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Finalmente: um padre que incentiva o sexo oral

E até publicou um livro.

É muito reconfortante encontrar um cristão que consegue falar sobre sexo de uma maneira normal e credível. Vejam, por exemplo, o pastor Mark Driscoll que escreveu o livro Casamento Real: A Verdade Sobre Amizade, Sexo e a Vida em Conjunto, um manual sexual cristão disfarçado de guia de casamento que anda a moer a paciência a toda a gente nos últimos tempos. Os evangélicos estão assustados com o livro do pastor Mark e não é apenas por aprovar uma foda bem dada, mas também por falar sem complexos de espanholadas, role-playing, sexo anal e oral frequente ou brinquedos sexuais. Deve dizer-se, contudo, que as bênçãos do pastor só abrangem relações heterossexuais. Os liberais também estão enojados, mas pela razão oposta: acusam o pastor Mark de usar versos bíblicos para justificar a sua visão chauvinista de complementaridade entre géneros. Como muitos outros rufias atordoados por cocaína, acho dificíl prestar atenção aos guinchos justiceiros de alguém religioso por mais do que uns segundos sem bloquear, mas o tomo do pastor Mark prometia boas leituras e melhores risotas. Começa com a promessa, para as iniciantes, de que as suas palavras irão causar um inchaço incontrolável do clítoris, desde que não se tenha uma assinatura por cabo: “Se és mais velho, com um historial religioso altamente conservador, vives longe de uma grande cidade e não passas muito tempo na internet/não tens televisão por cabo, o mais provável é que queiras ler este capítulo sentado.” Assim, depois de colocar a música e a roupa interior adequadas, penetrei no meu (Kindle e-)livro. O primeiro obstáculo: tentar perceber quem raio é que era suposto estar a falar. Na primeira metade do livro, o pastor Mark e a sua mulher Grace falam, alternadamente, da sua vida sexual conjunta — mas, em vez de cada um ter a sua vez, tipo, em capítulos alternados, é alta confusão porque falam a uma só voz na primeira pessoa do singular como uns esquizofrénicos siameses. Para se distinguir o ponto de vista do narrador, os nomes aparecem em parêntesis, o que resulta em frases do género: “Eu (Mark) gostava de fornicar. Parar de fornicar não foi divertido.” Ou, logo depois: “Eu (Grace) não percebia completamente a natureza do meu pecado e a necessidade de Jesus morrer pelos meus pecados.” Estão a ver a cena? Continuando. A Grace é mesmo aborrecida e basicamente só se queixa da sua infância ter sido uma merda, o que só é relevante por ela ter aprendido a mentir e nunca ter dito ao Mark que o traía no secundário (quando ele descobriu isso, num sonho que teve anos mais tarde, instalou-se alto 31). O pastor Mark, por seu lado, “mentiu sobre a sua idade, falsificou a certidão de nascimento, comprou um carro para ir trabalhar para uma loja de conveniência (junto a uns bares de strip) onde vendia licor, preservativos, porno, e álcool etílico a drogados” quando tinha 15 anos — coisa de super rufia Então, depois de conhecer um pastor bem macho que tinha cumprido o serviço militar, gostava de caçar e pinar, mas não era, como a maioria dos padres cristãos, um “gay alcoólico”, o Pastor Mark decidiu reformar a pila e parar de fazer sexo com a Grace — o que, perceberia mais tarde, é um tremendo aborrecimento, por isso não demorou muito a mudar de ideias, revertendo a decisão para tentar recuperar o tempo perdido. No entanto, Mark descobriu que nem tudo é divertido quando a tua mulher é um pão sem sal como, por exemplo, daquela vez em que Grace pôs “as necessidades de mãe à frente das de esposa” e decidiu ir ao cabeleireiro em vez de ir buscar o material de flagelação. O casal acabou por conseguir resolver os seus problemas depois de Mark descobrir que a inadequação sexual de Grace era causada por um incidente traumático do passado. “Numa escala de um a dez", conclui orgulhosamente o pastor, “diria que o nosso casamento está algures entre um oito e um nove, quando aqui há uns anos não passava de um três ou quatro.” Classificação: quatro dildos. O pastor Mark é o pastor mais fixe de sempre e tem verdadeiro street cred. Custa a crer que ele tenha as bolas necessárias para publicar conselhos para casais tão honestos. Do género: como é que uma mulher deve tirar as calças ao marido para lhe chupar a pila enquanto murmura: “Sou uma mulher arrependida." Só não percebo que se tenha esquecido de mencionar a parte em que o tipo lhe enfia com tanta força que no dia seguinte ela nem consegue falar — mas provavelmente já estou a pedir muito.