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BD

Halloween: seis BDs para borrares a cueca

Meu, fica à tua responsabilidade.

Spread do 1.º volume do The Drifting Classroom do Kazuo Umezu. Como hoje é o dia mundial do Halloween e eu gosto muito de Bêdê, vou partilhar com vocês alguns títulos que são fixes para borrarem essas cuecas (como sabem, os fluídos que libertam dependem dos vossos consumos, não me responsabilizo por nada). Parto do princípio que a grande maioria das pessoas que curtem Bêdê saibam que o Junji Ito é o mestre do manga de terror moderno, que existe o Hellboy, os infindáveis títulos da EC Comics, o Swamp Thing do Alan Moore, o terror-erótico-escatológico do Suehiro Maruo e essas merdas. Com isso em mente, estas são as minhas sugestões para um Halloween como deve de ser. The Drifting Classroom [Hyōryū Kyōshitsu]
Kazuo Umezo
Viz Media Uma das muitas obras-primas desse grande mestre do manga de terror que é o Kazuo Umezu. Editado entre 1972 e 74, conta-nos a história de Sho Takamatsu, um puto do 6.º ano que vai para a escola todo chateado com a mãe. Até podia ser um dia normal como todos os outros, mas misteriosamente a escola é transportada para um mundo hostil. A história relata a sobrevivência dos alunos e professores enquanto estes se matam uns aos outros, lutam por comida, ou então são simplesmente chacinados por mutantes. Tem cenas fortes, como a parte em que vemos um puto de dez anos a ser crucificado e queimado. Entretanto, são feitos relatos do desespero da mãe do Sho a tentar descobrir para onde foi a escola. Tem algumas partes que puxam a lagrimita. Apesar de haver muita violência e muito suspense pelo meio, estamos a falar de Manga Shounen e a partir de certo um volume sofre da doença do “coisas-aleatórias-a-acontecer-para-render-o-peixe”. Fora isso, tem tudo que uma obra-prima de terror deve ter. Até putos a serem comidos vivos por térmitas mutantes. São 11 volumes. Prison Pit
Johnny Ryan
Fantagraphics Após anos a fio a fazer tiras do fim do mundo cheias de pichas, patarecas, e piadas que deixam qualquer pessoa politicamente correcta fodida — Angry Youth Comix, ou até mesmo tiras para a VICE —, o Johnny Ryan dedicou-se àquela que se pode dizer que é a sua obra-prima. A história anda à volta do Cannibal Fuckface, um gajo (?) que logo no início do primeiro livro é atirado para o Prison Pit, uma zona para onde toda a escumalha vai. Segue-se uma aventura hiper-violenta, com algumas piadas escatológicas pelo meio, ou não fosse um livro do Ryan. Tem aquele que é provavelmente o melhor mauzão da história da Banda-desenhada: Rottweiler Herpes. É uma boa saga para quem curte sangue por todo o lado. Ainda não acabou, e tresanda a obras tipo o Berserk do Kentaro Miura. Dororo
Osamu Tezuka
Vertical Inc. Gegege no Kitaro é um manga da autoria do Shigeru Mizuki. As personagens e histórias andam à volta de criaturas do Yōkai, isto é, folclore japonês. Como o manga tinha algum sucesso e o Tezuka não gostava de ficar atrás dos seus disciplos (Mizuki foi um dos assistentes do Osamu e tudo), fez este manga. Na altura teve grande impacto porque em 1967 o gajo era conhecido pelas cenas fofinhas que fazia. E apesar das personagens terem um aspecto fofo, toda a história é muito macabra, por exmplo, o Hyakkimaru é um gajo a quem todos os seus orgãos foram oferecidos a 48 demónios. Munido de próteses assassinas (braços que são katanas, pernas que são caçadeiras) vai em busca dos demónios espalhados pelo Japão medieval e recuperar o seu corpo. Pelo caminho conhece o Dororo, um puto ladrão que acaba por se tornar seu aliado. A história está repleta de criaturas da cultura japonesa, com muitos demónios e cenas do oculto. Como se passa no Japão medieval, a coisa acaba por ter um ar mais macabro (isto para além de ser uma das primeiras histórias ultra-violentas do Tezuka). E claro, como todas as obras do Deus do Manga, lida muito com as relações entre humanos e o quão merda podemos ser. Tem das páginas mais bonitas que alguma vez vi. Doom Mountain #1
Zé Burnay
Edição de autor Um conjunto de Bêdês na onda clássica da EC COMICS. O ponto alto aqui é o primeiro capítulo da história DOPEMAGEDDON: um misterioso meteoro cai no Texas e transforma todos em mutantes de erva. Claro que a história tinha que envolver heshers, stoner metal e merdas dessas. O resto das histórias são mais do oculto e não andam tanto à volta de homenagens a filmes de série B (Cabra Cósmica é uma curta recente que o próprio Zé produziu). No fundo o Zé mete-me nojo. Só por ser um gajo cheio de talento com quem tenho o prazer de conversar e trabalhar volta e meia. Agora anda a fazer Witch Gauntlet que tem ainda mais potencial para estar nesta lista mas ainda não foi editado. Entretanto já fazias era um segundo número, foda-se! Lychee Light Club [Litchi☆Hikari Club]
Usamaru Furuya
Vertical Inc. O Usamaru Furuya ficou tão marcado por uma peça de teatro do Tokyo Grand Guignol que decidiu adaptá-la para o formato manga. O mais engraçado é que quem fez o material promocional de tal espectáculo foi o Suehiro Maruo. Este manga é uma homenagem a esse grande mestre do terror. A história anda à volta de um clube de nove chavalos de 15 anos que procuram criar uma máquina (um ciborgue mais propriamente) alimentada por líchias. No fundo, falamos de uma conspiração que anda à volta da paranoia do líder do grupo, Zera. Todo o imaginário das personagens leva-nos um bocado ao homoeroticismo de certos grupos políticos de heteros-ultra-masculinos. A única diferença é que aqui a homossexualidade nem sempre é reprimida. Se gostam de suspense e violência tanto emocional como gráfica, vão sentir-se em casa. É preciso ter medo dos Peter Pans desta vida. Strange Embrace (& other Nightmares)
David Hine
Image Comics David Hine é um daqueles grandes argumentistas da banda-desenhada que já chegou a ilustrar Bêdê antes de escrever para a Marvel ou ter escrito essa grande obra que é o The Bulletproof Coffin (desenhada por Shaky Kane). Estávamos nós em 1993, quando saiu pela TUNDRA UK esta mini-série. Na altura não teve grande sucesso e o Dave ficou deprimido e nunca mais voltou a desenhar BD. O que é um bocado parvo porque este livro para além de ter umas ilustrações brutais, tem uma história de arrepiar a espinha. O enredo é negro, envolve elementos sobrenaturais, bizarros, com acontecimentos de grande perversidade sexual. A personagem principal tem uma grande obsessão com artefactos africanos. Deixem-me aconselhar-vos a edição da Image que tem umas histórias extra. As cores e o lettering desta reedição até estão fixes, mas quem prefere uma ambiência mais crua pode sempre tentar arranjar a versão original a preto-e-branco. Uma das obras de terror mais brutais que já li. Um verdadeiro soco no estômago. Foda-se até vou reler. Divirtam-se.