Esse site prova que entrar na Berghain é mesmo quase impossível

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Esse site prova que entrar na Berghain é mesmo quase impossível

O site “Berghain Trainer” simula os critérios de seleção (que, como sabemos, não existem) para entrar no mais seleto club do mundo. Óbvio que ninguém da redação conseguiu entrar.

Qualquer um que já tenha ido à Berghain em Berlim lhe dirá: não me deixaram entrar. A boate é mais famosa por sua política de entrada do que por qualquer outra coisa, funcionando como um tipo de clube exclusivo frequentado por uma indefinida elite. O principal leão de chácara da boate, Sven Marquardt, não tentou esconder o quanto as credenciais de entrada eram difíceis de obter e inespecíficas, afirmando que qualquer um, desde um advogado de terno até um grupo de "caras vestindo máscaras", poderia ser a pessoa certa, mas que, da mesma forma, um techno-head todo vestido de preto, seguindo o figurino à perfeição, poderia ter sua entrada recusada sem qualquer motivo claro. O tipo indefinível de pessoa, que só saberá se é boa o bastante depois de entrar, é avaliado na entrada com algumas perguntas simples, e depois tem sua entrada autorizada ou — o mais provável — é convidado a dar meia volta e ir para casa.

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Faz sentido, então, dada a dificuldade de vencer essa barreira, que um pouco de prática ajudaria. E é provavelmente por isso que um novo site chamado "Berghain Trainer" está mostrando ser um teste muito bem-vindo para todo mundo que tem esperança de um dia entrar na boate. O site usa a sua câmera e microfone para analisar sua linguagem corporal e voz, antes de colocá-lo diante da equipe que administra a porta e que lhe faz três perguntas. O interrogatório, que pode ser sobre qualquer coisa, desde sua idade até quem está de DJ naquele dia, é então usado para avaliar se você tem ou não permissão para entrar.

Você pode fazer o teste no link acima. A gente pediu a todo mundo que estava em volta da nossa mesa que fizesse uma tentativa, e eles ainda estão tentando e fracassando de novo e de novo, num ciclo infinito. Eis as tentativas:

Josh Baines, Editor do Thump UK

Já estive antes na Berghain. Uma vez só, na verdade, e mesmo assim numa viagem de imprensa, então consegui passar reto pelo Sven e pelos outros rapazes, e fui imediatamente até o jardim para entornar copos de prosecco com outros jornalistas zurrantes e também com o Bernard Summer, do New Order, que parecia muto cansado. Foi uma noite legal, mas não foi uma experiência autêntica, muito longe disso.

E deve ter sido por causa disso que senti um pouco de pânico e de nervoso na hora de me colocar na frente do porteiro digitalizado que estava olhando feio para mim pelo meu navegador. Normalmente quando me perguntam a minha idade, tenho bem certeza de que digo o "26" meio segundo depois de a pergunta ter sido feita. Dessa vez, por motivos que só meu futuro analista poderá descobrir, me deu um branco. Segundos se passaram. O silêncio pesou no ar. "Vin… vinte… e seis?" Zero reação do leão de chácara. Ele então me perguntou quem eu tinha vindo ver. Mais uma vez o pânico tomou conta. "Ben… Klock", grasnei. Ele ainda imóvel. O último item daquele interrogatório de Powerpoint foi um seco: "De onde você vem?" "É… Londres."

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Não consegui entrar.

Meu avatar, desanimado, voltou pelo caminho enlameado nos fundos da boate.

Eu fracassara.

ESSA NOITE NÃO

Emma Garland, Editora Assistente do Noisey

Acho que ele me rejeitou porque eu disse que estava sóbria. Com certeza foi por isso. E não porque eu disse que ele deveria me deixar entrar porque eu sou cool.

ESSA NOITE NÃO

Ryan Bassil, Editor Adjunto do Noisey

Nunca estive na Berghain, então aproximar-me do monastério techno foi uma coisa intimidante. Não haveria nenhuma caminhada da vergonha, já que essa versão da casa noturna de Berlim ficava por trás da tela fosca do meu notebook; contudo, se os traços harmônicos do meu rosto e a qualidade monótona da minha voz não conseguissem aplacar nem os seguranças mais artificiais, que chance teria eu na vida real? Enquanto me arrastava por uma noite estranhamente vazia no santuário dos bacanais regidos pela dance music, era esse medo que eu sentia ruminando nas regiões baixas das pernas umedecidas da minha calça. Será que eu entraria e passaria a tarde dançando o tuntz-tuntz junto com caras chamados Sven? Ou deveria aceitar que sou mesmo um idiota? Acabou que deu a segunda opção. Fui jogado fora, recusado, rejeitado. Acho que esconder-se atrás de uma tela de computador não pode mudar quem você é por dentro, né?

ESSA NOITE NÃO

Joe Zadeh, Editor do Noisey

Disse a ele que eu era iraniano para dar uma apimentada nas coisas, e ele me recusou na maior. Deve ser racista.

ESSA NOITE NÃO

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Mitchell Stevens, Editor Social

Como alguém que na verdade não tinha dormido muito num feriadão que foi bastante pesado, a tarefa à minha frente era muito mais estressante do que eu estava preparado para enfrentar numa falsa manhã de segunda-feira. Nunca fui à Berghain, mas imaginei que entrar ali seria muito parecido com um primeiro encontro: diga o exatamente o que o outro quer ouvir, e ele que depois se arrependa de haver acreditado em você.

Depois de perguntarem se aquela era a minha primeira vez ali, minha reação imediata foi dizer não — eu não queria parecer um loser novato na frente de todos os meus possíveis novos parças virtuais alemães. Quando perguntado se eu sabia quem estava se apresentando, minha mente mais uma vez entrou em modo de reação rápida, e respondi o primeiro nome que me veio à cabeça no contexto da Berghain – Ben Klock. Isso apesar de eu nunca ter ido à Berghain ou visto Ben Klock. Em terceiro lugar, ele me perguntou de onde eu vinha; pergunta bem simples. Todo mundo adora Londres, certo?

Errado. Fui retirado da fila, com nada além de meu bizarro sentimento de humilhação e o som oco de Ben Klock (talvez) ribombando pelas paredes externas da boate. Bem, eu pelo menos deixara uma garrafa de cerveja meio vazia para pegar no caminho de volta.

ESSA NOITE NÃO

Angus Harrison, redator do NOISEY

Tipo isso é sacanagem certo, porque já entrei na Berghain antes na vida real. Sim, isso talvez tenha acontecido quatro anos atrás, e sim, talvez tenha sido porque o cara com qyen eu estava falava alemão, e sim, talvez tenha sido também porque ele disse ao porteiro que eu era o James Blake, mas a questão é que eu consegui entrar. E é por isso que quando esse cretino me diz que não posso entrar, posso decretar com segurança que todo esse teste não passou de um desperdício de tempo. Sei que mereço entrar na Berghain. Certo? Certo, seu monte de pixels? Quem é você na real? Não é o Sven. Você não é nem o leão de chácara favorito da Berghain. Quem é você? Isso é uma piada.

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Rapidão, vou ali tentar outra vez.

ESSA NOITE NÃO

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Tradução: Marcio Stockler

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