A voz profunda de Peter de Cuyper é inconfundível. A malha sonora tricotada à base de blues, soul e funk é irrepreensível. Os Barry White Gone Wrong podem não ser a banda mais original do Universo, mas sejamos sinceros, estamos em 2019 e originalidade não é propriamente uma tendência, nem muito menos uma must have commodity. Há quem queira que pensemos que sim. mas, não. Na música, como em tantas outras áreas da cultura contemporânea (para além da memória), o que interessa hoje é o que se transmite, como se transmite e de que forma é que o que se transmite tem impacto em quem recebe. E, no caso da banda luso-belga, esse impacto é, habitualmente, estrondoso, perene e intenso.
Com “She Loves A Singer” – mais recente single extraído do novíssimo álbum, Done (depois de “Anonymous Believers”) e cujo vídeo realizado por Pedro Gonçalves, podes ver acima – não é diferente. Espécie de balada de fim de noite, impregnada de fumo de cigarros e copos largos de whiskys tragados à velocidade da luz em bares do Cais do Sodré (circa anos 90), “She Loves A Singer” é uma canção a preto e branco. Clássica. Perfeita na sua cadência bluesy, viciante na sua sensualidade soul, inabalável na sua estrutura de pouco mais de 3 minutos e 30 segundos.
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E depois, bem, depois há o veludo vocal de de Cuyper. Imersivo, reconfortante, suave, como um sofá onde primeiro te sentas, depois te deitas e de onde não queres sair a não ser que te ameacem de morte. Deixas-te envolver, deixas-te abraçar, deixas-te ir sem pensares em mais nada. No seu todo, os Barry White Gone Wrong têm esse dom. Podem não ser a banda mais original do Universo, mas lá está, estamos em 2019, preferes falsa originalidade ou intensidade verdadeira?
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