Filmes maus que são um prazer: Bedazzled

Estão a ver aquele pessoal que tira nacos gigantescos de cera dos ouvidos ou grandes catotas do nariz e os vislumbra com um doentio ar de orgulho? Ou aquela malta que cheira o seu próprio sovaco, esboça um sorriso e, quando é apanhado no meio do processo, diz algo como “que pivete vai nesta rua”? O que eu quero dizer é: comer um gelado numa tarde quente de Verão é um prazer, dar uma no banco de trás do carro também sabe bem e dormir até ao meio dia é óptimo. Enfim, existem vários prazeres que podemos partilhar, mas também existem outros que são, ao mesmo tempo, desconcertantes para os outros e, no fundo, para nós também. Não estou a falar do combo masturbação+asfixia, mas sim de maus filmes que não consigo deixar de ver.




Bedazzled (2000)
Harold Ramis

Apesar do filme parecer escrito por um argumentista que sofreu um derrame cerebral e filmado por um realizador que devia estar mais interessado em afinar o Freitas com a Elizabeth Hurley, Bedazzled, ou Sedutora Endiabrada em português, consegue fazer-me rir de tão mau que é. O filme vai mais além ao colocar Hurley (a gaja com a pronúncia britânica a quem todos os gajos gostavam de dar com a pila na testa) com Brendan Fraser. Sim, o gajo da Múmia, que é o único roto à face da terra capaz de aceitar os papéis mais ridículos que Hollywood tem para distribuir. Pior do que isso só mesmo a fazer de marido da Sandra Bullock no Crash (o chunga).


Isto não é um boneco de cera.

A personagem de Fraser é realmente irritante e homossexual, mas desperta o voyeur que há dentro de cada um de nós. Como explicar? Vejamos, ele encarna uma daquelas pessoas que preferem comer pão com nada, em vez de um delicioso croissant, ou seja, persegue uma gaja sem sal que não sabe que ele existe, em vez de aproveitar a gaja boa que lhe aparece à frente pronta para uma maratona genital (por outro lado trata-se do Diabo).


O sensível, uma das várias personagens encarnadas por Fraser neste filme. São cinco ao todo e são todas más.

Assistimos, durante hora e meia, a um crente que vende a alma a Satanás em troca da possibilidade de ter um “feliz para sempre” com a outra choca. A personagem de Brendan, Elliot, tem direito a sete desejos, prontamente investidos com um único fim: comer uma gaja sem sal chamada Allison. E como é de esperar, tal como um pássaro se espalma contra o vidro vezes sem conta até ter um derrame e morrer, mesmo antes de perceber que não vai entrar para dentro daquela casa, também Elliot se estende ao comprido com o falhanço de quase todos os seus anseios, excepto de um, o desejo final.

Videos by VICE

E esta é a Elizabeth Hurley já preparada para se pôr de joelhos e te levar ao céu.
Reparem na gargalhada que o Brendan solta aos 00:05, como quem diz “ai rebentou-me o saco de coca que tinha no cu”. Singin’ in the Rain Charade) remake