Quanto Vale a Mudança?

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Quanto Vale a Mudança?

O que faz alguém largar uma carreira prestigiosa e abastada, ou uma profissão já estabelecida e segura, para se arriscar em algo completamente novo? Conheça as histórias de pessoas que fizeram exatamente isso para tomarem as rédeas de suas próprias...

Esta matéria foi inspirada na campanha por mudança criada por Caio Braz, Maria Ribeiro e Thiago Petit para o movimento #CAMPAIGN4CHANGE da marca Ray-Ban. Saiba mais sobre o projeto e conheça os desejos de mudança dos três embaixadores da campanha clicando aqui. Motive-se com a história deles e entre para o movimento.

Uma vida mais simples, menos cansativa. Uma rotina dedicada somente aos afazeres prazerosos. A busca por integrar algo pelo que se tem paixão ao cotidiano. Não importa muito o impulso que te faz querer mudar. A existência pode ser muito mais. Ou muito menos, dependendo da perspectiva imposta a essas palavras e do peso que se quer tirar das costas. Deixar tudo para trás. Zerar. Juntar forças e reciclar. Mudar é sempre bom: preserva aquela sensação de aventura que torna a realidade mais bonita. Mesmo quando não dá certo, já deu. Com o recuo de um ou dois passos, o horizonte se aprofunda e surge uma nova rota para trilhar. As histórias abaixo ensinam que a caminhada, mesmo quando se faz necessário abrir mão de antigos costumes para seguir em frente, é o mais valioso nessa viagem. A busca por mudança pode ser a busca pelo que há de essencial em você. Por que não?

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Ricardo Lombardi. Foto por: Guilherme Santana

Narrativas e pessoas
Quem vê o Ricardo Lombardi sentado tranquilamente ali, na calçada rebaixada à sombra do número 28 da Rua Sebastião Velho, em Pinheiros, nem faz ideia. Mas aquele mesmo sujeito vestido em panos confortáveis, camiseta do Bad Religion, que leva uma vida aparentemente serena, cumprindo os afazeres do sebo que abriu há um ano, o Desculpe a Poeira, até pouco tempo atrás encarava uma rotina completamente diferente. Lombardi tem 45 anos, é casado, pai de dois filhos e cuida da mãe, já idosa. Depois de 25 anos numa bem-sucedida carreira jornalística – com passagem pelos comandos das revistas Bravo! e VIP –, ele resolveu abrir mão de um abonado posto como executivo do Yahoo! para conquistar algo que, num momento de reflexão, concluiu ser mais valioso: o tempo. Tempo para a família, para seu crescimento pessoal, para se dedicar às coisas de que gosta.

Ele conta que sempre gostou de livros, desde a adolescência. Apegou-se ao jornalismo quando tinha 18 anos e arrumou emprego no arquivo do jornal O Estado de S. Paulo. No ofício da redação, foi atraído pela narrativa textual como consequência de sua paixão pela literatura. "Essa coisa de você contar histórias, de escutar as histórias das pessoas. Tinha um pouco a ver com isso. Vinte e cinco anos depois, o jornalismo me levou para um lugar que já não era onde eu queria estar", desabafa. "Eu estava num trabalho muito burocrático. O que é normal: você vai subindo na carreira e é levado pra longe das histórias, mais para o trabalho de cozinha, de escritório. Aí, durante uma viagem que fiz pra Argentina, tive um insight. Me hospedei num hotel do lado de um sebo, e o sebo era mais ou menos do tamanho desse aqui. Pensei: 'Pô, se os caras conseguem sustentar um negócio desse tamanho vendendo livro, por que não fazer algo parecido?'. Então comecei a pesquisar essa história de sebos."

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O Desculpe a Poeira foi inaugurado no dia 8 de novembro de 2014 e já é um dos melhores sebos de São Paulo. Isso, certamente porque Ricardo Lombardi não trabalha com títulos que não considere bons. Sua curadoria é o grande trunfo. Atrai clientes de todos os cantos. O capital inicial foi seu próprio acervo. Ele só não colocou à venda as obras completas de Machado de Assis e os livros de Shakespeare com a tradução da Barbara Heliodora; da coleção de jornalismo literário, da Companhia das Letras, ele salvou o Gay Talese e o Joseph Mitchell. Contudo, muitas raridades preenchem as prateleiras. Exemplos são a coleção completa da Senhor, a revista que foi editada pelo Paulo Francis, com textos sensacionais de Millôr Fernandes, Clarice Lispector e Guimarães Rosa; os 20 primeiros números da Veja, entre eles quatro dos 11 números #0, ou seja, os pilotos que não foram lançados, além da edição de estreia propriamente dita, autografada por todos os editores; e muitas Playboys dos anos 1980. O título mais caro é a primeira edição de Perto do Coração Selvagem, o primeiro livro da Clarice Lispector, que sai por R$ 1.500. Mas tem livros para todos os bolsos, de R$ 5, R$ 10, e até de graça, dispostos numa caixa azul à frente da loja.

