Para que algo se torne tradição, é necessário continuidade. É preciso que seja passado por gerações. Em São Paulo, durante as férias escolares, basta olhar para o céu para observar uma de suas mais fascinantes e coloridas heranças. Pelos ares, com força e graça, aliviando o excesso de cinza paulistano, as pipas criam há décadas um clima de beleza e tensão entre motoqueiros e fios.
Nas periferias da cidade, o espetáculo é mais evidente. É comum ver crianças penduradas em muros, em lajes, em janelas, tostando seus olhos com o rosto para cima. É comum ver dedos cortados, rodeados com esparadrapos e algodão para amenizar o ardor e, assim, continuar no esporte até anoitecer.
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É inegável que a maneira como se solta pipa evoluiu. As latas que antes eram disputadas para enrolar linha agora quase não são vistas. O que se observa são carretilhas enormes, personalizadas com linhas coloridas e cortantes. O estilo de vida, porém, continua o mesmo. A comercialização de pipas segue gerando renda e sustentando famílias.
O DiCampana Foto Coletivo fez um ensaio fotográfico em alguns bairros da zona sul de São Paulo, como o Jardim Piracuama, Jardim Monte Azul, Jardim São Luiz, Capão Redondo e seus arredores, resgatando e homenageando esse ato que está tão enraizado no cotidiano periférico.
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Mais fotos da temporada de pipa aqui: