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Todo mundo tem um amigo que curte chapar até derramar. É daí que vem a alcunha de Derrame da Street, o Instagram que vem chamando atenção da galera que curte apertar um verdinho. Seus posts consistem em ilustrações feitas “da forma mais cretina possível”, retratando o dia a dia de quem tem uma rotina mais, digamos, defumada. Com mais de 23 mil seguidores e contando, o perfil vem ganhando notoriedade na rodinha, seja entre growers, personalidades ou marcas especializadas.
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Curiosos que somos, fomos atrás de quem está por trás de tamanho sucesso. A resposta foi imediata, porém, a identidade do mantenedor da página é um segredo. F.B. prefere não divulgar seu nome para não dar pala. “Manter o sigilo e o feeling da página”, disse. Sendo assim, a VICE adotou seu vulgo para tocar a entrevista. “Derrame” tem 26 anos, é de Vitória, Espírito Santo, e trabalha como diretor de arte.
Ele conta que o nome do perfil é baseado num coletivo chamado “pesadão das street” que organizava campeonatos de skate em Vitória. Este coletivo era suportado por um amigo dele que, sempre que passava da conta na chapação, se encontrava “derramado” nas calçadas por aí: “Derrame pra gente significa esbanjar, derramar mesmo saca? Acordar no outro dia, abrir a carteira e pensar ‘Putz, derramei ontem, mas foi foda’”.
Foi entre 2012 e 2013 que a ideia de criar uma página com esse nome surgiu. Brincando, ele prometeu tirar fotos dos amigos “derramados” e postar numa página com o nome “Derrame da Street”. Dito e feito, depois de um tempo ele realmente caçava os amigos bêbados na noite pra flagrar um click pra postar nessa página. “Até então era só pra brincar entre nós”, conta.
Mas isso era só uma pequena ideia embrionária, perto do que a página se tornaria. Voltando de uma viagem de estudos na Europa, F.B. decidiu testar seus conhecimentos em artes visuais com ilustrações canábicas e deu no que deu. “Pra minha surpresa, a página cresceu de uma forma absurda e pude conhecer muitas pessoas influentes do meio artístico e canábico pelo Derrame, tipo o Tomazine e os caras do Hempadão.”
Como a maioria de nós, foi na adolescência que o Sr. Derrame teve seu primeiro contato com o green, num luau, aos 15 anos. “Foi na Praia da Costa. Quem me apresentou foi um amigo que hoje é totalmente careta (risos)”. Parece que não foi só o Eduardo Bolsonaro que seguiu tendências conservadoras depois de curtir uma rebeldia adolescente.
Sua relação com a erva se intensificou durante a faculdade. Diz ele que já experimentou de tudo, mas alerta para os perigos do consumo excessivo, principalmente culinário. “Gosto muito de apertar um baseadinho. Bongada eu não dispenso se tiver rolando, mas prefiro o tradicional enrolado. Já experimentei coisas pra comer com maconha, a onda é legal, e se souber fazer, o sabor também. Mas não aconselho comer muito (risos).” Hoje em dia, o que faz a cabeça do nosso maconheiro anônimo é a redução de danos: “Já fiquei uns meses sem fumar porque gosto de andar de skate e o pulmão já não aguenta muito. Sempre penso em dar um tempo, e não acho que vou fumar pra sempre”.
Assista ao nosso doc:
A militância pró-legalização é outro assunto que não pode faltar. F.B. não se considera um militante ativo, mas já participou de algumas edições da Marcha da Maconha. “Pra mim, a legalização e a descriminalização é algo mais que necessário. Eu ainda espero poder andar tranquilo, poder comprar de maneira regular, sabendo que um cigarro não vai me levar pra cadeia. Sempre que posso, colo na marcha. Mas me considero mais um criativo, atuo mais pelo humor, saca?”
Por fim, F.B. declara que nunca passou por badtrips ou paranoias, mas às vezes esquece uma ou outra coisa “acho que não carrego nada a não ser a clássica ‘sequelada’ mesmo (risos)”. E apesar do talento, Derrame nunca trabalhou como ilustrador. Ele considera suas ilustrações um hobby, que prefere manter nas redes sociais. Ele tem outro instagram para trampos não relacionados com a cultura canábica, e se você for um entusiasta, pode segui-lo também no Instagram.
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