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Música

Não vi um único coma alcoólico no SBSR

O pessoal estava meio mole no primeiro dia de SBSR.

Apesar de ficar a meia hora de Lisboa, há qualquer coisa libertadora e exótica no Meco. Porque é que acham que há tanto nudismo? Acho que se podia montar uma Ibiza aqui na zona: traziam-se os betos todos e trocavam-se as caipirinhas por drogas para dançar. Se estão a ler isto abram os olhos, basta querer. Podemos tornar o Meco numa espécie de Vilamoura do fixe.

Quando chegámos, eu e o Meireles (o fotógrafo), para o primeiro dia os Salto já tinham tocado, mas não faz mal porque ouvimos na rádio. Foi mais ou menos. Se calhar soou melhor ao vivo — quando se ouvem estas coisas em directo, na rádio ou na televisão, parece sempre que metem um filtro qualquer para soar tudo a lixo. A policia à procura de "cenas". Festivaleiros da Velha Guarda, os únicos que se sabem divertir. Depois quando cheguei mesmo ao festival os Salto já estavam a soar muito melhor, mas afinal eram os Capitão Fausto.  Eles são fixes, a sério, mas não em termos de roupa: parecem alunos de uma escola de artes que ainda não descobriram muito bem o que é ser alternativo (nenhum deles tinha sequer túneis, mas alguns tinham barbinhas). Têm olho para o marketing: lutam tanto pelo público mais novo, o mais natural, como pelo mais velho, aquele que pensa que é o Fausto Bordalo Dias que vai tocar. Uns usam dois relógios, outros usam três chapéus. É apenas moda. Ya meu, esses auscultadores vão dar mesmo jeito num festival de música. Ignorei totalmente os Bloc Party (nada contra) para ver duas das bandas/artistas mais fixes do festival, os Alabama Shakes e o Dâm-Funk. Os primeiros eram das banda com mais burburinho do festival e quem perdeu o concerto devia serntir-se mal (não é preciso desmaiar, basta ficarem terrivelmente arrependidos) porque eles fizeram justiça ao hype e deram um concerto do caralho. Depois esteve a tocar o gajo mais fixe de sempre (logo a seguir ao Snoop Dogg e ao meu pai) — o Dâm-Funk. Foi incrível! Trouxe a banda e tudo. Foi o concerto com mais membros de outras bandas na assistência. Espero que tenham aprendido alguma coisa. Parecia que estávamos a entrar noutra dimensão: passaram uns vídeos meio espaciais e a música hipnotizava tanto que te questionavas se a tua bebida não estaria minada (estava, não estava?). Quando eu era miúdo, Incubus era a banda preferida das mulheres. Andava eu no secundário e não tinha nenhuma amiga que, havendo oportunidade, se recusasse a ir para a cama com o Brandon. Até existe a história, uma lenda urbana, que alguém da crew deles, aqui há uns anos, num concerto em Portugal, ofereceu pulseiras para o backstage às miúdas mais giras. Uma rapariga da minha escola, a Joana, foi lá e acho que curtiu bué. Não sei o que fizeram com ela, mas na minha cabeça foi o mesmo que na vossa. O público-alvo dos Incubus. Não dá para censurar os tipos. O gajo é todo do rock, até faz corninhos com os dedos! E eles estiveram inspirados! Pensava que não ia conhecer nenhuma música para além da “Drive”, mas afinal ainda me lembrei de umas quantas. O clima foi ficando tão meloso com o passar das músicas que até estranhei não ter havido uma proposta de casamento — o máximo que vi foi um gajo com as mãos dentro das calças de uma amiga. Ele nem as conhecia, foram unidos pelos Incubus. Só não fiquei mais tempo a ver porque estava a tocar uma banda que eu curto não-ironicamente, os Battles. Aquilo é tipo kizomba tocado por gajos das belas artes. Parece que tocam ao calhas, mas fazem altos ritmos. Um deles toca tudo, guitarra e sintetizador ao mesmo tempo. Enfim, valia tudo. Esperem só até haver transplantes de braços. Ganhou o prémio de concerto da noite. Bem, trocaram o pó pela erva e o pessoal parece que ficou todo mole. Muito do pessoal foi dormir depois do concerto de Incubus. Estão fora de casa e vão-se deitar cedo? O que é que aconteceu à juventude rebelde? Onde estão os jambés? Não vi nem um único coma alcoólico. Aliás, só apanhei uma pessoa a vomitar! Onde estava o “carpe diem” e a irresponsabilidade juvenil? Acho que também estou a ficar velho. Fiz birra e fui beber uma cerveja para a Zona VIP. Estive a ver os Hot Chip à beto, de uma varanda que lá há. Hot Chip também foi alta cena. Era tanta gente em palco que parecia um concerto de uma banda ska… … ou os Slipknot. Esses também eram muitos. Fotografia por Bruno Meireles