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Música

O brilho eterno das lembranças de Tourist viraram seu debut, ‘U’

O inglês que aparece entre os mais ouvidos no Spotify brasileiro falou sobre Grammy e o relacionamento (que não existe mais) que inspirou o seu álbum de estreia.

Não seria exagero dizer que muitos dos olhos entusiastas de sonoridades eletrônicas estão virados para Londres no momento. Nomes como James Blake, Jamie xx e Disclosure saíram da capital inglesa nos últimos anos com discos coesos, singles excepcionais e até mesmo alguns hits de grande alcance. Mas quem estava prestando atenção o bastante foi capaz de pescar um nome que, até então, andava escondido dos holofotes.

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A primeira vez que o londrino William Phillips, ou Tourist, de fato virou muitas cabeças foi quando subiu ao palco do Grammy para receber o prêmio de Canção do Ano de 2015, por "Stay With Me", juntamente com os também co-autores James Napier e Sam Smith, o famoso intérprete da faixa.

Desde então, o produtor de 29 anos lançou uma série de singles tão dançantes quanto de coração partido: a trabalhada "Waves", a fria "To Have You Back" — que denuncia as raízes londrinas, com um vocal com o pitch alterado e um piano que poderiam muito bem ter saído do debut do James Blake — e a mais recente, "Run", que veio com a promessa de ser o hit do verão no hemisfério norte.

O álbum de estreia de Tourist, que sai nessa sexta (6), não foi intitulado U (ou "you": "você") por acaso. Seguindo a linha dos seus primeiros singles lançados, o disco costura partes de um relacionamento que não existe existe mais; como o próprio produtor me contou via e-mail, ao explicar como montou uma paisagem sonora com ajuda das memórias, sentimentos e lugares que ainda guarda dois anos depois de seu término. Leia a entrevista enquanto ouve o disco:

THUMP: Quando tempo você levou pra gravar U? Você está empolgado para o lançamento?
Tourist: Levou por volta de dois anos, eu comecei a escrevê-lo em janeiro de 2014 e terminei no final do ano passado. "U" foi a primeira música que escrevi e "Run" foi a última. Vai ser legal para as pessoas ouvirem a história inteira. Eu sinto que as canções fazem sentido como partes de um todo então é isso que me deixa animado — passar a mensagem que eu quero e seguir para o próximo projeto.

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Você pode me contar um pouco sobre o conceito por trás do disco? É majoritariamente sobre ter seu coração partido, certo?
Acho que eu não diria que é um álbum sobre um término. Eu nunca quis que ele fosse sem cor ou nostálgico. É um diário, na verdade, uma reflexão sobre um relacionamento que não existe mais. Eu senti que era a coisa mais honesta que eu podia escrever no momento. Eu o chamei de U porque é sobre uma pessoa, a palavra "YOU" parece um pouco que eu estou apontando o dedo pra ela e eu não estou. Há momentos brilhantes e coloridos [no disco], e há momentos sombrios. Eu achei que seria chato só escrever sobre o quão triste eu estou, e eu não estou — eu sou uma pessoa feliz, e fazer esse disco me trouxe muita alegria.

Como você se sentiu ao ganhar um Grammy antes mesmo de ter lançado seu primeiro disco?
Foi bizarro, eu fiquei mais feliz pelo Sam do que por mim mesmo. As pessoas sonham em estar naquele palco, e eu me encontrei ali no ano passado. É fácil se perder nos prêmios, mas os prêmios não são o meu objetivo. Eu só quero explorar sons e tentar me expressar o mais eloquentemente que eu puder.

Falando sobre relacionamentos, como você evita fazer música clichê quando está lidando com um tópico clichê — como coração partido, términos, amor etc?
Eu acho que você tenta desviar dos caminhos que já estão desgastados. Eu gostei da ideia de não ter nenhuma canção tradicional no meu álbum, e eu achei que se eu colocasse outras pessoas pra cantar sobre o meu relacionamento, seria um pouco desonesto. Eu queria samplear palavras e frases que tinha um significado pra mim, e construir música a partir delas. Tem muitas gravações de campo no disco que são pertinentes ao relacionamento em que eu estava, "Waves" começa com o som da praia em Brighton onde eu a conheci. Eu tentei construir um mundo sônico baseado nas minhas memórias dela, e nos lugares que foram importantes para nós.

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Você lançou duas outras faixas para promover U: "Run" e "To Have You Back". O que essas faixas têm de especial pra você?
"To Have You Back" é, das faixas que produzi, uma das minhas preferidas, e é sobre a frustração que você sente quando você acha que quer alguém de volta, mas sabe que não é o certo. É sobre aceitação, acho. "Run" é uma canção sobre se apaixonar, eu queria escrever algo que me lembrasse daquele sentimento alegre de conhecer alguém pela primeira vez e sentir que o mundo é um lugar maior e menor ao mesmo tempo.

Você sabia que você está em todas as listas de Top Faixas Eletrônicas do Spotify Brasil? O que você acha disso?
Eu não sabia! É uma honra, eu fico lisonjeado.

Você gosta de música brasileira?
Eu amo bossa nova, mas não escuto o bastante. Agora eu vou, ha!

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