Filmes de um Verão que de tolo tem pouco

Em oito tópicos inspirados por títulos de filmes e uma série, demonstramos que o Verão deste ano será diferente. Bem-vindo a um conjunto de coisas sérias, que claramente envergonham o facto de sermos considerados o terceiro país mais pacífico do Mundo, atrás da Islândia e da Nova Zelândia.

O que se passou no roubo de material militar em Tancos, é gravíssimo e pôs a nu a fragilidade da "casa" que devia, mais do que ninguém, ser inatacável. O Jornal de Notícias de hoje, 5 de Julho, refere mesmo que há "falta de vigilância em todos os paióis do Exército". Relativamente à ocorrência no distrito de Santarém, a video-vigilância estava em baixo e, pelos vistos, se a segurança que faz a ronda tivesse apanhado em flagrante os assaltantes e tivesse necessidade de recorrer à força, teria as armas lacradas – com as balas impedidas de serem disparadas.

Pela aparente facilidade com que o saque aconteceu, é de esperar que tenha havido cumplicidade de alguém de dentro. A confirmar-se esta dedução, a palavra "marosca" não será virgem no meio militar - ver em baixo a alínea, "O Grande Hotel do Estado". Com a suspeita de que os autores (e o respectivo desfalque) já passaram a fronteira, os nossos parceiros europeus entupiram a caixa de emails do Ministério dos Negócios Estrangeiros com múltiplas e "explosivas" questões. Naturalmente, a preocupação é muita.

Título baseado no filme "Sexo, Mentira e Vídeos" (1989), de Steven Soderbergh.

Depois das palavras de Luís Bernardo, director da comunicação do Benfica, houve o sentimento geral de que a refutação das insinuações do FC Porto foi débil. Não desmentiu peremptoriamente a existência do correio electrónico mencionado pelo seu homólogo portista, Francisco J. Marques e, ao pedir a reabertura do Apito Dourado, fez com que ambos os casos se equivalessem.

Na primeira vez que falou em público sobre o sucedido, o presidente Luís Filipe Vieira, no meio de uma ou outra tirada irónica , disse que "todas as acusações são falsas e infundadas" e não se esqueceu do eventual "crime informático", que o rival nortenho possa ter feito. Confuso, no mínimo, o seu raciocínio. O facto de o discurso ter sido apresentado com vários deputados presentes é bastante questionável, pois pode ser entendido como uma (subtil) pressão se necessitar de ajuda a médio, ou a longo prazo.

Apesar de estarmos desconfiados quanto ao resultado efectivo da investigação civil e desportiva – como escrevemos aqui - , estamos muito curiosos para ver o que nos dão os próximos episódios de um filme que mete supostamente um "menino querido", vários "padres", bruxedo guineense e um sindicalista visto como "empresário de árbitros".

Título baseado no filme "O Estranho Caso de Benjamin Button" (2008), de David Fincher.

Ter um emprego no Estado por causa de uma cunha, é o pão nosso de cada dia. Com Carlos César, homem forte da cúpula socialista, parece ser uma feira de vaidades familiar. Aparentemente, são diversas as pessoas ligadas a si que conseguiram "safar-se" dentro da administração pública.

Recentemente, a desconfiança dos outros (media e das redes sociais) envolveu a sua sobrinha e mereceu do "gato fedorento" Ricardo Araújo Pereira, o sarcasmo de que, se calhar, todos os outros entrevistados teriam o mesmo apelido. A ser verdadeiro o poder desmesurado de César, parece que vivemos numa monarquia das bananas. O nome do indivíduo é tudo, o mérito é secundário e lá escorregamos, novamente, no circo do nepotismo.

Título baseado no filme "…E Tudo o Vento Levou" (1939), de Victor Fleming.

