O que o Festival Path quer discutir sobre games?
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Games

O que o Festival Path quer discutir sobre games?

Festival multimídia rola neste fim de semana em São Paulo e traz discussões providenciais pro mercado de jogos.

Com o crescimento do mercado brasileiro de games, são cada vez mais necessários debates e palestras que guiem os nossos desenvolvedores a brilhar do jeito certo no Brasil e no exterior. De olho na expansão do cenário local, o Festival Path traz discussões fundamentais para qualquer interessado em games a fomentar um mercado mais inclusivo e eficaz.

A ideia do festival, que rola neste fim de semana (6 e 7) em São Paulo, é unir mentes criativas de várias áreas em torno de filmes, shows, games e até uma comidinha firmeza. Além disso, o Path organizou workshops e discussões com temas que abrangem todas essas atividades, mas o destaque realmente fica por conta das palestras sobre games.

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"Nosso objetivo é fazer um público, que não é necessariamente conectado à indústria, compreender o momento único que vivemos no cenário de desenvolvimento de games no Brasil", explicou Paulo Luis Santos, curador do projeto. "Ao mesmo tempo, [queremos] oferecer um debate rico o suficiente para que o conteúdo gerado seja rico também para quem está na área camelando por um lugar ao sol."

Os debates são moldados pras necessidades atuais do mercado, como criar um jogo que não seja considerado apenas um clone de um jogo mais conhecido, como destacar o seu projeto em meio a enxurrada de lançamentos no Steam e – principalmente – como produzir um game inclusivo, que não reproduza o machismo e os preconceitos estruturais da sociedade.

"Machismo, Discoverability e Criatividade, são assuntos que podem facilmente ser debatidos também por start-ups, empresas de conteúdo, agências digitais, multinacionais modernas", disse Paulo, lembrando que essas discussões importam também para quem não está necessariamente inserido no mercado de games. "Games tem suas particularidades, e é claro que elas serão tratadas, mas muitos desafios são comuns a outras áreas, bem como soluções."

Imagem: Festival Path

O festival pode ser providencial para criadores que já têm experiência de produção de um game, mas estão com dificuldades para distribui-lo. Apenas nos últimos anos os desenvolvedores brasileiros começaram a serem reconhecidos também no mercado internacional, e Paulo lembrou que "é comum esquecerem que é preciso fazer um trabalho árduo em outras frentes para que o jogo se torne relevante e tenha mais gente baixando do que sua mãe, seu pai e sua tia. Ser desenvolvedor independente vai além do desenvolvimento, especialmente se o caminho escolhido é o de self-publishing."

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Paulo, inclusive, vai fazer parte de um dos debates do festival, sobre "discoverability". "Vivemos um momento em que nunca se foi tão acessível desenvolver e publicar games para as principais plataformas do mundo", disse, "mas isso traz um desafio incrível: como fazer seu game se destacar na enxurrada de jogos que são lançados em todas as plataformas todos os dias?".

A ideia da palestra é justamente ajudar desenvolvedores serem notados em meio a tantos lançamentos. "É difícil competir com empresas que tem bala para anunciar na TV em horário nobre e pagar para 20 youtubers fazerem gameplay vídeos do jogo deles", explicou.

Outro tema providencial pro momento atual do cenário de games brasileiro é o machismo inerente do mercado. Ariane Parra, uma das participantes da palestra sobre o assunto, lembrou que uma das maiores dificuldades do nosso mercado hoje é "a falta de mulheres em desenvolvimento, muitos [desenvolvedores] escrevem suas histórias colocando a mulher como objeto, ou transformando as protagonistas em símbolos sexuais".

Ariane faz parte do coletivo Women Up Games, que busca melhorar a representação das mulheres nos games. "Tudo o que fazemos na Women Up são eventos femininos com o objetivo de trazer mais mulheres para esse mercado", contou a desenvolvedora. "Não somos um clube da luluzinha e sim somos uma organização que visa a inclusão de mulheres nesse mercado para que futuramente possamos ter uma equidade de gênero no setor de games e tecnologia."

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"A indústria de jogos é gigante e tem espaço pra todo mundo", lembrou Ariane.

GUTS, jogo da Flux Game Studios em exposição no festival

Pedro Kayatt, desenvolvedor de jogos em realidade virtual, também foi convidado para falar sobre sua experiência no festival. "A maior parte dos cursos que ensinam essas coisas dificilmente são formados por profissionais com experiência de campo, o que criam expectativas que não refletem a realidade profissional internacional", Pedro comentou sobre o festival. "Temos a matéria prima ótima, falta um pouco de lapidação pré-mercado."

O desenvolvedor deve trocar uma ideia sobre "Realidade Virtual e Aumentada, uma revolução que se aproxima e que pode transformar toda a indústria brasileira", na tentativa de chamar a atenção de investidores pros produtores locais. "Temos todas as matérias primas, que já até resultaram em casos de sucesso de reconhecimento internacional, porém a falta de investimento continua sendo um empecilho", disse.

Quem quiser experimentar em primeira mão alguns jogos independentes brasileiros, o Path terá uma feira de games em produção, ou que estão pra estrear – é ótimo para tirar um tempinho de jogatina entre uma palestra e outra. Jogos como GUTS, Galaxy of Pen & Paper e Sword Legacy vão estar em exposição.

Para completar o rolê do fim de semana, e na mesma linha de pensamento de conectar criadores com projetos contemporâneos, o Festival Path fez uma parceria com a VICE para trazer uma programação de filmes da casa.

Festival Path
Quando: 6 e 7 de maio, a partir das 9h
Local: As atividades se dividem entrem o Instituto Tomie Ohtake, Rooftop5, Praça dos Omaguás, FNAC Pinheiros, Teatro Cultura Inglesa e Centro Cultural Rio Verde, locais próximos entre si.
Endereço: Rua Coropés, 88, Pinheiros, São Paulo
Horário: A partir das 20h
Site: https://www.festivalpath.com.br/