“Um piano, um respirar colectivo e a vontade de ser um Super-Herói, imortal”. Posta assim, a premissa de André Júlio Turquesa para o tema que nos antecipa Orgônio – álbum que nos chegará aos ouvidos via Planalto Records ainda este ano – parece “simples”. Só que não. De “simples”, “Super-Herói” (cujo vídeo realizado por Katharina Leppert podes ver acima e que podes encontrar já disponível no Bandcamp) só tem a forma como nos arrebata à primeira. Sem esforço. Sem dúvidas.
A honestidade melódica e vocal de André Júlio Turquesa, antes conhecido como de Turquoise, é desarmante. De uma linha de piano meio vagabunda, “Super-Herói” cresce para uma daquelas canções de construção e sentimento pop que não queremos que acabem. “Eu não sou actor, mas danço / Não sei mentir, mas finjo”, canta Turquesa. E não é exactamente essa superação que esperamos de um Super-Herói? Ou de nós próprios, já que falamos disso. Fingimos existências, dançamos sem sentimento. Só porque sim. Se ninguém nos salva, fazemos merda até ao fim dos dias.
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E é precisamente para nos salvar, que se fazem canções como “Super-Herói” – que foi gravada por João Figueiredo e conta com a colaboração de João Hasselberg, Ricardo Coelho e Joana Jorge. É para isso que Júlio André Turquesa cria “sem olhar a meios, mas abusando deles, numa busca selvagem pelo que há de mais intenso nas memórias, influências, referências e suas constantes conjugações”.
“Super-Herói” pode ser uma canção cheia de “vozes e de instrumentos, de sonhos, pesadelos e de uma imortalidade auto-apregoada”, como diz o compositor e multi-instrumentista. Mas, ao fim do dia, é acima de tudo, “apenas” isso, uma canção de uma beleza à beira do precipício, de uma desilusão contra a qual se quer lutar até ao fim das forças. Turquesa luta e ganha.
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