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O tal de coronavírus pode ser a "Nova Grande Doença"

Os cientistas suspeitam que essa nova infecção possa ser transferida de humano para humano — o que não é o tipo de notícia que você queria ouvir sobre um vírus mortal que tem potencial para matar todo mundo que você conhece.
coronavírus

Mesmo que questões alarmantes como uma chuva de meteoros em vilas remotas na Rússia e ditadores norte-coreanos com o dedo no gatilho possam parecer o começo de uma crise que vai empurrar o mundo à beira de um abismo catastrófico, sempre tem alguma coisa menos espetacular e bem mais perigosa emergindo do mundo das doenças e vírus. A mais recente delas é uma nova variedade do coronavírus, um vírus mortal que ganhou esse nome por causa dos espinhos em forma de coroa em sua superfície, e não por causa de um patrocínio imprudente de uma marca de cerveja mexicana.

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Semana passada, no Queen Elizabeth Hospital em Birmingham, o “novo coronavírus” fez sua sexta vítima no mundo. E tem mais, no mês passado, mais dois membros da família de uma das vítimas contraíram o vírus, levando os cientistas a suspeitar que essa nova infecção possa ser transferida de humano para humano — o que não é o tipo de notícia que você queria ouvir sobre um vírus mortal que tem potencial para matar todo mundo que você conhece.

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As autoridades ainda não apertaram o botão de pânico, mas esses desenvolvimentos podem certamente elevar o nível de ameaça, explica David Quammen, autor de Spillover: Animal Infections and the Next Human Pandemic (algo como Alastramento: Infecções Animais e a Próxima Pandemia Humana). “Isso faz o alarme soar por razões óbvias”, ele diz, “porque transferência de humano para humano é um dos passos que um vírus precisa dar para se transformar num tipo de pandemia humana”.

O novo coronavírus foi descoberto em setembro passado, quando um homem do Catar foi transferido para Londres para receber tratamento para sua doença misteriosa. De acordo com Quammen, isso levantou preocupações entre especialistas desde o início. “Há certas famílias e grupos de vírus que estão na lista de observação por causa de seu potencial para causar o próximo grande surto, que pode se tornar uma epidemia, que pode vir até a se tornar uma pandemia. O coronavírus está nessa lista.”

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David Quammen.

Até agora, só 12 casos confirmados de coronavírus foram informados no mundo — um terço deles na Grã-Bretanha. Similar ao vírus da SARS que assolou a Ásia uma década atrás, o coronavírus também provoca uma doença respiratória que causa problemas renais, dificuldades para respirar e febre. Até agora, metade de todos os casos reportados foram fatais. E mais boas notícias: um novo estudo revelou que o vírus se reproduz no corpo humano mais rápido do que a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave, mundialmente conhecida como SARS) e pode esquivar-se do sistema imunológico tão facilmente quanto o resfriado comum.

Enquanto as autoridades médicas garantem que o vírus atualmente oferece um baixo risco para a população geral, a verdade é que, em seu estágio inicial, é impossível determinar exatamente quão perigoso ele pode ser.

Um porta-voz da HPA, a agência britânica de proteção à saúde, explicou: “Em se tratando de qualquer novo tipo de vírus, não se sabe realmente [o perigo que ele representa], porque quando se tem uma quantidade tão pequena de casos, acredita-se que ele se comporta de certa maneira. Mas, claro, isso pode mudar. Os vírus mudam frequentemente e, às vezes, um novo vírus pode surgir. Mas, da mesma maneira, um vírus pode surgir depois de um longo período de tempo tendo mudado muito pouco. É muito difícil dizer”.

Mas independente desse coronavírus acabar como um suspiro ou como um estrondo, os cientistas acreditam que é só uma questão de tempo até novas pandemias globais catastróficas emergirem. David Quammen explica: “Os especialistas dizem que sim, é muito provável que novas doenças continuem a surgir. Eu falo da 'Nova Grande Doença' — a NGD. É quase tautológico que haverá uma próxima Nova Grande Doença. A questão é: qual será ela e quão grande será?”.

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Surtos de novas doenças são mais comuns do que se pensa. Só nos meses passados, uma variedade de tuberculose completamente resistente a medicamentos começou a se espalhar pela África subsaariana, e o número de infecções por gonorreia incurável subiu significativamente nos Estados Unidos. Mas, mais do que qualquer um desses outros casos, o coronavírus tem potencial para se tornar um problema global.

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Outra foto bonitinha do vírus que pode te matar lentamente desligando seu sistema respiratório.

“Os especialistas se perguntam: 'Que grupos de vírus entram na categoria de NGD?'”, diz Quammen. “E uma das coisas que eles apontam são os coronavírus. Então é por isso que estamos muito preocupados, ou pelo menos muito atentos a esse novo coronavírus — porque ele se encaixa bem na zona alvo que é de onde os especialistas esperam que venha a nova grande doença perigosa”.

Enquanto os mais ansiosos se consolam com o fato de que com certeza as novas tecnologias médicas e sistemas de monitoramento mais eficientes vão conter a propagação do surto, avanços modernos podem realmente ajudar, bem como impedir, a propagação do vírus. Na verdade, a própria natureza do nosso mundo cada vez mais interconectado significa que as condições são perfeitas para que novos vírus se espalhem, feito herpes labial nas matinês de baladas.

“Existem sete bilhões de humanos agora e estamos muito, muito interconectados. Viajamos pelo mundo, enviamos produtos para todo o globo, tudo é transferido pelo mundo de maneira rápida”, explica Quammen. “Então, se uma nova doença chegar até nós, ela também vai ser transferida pelo mundo muito rapidamente. Somos como uma floresta de árvores e vegetação rasteira muito secas, só esperando por um raio que a acerte.”

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É claro que, com apenas um punhado de casos confirmados até agora, seria muito prematuro começar a entrar em pânico imediatamente com o surto mais recente de coronavírus. Mas isso não quer dizer que a Nova Grande Doença não esteja no horizonte. E se isso realmente atacar, o impacto será dramático.

“Acho que é razoável dizer que isso pode matar milhões de pessoas”, Quammen me disse. “Lembra como a pandemia de AIDS era algo que nem podíamos imaginar até o começo dos anos 1980? Mas ela foi crescendo nas últimas décadas e, até agora, já matou 33 milhões de pessoas com outros 30 milhões de infectados. Então seria possível que outra coisa assim se espalhasse entre os humanos e rapidamente matasse 33 milhões de pessoas? Claro, por que não?”

Siga o Ronan no Twitter: @RonanOKelly

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