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meio-ambiente

A Semana Europeia da Mobilidade devia fazer parte da tua vida... todo o ano

Cada vez há menos desculpas para teres mesmo de andar de carro todos os dias. Ser mais "amigo do ambiente" já não é uma opção. É uma necessidade.
foto por Luca Campioni no Unsplash.

“Combina e Move-te” é o lema da 17ª edição da Semana Europeia da Mobilidade, que começou a 16 de Setembro e dura até ao próximo dia 22. Com o propósito de incentivar a mobilidade sustentável e reduzir a emissão de C02 ao promover a diminuição da utilização dos carros privados, esta Semana integra os esforços da União Europeia em fazer cumprir o Acordo de Paris e tornar-nos a todos mais amigos do ambiente.

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A semana já vai a meio, mas a Comissária Europeia dos Transportes, Violeta Bulc, pediu para que todo o ano de 2018 fosse o “Ano da Multimodalidade”. Neste mundo poluído de fumos, gases, plásticos, mercúrio e sabe-se lá mais o quê – força de expressão, sabe-se exactamente o quê, até porque as alterações climáticas não são um mito e a ciência não é mentirosa -, andamos todos a tentar ser mais verdes. E quem não anda, devia aproveitar o embalo desta Semana para começar! A multimodalidade é a combinação de vários transportes na mesma viagem, quer para passageiros quer para mercadorias, aproveitando as melhores características de cada um.

Para que esta iniciativa se propague ao resto da nossa vida e não dure apenas sete dias fixados no calendário, há em muitas cidades do País e do resto da Europa comunitária vários eventos gratuitos, tais como conferências, voltinhas com sitways, workshops, circuitos e oficinas de bicicletas, test-drives, passeios de scooters eléctricas e por aí fora, nos quais podemos ficar a conhecer melhor e experimentar uma vida mais amiga do ambiente.


Vê: "Shane Smith investiga o verdadeiro custo da negação das alterações climáticas"


E, se o estado do Planeta não te comove, então faz como fazes sempre e pensa só em ti: o cenário quotidiano de sair de casa de manhã, meteres-te no carro e apanhares à tua frente um idiota qualquer, daqueles que conduz a pisar ovos, como quem não tem pressa e curte estar no trânsito. Vinte minutos de viagem até ao trabalho em pára-arranca, com carros que decidem encostar sem aviso prévio, camiões de cargas e descargas a bloquear a rua, ou condutores daqueles que acham que têm um tanque e a rua é demasiado estreita para conseguirem passar, quando na verdade estão de Smart; ainda tens o azar de apanhar um eléctrico pela frente, destes que a Câmara Municipal decidiu restituir à cidade como se a estrada não estivesse já atulhada de tuk-tuks toscos e mulheres com brutos carros que demoram horas a conseguir estacionar – sim, estou a estereotipar, que feio que isso é, blá blá, mas eu sou mulher e condutora, por isso sinto que posso. Ah, e para além disso estou claramente a falar de Lisboa e a esquecer-me do País real, onde, obviamente, nada disto acontece, porque não há carros e toda a gente vai trabalhar em tapetes voadores não poluentes de última geração.

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Depois de 20 minutos num stress tal que as costas já nem encostam ao banco, a olhares para o relógio a ver o tempo passar – tu já tinhas saído de casa tarde, mas que mal estaríamos se te culpasses a ti próprio, concluis que a culpa é, obviamente, de todos os outros na estrada, que mais parecem estar a ver as vistas do que a tentar chegar ao destino. A coisa é tão grave que já nem a "Mixórdia de Temáticas" ou o reggaeton que ouves em segredo no carro te conseguem animar. Chegas ao trabalho com um humor de cão e ainda agora são nove da manhã. E, neste também mundo cão, vives o teu próprio mau humor com dedicação, porque, como se já não bastasse estares sentado à secretária a olhar para folhas de Excell das 9 às 5, ainda há que aturar trânsito e buzinas (a tua própria, vá, mas eles que andem com isso caraças!) para lá chegar. E, claro, depois de toda esta odisseia, estacionas e reparas que não tens moedas para o parquímetro. "Puta que pariu a Emel!".

Afinal, a vida é assim mesmo, ingrata e injusta e não há como fugir. “Ou há?” - perguntas tu em tom irónico, a achar que me confundes. Sim, há. Para além dos eléctricos, comboios, autocarros e metros, existem em Lisboa (e noutras cidades do País, deixa-te lá de vitimizações sem sentido) cada vez mais alternativas ecofriendly, como as bicicletas GIRA, que estão disponíveis tanto na versão clássica, como na eléctrica. Caso estejas com pressa, as scooters eCooltra são a tua melhor solução para te esquivares ao trânsito e, se por exemplo estiver de chuva e quiseres andar num transporte mais abrigado, ir de Uber - X ou Green - é sempre melhor do que andarmos aí cada um com o seu próprio carro, a poluir a atmosfera enquanto damos voltas e voltas à procura de lugar. Ah e também há soluções para quem vai viajar para fora da cidade - sim, estás a ficar sem desculpas! - como o Booking Drive, ou o Blabla Car, que te permitem dividir o carro com outras pessoas e, assim, dividir também os custos.

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Por isso, aproveita. Entra na onda – e, repito, não só durante esta Semana, mas a longo prazo. Sê mais verde. Na verdade, a Europa caminha para uma vida de menos carros, com bairros inteiros de cidades europeias a tornarem-se pedonais, com parquímetros cada vez mais caros, passes sociais cada vez mais baratos, redes de transportes melhor conectadas e autocarros e camiões do lixo eléctricos. Com tudo isto, será que ainda é tão necessário assim pegar no carro todos os dias? Ou sequer ter carro?


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