Com Kopernikus, álbum lançado em Março, os Paraguaii mudaram. Cresceram, talvez fosse uma definição mais certeira se não fosse meio paternalista. E se há coisa de que Giliano Boucinha (guitarra, voz e synths) e Zé Pedro Correia (synths e baixo) não precisam é de paternalismos. A música da dupla vimarenense é agora mais densa, mais sólida, mais assertiva. Substantiva até.
Mas, se no tema que antecedeu a edição do disco, “Wild Horse“, o tom era, no geral, sombrio e a temática emaranhada “no negrume, no peso dos dias e num olhar desassombrado sobre o futuro”, neste segundo single, “Fat Boys” – cujo vídeo realizado pela própria banda podes ver acima -, somos atirados directamente para um cenário de festão pós-apocalíptico num deserto à la Mad Max. Linha de baixo explosiva, sintetizadores sujos, riff de guitarra pesado, mas tudo conjugado de uma forma tão fluída que aos primeiros segundos começas a abanar o ombro, depois o pé, a anca e ao minuto e 15 já estás em dança desenfreada. Tu cá em baixo entre dois desfiladeiros de pedra, os Paraguaii lá em cima, num palco natural improvisado numa caverna escavada na rocha. Estás a ver a coisa, certo?
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“Fat Boys” é uma história de sedução e sexo, “um convite para uma união de corpos, numa aventura sexual indefinida”, explicam Boucinha e Zé Pedro Correia. E acrescentam: “O mote é a sedução, o desejo intrínseco que nos une como humanos e habitantes deste lindo Planeta”. Um desejo, concluímos nós, ainda mais importante quando a humanidade de tiver de recomeçar. Livre, sóbria. Tal como a personagem do vídeo, “sem tabus, livre de preconceitos, a expressar-se livremente nas águas de uma piscina abandonada. Sem emoções erradas induzidas pela sociedade”. A aceitar ser racional, mas também animal.
“É esse o maior desafio do quotidiano. Viver entre a realidade e o senso comum que nos é imposto pelos media”, dizem os Paraguaii. Em “Fat Boys” os músicos de Guimarães respondem ao desafio com sensualidade, potência rítmica e uma vontade de recomeçar tudo outra vez, do zero, dos escombros de um Mundo transformado em pó. E tu? Vais conseguir recomeçar tudo outra vez?
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