Se “2018” fosse a identificação duma linha de ônibus no Brasil, a viagem teria sido daquelas que os passageiros se dividiam entre o pânico dum acidente iminente e quem torcesse pra capotar logo. O motorista foi fantasma (há quem diga “Putin”) e o cobrador você é quem sabe.
Aqui do nosso banco conseguimos, mais uma vez, exercer o ofício e publicar muitas imagens importantes. É sempre um orgulho, uma honra e um privilégio poder informar e comunicar — mesmo quando isso é triste. Então montamos essa recapitulação com algumas de nossas imagens preferidas deste ano pra nos prepararmos juntos pra 2019. Aproveite abaixo, e com sorte você comungará com nossos votos de que no ano que vem a ponta “privilégio” da pirâmide comunicacional não seja a que mais salte aos olhos.
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Matéria: “Fotos do 2 de Fevereiro em Salvador”
“Um cheiro quente e calmante de alfazema enche a Casa de Iemanjá, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. É véspera do 2 de fevereiro quando chego ao lugar repleto de imagens da Rainha do Mar. Visitantes jogam moedas como oferenda ao orixá mais popular do Brasil anunciando que o Dia de Iemanjá será marcado por pedidos e agradecimentos à mãe do mar, uma figura protetora, mas severa. Divindade da fertilidade. Que dá e tira. Que pede a volta de seus fiéis.”
Matéria: “Fotos antigas do Carnaval de Fortaleza que iriam pro lixo”
“Era 1934, Getúlio Vargas comandava o Brasil, as mulheres tinham acabado de conquistar o direito de voto e, claro, o Carnaval acontecia fervorosamente. Nesse mesmo ano, nascia em Fortaleza, Ceará, um dos estúdios fotográficos mais reconhecidos da cidade: a ABA Film. A grafia da palavra filme em inglês era o que havia de mais moderno, já que a película se instaurava no país, deixando pra trás as chapas de vidro.”
Matéria: “Dor, marcas na pele e frustração: ser peituda é um baita trampo”
“Você tem um tamanho maior?”
Matéria: “Sem medo, cariocas honram a memória de Marielle Franco”
A praça da Cinelândia, mais especificamente a esquina entre a Câmara Municipal e o Teatro Municipal, é um tradicional palco de atos políticos e culturais no centro do Rio de Janeiro. No final da tarde de quarta dia 14, um grupo de cinquenta pessoas reuniram-se para a exibição de um episódio da série Desde Junho da diretora Julia Mariano. Seguido a exibição esse grupo que continha personagens e ativistas das Jornadas de Junho, assim como membros de diversas causas e movimentos sociais passaram a um debate aonde os desdobramentos e consequências daquele período foram logo substituídos por uma pauta muito mais urgente – a intervenção federal no Rio de Janeiro e a iminência de novas violações de direitos humanos como ocorrido em prévias ações militares na cidade. Com um mês de ocupação, ainda não havia tido nenhum ato substancial para criticar a intervenção, “vai ter de acontecer alguma merda pro povo ir às ruas”, foi uma frase repetida de diversas formas por várias pessoas. Ninguém imaginava que horas depois dessa reunião, não muito longe dali a tal merda aconteceria – os assassinatos da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
Matéria: “Festa, tristeza, choro e missa: os bastidores da rendição de Lula”
“A militância correu para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ao saber que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva estava por lá e que tinha poucas horas para aproveitar a liberdade. O clima era de derrota. Simpática ao ex-presidente, a professora de inglês Ana Aparecida, 34, comparou a situação com a morte do próprio pai. “Parece que estamos aqui velando um morto”, disse na madrugada de sexta-feira (6) ao lado de amigos.”
Matéria: “Um dia de desfile na penitenciária”
“O contingente e a rotina da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, deram espaço, num único dia, à correria, excitação, surpresas e lágrimas. Tudo por conta do desfile de roupas e peças de crochê criadas e compostas pelos alunos no Projeto Ponto Firme, que acontece às quartas no presídio.”
Matéria: “Fervo, luta e o pedido por uma prefeita travesti em Mogi das Cruzes”
“Pela primeira vez na história, a cidade de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, realizou uma Parada do Orgulho LGBT. De acordo com os organizadores, cerca de 10 mil pessoas passaram por ali durante as seis horas do evento, que aconteceu no último domingo (29). Para a organização, foi um momento histórico. Há anos o Fórum Mogiano LGBT tenta criar o Conselho LGBT na cidade, mas a Prefeitura e a Câmara Municipal barram o projeto.”
Matéria: “Fotos do prédio ocupado em SP antes do desabamento”
“Assim como as famílias que moravam ali, o fotógrafo Eduardo Petrini não imaginou que aquele prédio no centro da cidade de São Paulo sofreria um incêndio seguido de desabamento. O caso trágico da ocupação que estarreceu o país e o mundo no último domingo (1º) mostrou mais uma vez como o direito constitucional de moradia para o cidadão, principalmente o mais pobre, ainda é uma piada.”