O ambiente não tem nada de moderno ou suntuoso. É um sebo como nos velhos tempos. Adaptado a uma pequena garagem do apartamento onde sua mãe ainda mora. No mesmo prédio onde ele viveu a adolescência. "Era aqui que eu guardava meu carro. Então eu me mudei e minha mãe começou a alugar a garagem. Quando tive essa ideia, a garagem ficou vaga. Aí eu alugo dela. O pessoal do bairro acha normal, as garagens aqui estão virando comércios", frisa. "E eu acho, também, que dá uma agitada na rua, no bairro, você começa a ocupar uns lugares que estavam meio vazios. A rua fica mais animada, de vez em quando a gente até abre uma cerveja aqui", comenta, olhando para o Jorge (no RG, André Carvalho. "Jorge" é apelido), um estudante de filosofia que o ajuda na parte da tarde. "E tem mais uma menina da filosofia que fica de manhã. Só trabalhamos com gente da filosofia aqui", diverte-se.

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É claro que essa mudança drástica no estilo de vida exigiu uma certa equalização nos arraigados padrões de consumo. Lombardi assume que o que ganha com as vendas de livros não chega nem perto de sua antiga renda mensal. Porém ele faz as contas: "Quanto vale o tempo? Quanto vale você ser dono do seu tempo? Poder ter uma rotina diferente? Cortei um monte de coisa, de fato. Eu era sócio de um clube e não sou mais, parei de fazer academia, parei de gastar uma puta grana em restaurante, de comprar uns vinhos supercaros. Agora só compro vinho barato. E você começa a olhar o dinheiro de um outro jeito também, sabe?", questiona. Ele esmiúça: "Eu já troquei livro por tatuagem. Veio uma tatuadora aqui, gostou de um livro e propôs. Quer dizer, a gente fez um negócio, e não teve dinheiro envolvido. Também já troquei livro por pintura. Então, você começa a perceber o valor das coisas. A partir de um certo padrão, o dinheiro não vai te dar mais nada. Aí alguém vai falar: 'Ah, mas nas férias você não pode ir pro Japão'. É, não posso, mas tudo bem, eu posso fazer outras coisas. Eu tenho aqui um negócio que funciona, que é sustentável, e o que tiro dele é suficiente pra ter uma vida legal".

Nayara Rocha. Foto por: Felipe Larozza

Alcançando os sonhos
A história da Nayara Rocha, uma das maiores revelações brasileiras do pôquer profissional nos últimos anos, é denotativo de que nem todos que pensam em mudar de vida o fazem porque estão à busca de um ritmo mais lento. Muitas vezes, o que inspira essa reviravolta é a genuína aspiração de pagar as contas fazendo aquilo que se ama. A Nayara estava a um semestre de se graduar em publicidade, já encaminhada na carreira, trabalhando numa agência, quando tomou a decisão. Dali por diante, deixaria de ser apenas uma "amante" do pôquer e passaria a se dedicar totalmente à sua evolução como jogadora. Isso foi há quatro anos. Ela discorre: "Viver de pôquer caiu no meu colo, acho que era pra ser mesmo. Eu jogava cash aos finais de semana pra dar um gás na minha renda mensal. E nunca achei que, hoje, essa seria minha história. Um sábado, como todos os outros, eu estava lá, no fumódromo do clube, e um senhor, jogador recreativo, veio puxar papo e chorar as pitangas do que tinha perdido. Aí ele me perguntou como eu fazia pra ganhar e já logo engatou um convite de investimento. Não fazia ideia de como isso funcionava. Aceitei fazer a experiência naquele dia, e hoje estou aqui".

Atualmente, oito horas do seu dia, em média, são dedicadas ao jogo. No ambiente online, ela consegue competir em vários torneios ao mesmo tempo, geralmente com oito ou dez telas simultâneas abertas. Aquela parceria que lhe abriu os horizontes não durou nem três meses, mas o sangue nos olhos da menina durou. Ela conheceu uma porção de jogadores feras, arrumou outro investidor e ficou jogando cash game ao longo dos primeiros dois anos. Nos últimos dois anos, migrou para os torneios e, assim, construiu sua carreira.

O reconhecimento conquistado é tamanho que Nayara integra um dos melhores times de pôquer online do Brasil, o Step Team, fundado por cinco jogadores de ponta. "A minha primeira vitória foi mágica porque eu saí do impossível", declara. "Mas não foi essa a sensação mais incrível. O primeiro êxtase rolou quando joguei meu primeiro campeonato brasileiro e acabei indo longe. Caí em 11ª, entre mais de 800 competidores. Eu só tinha ido pra vivenciar a primeira experiência e BOOOM! Estavam lá pessoas que eu nem conhecia torcendo, gritando meu nome. Foi uma sensação que até me atrapalhou na competição pela minha falta de experiência, mas foi única. Só de me lembrar, eu me arrepio!"

Momentos assim fazem valer a pena o afastamento dos amigos e o pouco tempo livre. "O que pega mesmo é que não temos fim de semana quase nunca. Mas aí a terça vira domingo", diz, rindo. Não foi fácil chegar até aqui. Muitas vezes, ela pensou que poderia não dar certo. Ficava apreensiva em perder. "Eu sabia que era um alvo fácil para os jogadores experientes. Eu ia pra me divertir, claro, mas nunca consegui me divertir perdendo", relata. Apesar do ritmo puxado, toda a luta para se estabilizar e conseguir sustento como jogadora, segundo ela, melhorou muito sua qualidade de vida e a perspectiva de um futuro promissor. "Talvez seja porque isso me faz sentir que realmente posso alcançar meus sonhos. Entende?"

Esta matéria foi inspirada no movimento de Ray-Ban #CAMPAIGN4CHANGE. Faça você também sua campanha e divida em suas redes sociais acessando aqui.