Há algumas semanas, escrevemos que a Santa Casa da Misericórdia poderia "entrar" no problemático Montepio Geral. Esta possibilidade adensou-se nos últimos dias e parece que o propósito de servir os mais fragilizados da sociedade vai mesmo misturar-se com os interesses da banca portuguesa. Agora, já sabes: de cada vez que fores apostar no Euromilhões, estarás a apoiar um mendigo e um banqueiro falido. É o que se chama de aposta esquizofrénica.

Título baseado no filme "O Amor É Um Lugar Estranho" (2003), de Sofia Coppola.

Foram dias negros em Pedrógão Grande e os horríveis factos deixaram imensas perguntas por responder. Uma delas prende-se com o serviço dado pelo SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) e a sua eficácia.

Noutra perspectiva, no texto "Um filme de terror chamado SIRESP", de Pedro Sousa Carvalho, publicado no site Eco, é descrito o papel de vários governantes para que este sistema fosse ganhando vida – através de personagens do Bloco Central -, com a habitual rede de "amiguismo" e os elevados custos financeiros para o Estado. Por isso, não espanta que o PS e o PSD tentem travar esta semana a denúncia do contrato no Parlamento por partes dos bloquistas (depois não querem que o povo diga que comem todas da mesma tigela…).

No rescaldo do incidente do mês passado, não se percebe a razão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, continuar "de pé". Se as 64 mortes resultantes do incêndio no centro do País, não servem de razão moral para pôr o lugar à disposição, o que será preciso acontecer para o assumir (indirecto) das responsabilidades? É verdade que a sua saída não resolve nada no imediato, mas, pelo menos, daria o sinal a quem sofreu perdas irreparáveis que há valores maiores do que mostrar consternação e tristeza em directo na TV.

Título baseado no filme "Sensibilidade e Bom Senso" (1995), de Ang Lee.

A presumível corrupção dentro das instituições do Estado é tanta que, às vezes, é difícil estar a par das "más novas". Na Segurança Social, a Polícia Judiciária (PJ) deteve funcionários que facilitavam a legalização de emigrantes no nosso país, ao manipularem os registos da base de dados. Na Forca Aérea – como podes ver, isto não anda nada bonito para os militares -, já são mais de 20 os detidos na "Operação Zeus". A PJ acredita haver "abuso de poder e falsificação de documentos na comercialização de géneros alimentícios nas messes".

Por último, o caso EDP tem mais um arguido. Chama-se Manuel Pinho (lembras-te do ministro dos "corninhos"?) e, numa de futurologia, queres ver que isto vai sobrar para o político a quem um jornalista perguntou, em tempos, se leu o livro que foi escrito com o seu nome? No surprises, como diriam os Radiohead…

Título baseado no filme "O Grande Hotel de Budapeste"(2014), de Wes Anderson.

A propósito da violência no desporto, em Maio último defendemos que o futebol, a política e os empreiteiros formavam "o ménage a trois perfeito dos favorecimentos". Alegadamente, Hermínio Loureiro, ex-presidente da autarquia de Oliveira Azeméis e actual vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, está implicado num processo ligado a este tipo de promiscuidade.

Estes fantasmas de "ontem" – quem é que na sua comunidade nunca ouviu falar destes "jogos perigosos"? - estão, infelizmente, longe de acabar e de ser um "ritual" exclusivo desta ou daquela entidade camarária.

Título baseado no filme "Regresso ao Futuro" (1985), de Robert Zemeckis.

Em entrevista à agência noticiosa internacional, Bloomberg, o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, teceu considerações polémicas (as usual…) sobre o mercado de transferências no futebol.

Além de salientar que há ""fraude e corrupção" nesta área, em Portugal, revela que é "muito fácil roubar dinheiro a um clube". Sem apoiar o seu pensamento em dados concretos, o líder leonino soou a Octávio Machado – com quem anda de candeias às avessas -, ou seja, faltou só rematar com a conhecida passagem, "Vocês sabem do que estou a falar".

Título baseado na série televisiva "Crime, Disse Ela" (1984-1996), com a actriz Angela Lansbury.