Os caminhões de 18 rodas são um símbolo da liberdade norte-americana e do orgulho dos trabalhadores, se é que um dia houve algum. No entanto, além das ultrapassagens cautelosas na pista da esquerda, não pensamos muitos nos gigantes Peterbilts e Macks percorrendo as rodovias 24 horas por dia. Mesmo assim, recentemente me vi pensando sobre esses monstros onipresentes. Quem são as pessoas na direção deles e como é a cabine delas? Para descobrir, passei dois dias em paradas de caminhão em Nova York e na Pensilvânia pedindo a caminhoneiros aleatórios para conhecer o interior de suas cabines.
As cabines dos caminhões de hoje são basicamente o primo industrial do carro de passageiros, com volante, câmbio e pedais conforme o esperado, mas com um visual mais pesadão e forte. Os botões e interruptores têm a simplicidade sem frescura de um maquinário pesado projetado para durar. Apesar do design arrojado, muitos desses painéis são soterrados sob um ninho de fios, adaptadores de tomada e berços de plástico de celulares, GPS e rádios por satélite. As cabines-leito permitem meses de viagem, pois o espaço extra funciona ao mesmo tempo como quarto, cozinha, bancada de ferramentas, guarda-roupa e sala de jantar. Os caminhoneiros não têm porque sair do caminhão – só na parada para o xixi mesmo.
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No borrão da manhã, já cedinho, até tarde da noite, o pequeno espaço se torna uma bagunça entre o pessoal e o prático. Suprimentos automotivos se misturam a DVDs e porta-copos, e tudo acaba ficando coberto de roupa suja. Contendo a vida de uma pessoa, essas cabines são espaços muito pessoais que refletem a origem e a personalidade de seus ocupantes. Fotos de amigos e da família adornam as paredes, junto com lembrancinhas, cruzes e outros símbolos do lar. Esses substitutos da família servem como um lembrete da ausência deles e falam da solidão da profissão. Talvez por isso tantos motoristas me aceitaram a bordo.
Tradução: Marina Schnoor