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Razões por que Paris É o Pior Lugar do Mundo

Caras babacas, poluição, garçons mal-educados e muita especulação imobiliária. Esses são alguns dos motivos para não curtir Paris.

Foto por Basile Hémidy.

Meus amigos encheram muito meu saco quando disse que queria me mudar da casa dos meus pais no centro de Paris. Nenhum deles, nem o mais racional, conseguiu entender por que eu preferia alugar um apartamento barato e espaçoso no subúrbio a morar numa espelunca apertada no centro da cidade.

Talvez eu não esteja interessado nas mesmas coisas que eles. Eu sei que estar sempre pisando em cocô de cachorro e desviando da bajulação de gente chata em lua de mel é chique e sofisticado para certas pessoas. Mas tem outras coisas que eu gostaria de fazer além de ser cosmopolita, como não precisar depositar todo meu sustento na conta bancária do meu senhorio nas Bermudas todo mês.

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Sim, algumas coisas redimem a cidade: tem um pouco mais para se fazer no centro e adoro os prédios haussmanniano da Rua de Rivoli. Mas são só prédios – que se foda. E eu tenho Street View no meu celular.

Paris é o pior lugar do planeta. E aqui vão os motivos:

Foto via Flickr.

CARAS PARISIENSES

Quando eu era mais novo, eles eram chamados de “chachas”. Hoje, eles são chamados de “bobos” (que quer dizer bougeois bohème). Mas a mudança de nome não importa: eles continuam sendo os mesmos babacas, capazes de estragar uma festa na casa de alguém criticando as escolhas de moda de um estranho, mesmo que eles se pareçam um pênis não circuncidado com a cabeça saindo de camadas de lenços estampados.

Quem é turista pode reconhecê-los como a única raça de idiotas que, quando você pede uma informação, sorri como se você tivesse confundido APC com YMC – ou outro engano similarmente vergonhoso – e depois te ignora completamente.

MINAS PARISIENSES

Eu queria evitar fazer generalizações sobre o sexo oposto da cidade, mas o problema é que a maioria das generalizações – que elas são arrogantes, mal-humoradas, chatas e gatas – são verdade. Sério, é tipo a Kristen Stewart, no meio da Galeria dos Espelhos, te explicando o regime dela.

CARROS

Você curte arriscar a vida de forma consciente toda vez que atravessa uma rua? Desapontado com a falta de emoção e perigo numa jornada de três minutos de carro? Venha para Paris! Os motoristas nem piscam para coisas pequenas (como leis de trânsito ou a vida de pedestres) quando existe a menor possibilidade de engatar a segunda marcha. O resto do tempo, prepare-se para ficar atolado o dia inteiro nos congestionamentos.

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POLUIÇÃO

Considerando como é completamente inútil ter um carro em Paris, você poderia pensar que alguém teria a brilhante ideia de proibir os carros fumacentos e substituir o pelotão de Peugeots por bondes movidos à energia solar ou ônibus híbridos. Mas não. Na verdade, as emissões de poluentes aqui ultrapassaram um novo limite em março, e agora a qualidade do ar rivaliza com a de Pequim, uma das cidades mais poluídas do mundo.

Foto por Melchior Tersen.

CHÂTELET-LES HALLES

O tanto de tempo que você passa nesse enorme shopping/cinema/estação de metrô é um bom jeito de saber o quanto sua vida é uma merda. Claro, a menos que você realmente goste de ter que ficar dando cigarros para moleques de 16 anos vestidos como um Lil Wayne pós-Trukfit, aí fique à vontade.

A NOVA PARIS

O que está acontecendo em Paris é a mesma coisa que acontece em qualquer outra cidade grande: as pessoas querem mudar para áreas mais dilapidadas porque elas são mais legais. Mas, em pouco tempo, desenvolvedores mercantilizam o bairro inteiro, subindo o aluguel de gente que morava ali antes dos estudantes de arte chegarem e convertendo todas as propriedades antigas charmosas em clones de concreto para banqueiros e pessoas que gostam de falar sobre quanto gastam em vinho por semana.

Para quem continuou aqui, é quase impossível morar em Paris sem sublocar um quarto (o que é ilegal) ou sem ter um emprego com salário de seis dígitos (o que ainda mais difícil hoje em dia). Quem decide ficar tem que estar preparado para pagar um mínimo de 670 euros (mais de R$2.000) por um quarto que funciona como cozinha, sala e banheiro ao mesmo tempo.

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GARÇONS

Eu sei que é um clichê, mas há bons motivos para coisas assim virarem clichês. Não sei exatamente qual é a política de contratação aqui, mas imagino que eles exijam que a pessoa seja capaz de menosprezar os clientes pelo crime abominável de pedir um drinque. Depois de pedir o drinque – e pagar pelo menos três vezes o preço que cobram por isso a 20 minutos fora do centro – eles têm que manter o contato visual com o cliente enquanto não trazem nada do que você pediu.

Talvez você até encontre um garçom decente pelo caminho, mas provavelmente porque ele está começando no empego e logo vai se transformar num imbecil carrancudo.

Foto por Hugo Denis-Queinec

NINGUÉM TE QUER

Em praticamente todos os outros lugares do mundo, você fica tentado a voltar a uma balada porque se divertiu, as pessoas eram legais e a música era boa. Em Paris, as coisas funcionam ao contrário; por alguma razão, todo mundo quer voltar aos clubes que se divertem estragando sua noite.

Eu sei que esses leões de chácara precisam existir, mas por que eles sentem a necessidade de rejeitar pessoas por um único item de vestuário? Quem disse para esses caras que eles são a Joan Rivers? Por que eles ainda acham que sapato de bico fino é sinal de bom gosto?

Não sei a resposta para nenhuma dessas perguntas, mas sei que os clubes noturnos precisam desistir desse negócio de entrada seletiva; a maioria das outras cidades percebeu que dress code só atraía babacas lá nos anos 1980, e Paris devia ter sacado isso também.