os cães a acostumarem-se ao humano feminino. Depois de meio ano de esforço, os cães já fodem como loucos, o que adoro. Claro que estes cães não são nada baratos. Também tenho dois cães a viver comigo que nunca tiveram relações com outros cães, só com humanos. Por vezes, os clientes trazem os seu próprios cães que, obviamente, também estão treinados.
Espera. Levam-nos para o bordel?
Não, só para as negociações e apresentações que têm lugar no clube. O resto acontece em casa dos clientes. Têm todos muito dinheiro e casas enormes. Têm recintos caninos e sótãos para BDSM. Parecem os currais onde a Gestapo torturava gente, antigamente.
Alguma vez trabalhaste com russos na Holanda?
Não escolho os meus clientes, isso é o meu chefe que faz. Mas sim, costumamos receber visitas dos meus ex-compatriotas. São os piores quando fazem festas privadas. Pedem sempre que façamos de tudo: até beber em copos para onde eles mijaram antes. Claro que pagam muito dinheiro, muitas vezes pagam mais do que nós pedimos.
Nunca pensaste em ser mãe?
Tenho filhos com o meu ex-marido, mas já são todos adultos, com as suas vidas feitas. Trabalham com o pai. Dou-me bem com eles Os meus filhos sabem que vivo com os cães e até me vêm visitar de vez em quando. O meu ex-marido também.
Que conselho darias às mulheres ucranianas que estão a pensar meter-se neste mundo?
Dir-lhes-ia para serem cuidadosas e para terem em conta os seus direitos. Caso contrário, é muito provável que sejam vendidas como escravas a algum árabe. Já vi isto muitas vezes. Graças a Deus, o meu marido e o meu chefe nunca deixaram que isso acontecesse comigo.
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