EXCLUSIVO! Os Galo Cant’Às Duas dobraram o “Cabo da Boa Esperança”… e mudaram de Planeta

Galo Cant’Às Duas foto promocional do disco Cabo da Boa Esperança

A esta altura do campeonato, uma coisa podemos dar já como garantida: os Galo Cant’Às Duas são uma entidade mutante e esperar que façam a mesma coisa uma e outra vez é uma perda de tempo. Nascidos, como eles próprios salientam, “de um encontro de artistas em meio rural”, Hugo Cardoso e Gonçalo Alegre criaram as raízes do Galo numa jam/concerto em duo, com recurso a bateria, percussões e contrabaixo. Queriam explorar sons e texturas sem qualquer preconceito. Saíram da experiência com quatro mãos cheias de “texturas, densidades, dinâmicas, respirações e silêncios”. Um mês mais tarde estavam fechados numa sala de ensaios a compor.

Daí resultou Os Anjos Também Cantam, primeiro disco – em formato EP – dos viseenses. Um turbilhão psicadélico, supreendente. “Passado, presente e futuro, a colidirem numa mesma linha temporal sonora, com um único objectivo: ‘Levar-nos a lugares cada vez melhores’. (…) Cerebral, intenso, construído entre camadas de percussão e instrumentos de cordas numa espécie de pós-rock que quer ser space rock sonhador, cósmico, visceral também, o som do duo de Viseu vai ganhando consistência a cada audição”, escrevemos em 2017. Focado, pop, seguro, concreto, estruturado, narrativo, harmónico, melódico, surpreendente, escrevemos agora.

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E este “agora” diz respeito a “Sobre um Tanto Medo” (vídeo acima), primeiro single de Cabo da Boa Esperança, álbum que chegará a 18 de Janeiro de 2019, envolto num frenesim de antecipação que, garantimos já, de descabido não tem absolutamente nada. Os Galo Cant’Às Duas entraram numa das portas do universo paralelo que criaram em Os Anjos… e saíram do lado de lá brilhantemente diferentes.

Gravado em Agosto último no Carmo’81, em Viseu, com a produção e mixagem a cargo de Nuxo Espinheira e masterização de Andy Vandette, Cabo da Boa Esperança tem na introdução da palavra uma espécie de virar de página, mas não só. A estrutura de cada tema é agora assumidamente a do formato canção, mais clássica, mais directa, mas nem por isso menos cativante ou menos contemplativa.

E “Sobre Um Tanto Medo” não podia ser um melhor exemplo disso. Há por aqui um beat contagiante, que conduz as frases melódicas por territórios oníricos e espirituais, como há também guitarras cristalinas a disparar-nos directamente para os picos gloriosos de uma “Fascination Street” com que os Cure nos faziam sonhar acordados em 1989. Não queremos que acabe. Mas, depois, a coisa adensa-se. Mergulhamos em novos timbres, em repetições e memórias de ritmos passados. Os Galo do presente já estão no futuro sem deixarem cair o passado.

“Para uma banda que pensava muito no universo, agora a reflexão é mais centrada em qual é o seu lugar no mesmo”, dizem os dois galos. Também se dizem “alinhados com os astros”. E, depois de escutas on repeat de “Sobre Um Tanto Medo” e as suas duas melodias e dois espíritos, “da ânsia de descobrir, ao medo de ser descoberto”, não temos a menor dúvida: se eles estão alinhados com os astros, naqueles dias de Agosto no Carmo’81, os astros também se alinharam para darem as boas-vindas a esta nova vida dos Galo… num Planeta diferente.

Para o próximo dia 28 de Dezembro está marcada uma festa de pré-lançamento de “Cabo da Boa Esperança – que sai a 18 de Janeiro -, intitulada “Cantar de Galo”. O evento decorre no Carmo’81, em Viseu, com o percussionista João Pais Filipe como convidado.


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