Matéria: “Fotos do meu pai bipolar vivendo seus últimos dias”
“Meu pai sempre falava que queria tirar a própria vida. Ele se sentia preso na Terra, em seu corpo e, acima de tudo, em sua mente. Minha relação com ele sempre foi difícil de engolir, mas eu estava determinada a entender sua cruel batalha com o transtorno afetivo bipolar.”
Matéria: “Fotos do ritual de resistência indígena que celebra São Bilibeu”
“Sábado, seis da manhã. Um rojão de foguete indica o início da festa de São Bilibeu, um ritual que, antes de tudo, é uma ação de resistência e demarcação com os pés para o território indígena Akroá-Gamella, localizado no município de Viana, Maranhão.”
Matéria: “Com a palavra, os caminhoneiros grevistas no porto de Santos”
“Mesmo depois da proposta do governo para suspender a greve dos caminhoneiros contra o aumento do combustível, a paralisação segue por todo o país. O fotógrafo Guilherme Kastner foi até o porto de Santos, litoral de São Paulo, conversar com alguns deles. Entre os discursos, há quem peça para que seus parceiros de profissão não cheguem “às vias de fatos” com quem furar a greve e até mesmo quem apoie a intervenção militar.”
Matéria: “A imigração venezuelana para o Brasil em imagens”
“A crise política e socioeconômica que a Venezuela tem sofrido desde o fim do governo de Hugo Chaves é a mais dramática da história do país. A inflação, que se encontra acima de 800% ao ano, tem elevado o valor de itens básicos, cada vez mais raros, penalizando a população. Faltam alimentos, produtos de higiene e medicamentos.”
Matéria: “A festa dos senegaleses no Brasil durante a Copa”
“De Dakar para o centro de São Paulo. Na última quinta (28), uma esquina da cidade cinza ficou pequena para os poucos, porém muito animados torcedores senegaleses que esquentavam as gargantas ao som das vuvuzelas às 10 da matina. Ansiosos, eles vibraram com a possibilidade histórica do time passar para as oitavas de final contra a consistente seleção da Colômbia.”
Matéria: “As fotografias do João Bittar contam a história recente do Brasil”
“É impossível fazer fotojornalismo sem caráter” é uma afirmação conhecida do fotógrafo e editor João Bittar, que, aos 15 anos, foi pedir emprego na Editora Abril porque queria ser jornalista. Na ocasião, conseguiu uma vaga de office boy e foi parar no setor de fotografia, onde, no laboratório, passou por todas as fases do processo, além de ter contato com o trabalho de fotógrafos do mundo todo. Assim, aos 17 anos, teve sua primeira câmera.”
Matéria “Um retrato honesta da gravidez na adolescência”
“Em 2012, a fotógrafa carioca Simone Marinho realizou um ensaio sobre gravidez na adolescência como parte de uma matéria publicada no jornal O Globo. A ideia era abordar o fato de que a gravidez precoce afasta as meninas dos estudos e, assim, reduz suas chances de inserção no mercado de trabalho no futuro, contribuindo, desse modo, para a perpetuação do ciclo de pobreza.”
Matéria: “Incêndio no Museu Nacional, 200 anos de história jogados fora”
“Fósseis de dinossauros, os maiores meteoritos já encontrados no Brasil, formações minerais raras, mamíferos extintos, fósseis de australopitecus e homo sapiens. Artefatos pré-colombianos, egípcios, greco-romanos, africanos, indígenas. Mapas históricos. O fóssil mais antigo da história do país. Um pedaço gigantesco da pesquisa paleontológica e arqueológica do Brasil. O maior museu da história nacional. O prédio onde foi assinada a nossa independência. Residência de um rei e dois imperadores. Mais de vinte milhões de peças.”
Matéria: “O que é preciso fazer para ter porte de arma no Brasil”
“Em ano de eleição, cinco dos 12 presidenciáveis defendem a flexibilização do porte de armas no Brasil. Pensando nisso, fui desbravar o mercado e as leis armamentistas para descobrir como um cidadão comum, como eu, pode obter o porte e como funciona o acesso legal para pessoas de classe baixa e moradores de locais afastados que vivem sob a deficiência e a má gestão da segurança pública. Afinal, se a segurança é para todos e falta pra muitos, o acesso às armas, mesmo que liberado à população, seria a mesma para o pobre periférico? Quem vive em situação de risco realmente tem as condições de andar armado?”
Matéria: “A beleza das travestis brasileiras quebra padrões”
“No ensaio fotográfico Mem de Sá, 100, a carioca Ana Carolina Fernandes documenta o dia a dia de uma comunidade de travestis em um casarão na Lapa, na região central do Rio de Janeiro.”
Matéria: “O grande beijo de 2018”
“Fotografar é atribuir importância”, cravou Susan Sontag, escritora e crítica de arte norte-americana que estudou e percebeu a fotografia com precisão e sensibilidade únicas. A imagem em preto e branco que antecede este texto é um exemplo cristalino de como uma foto pode falar absolutamente tudo por si; de como o embate político que polarizou o país nos últimos anos aparece congelado no segundo em que o clique foi feito. Esta foto diz muito, senão tudo.
Matéria: “VICE Brasil ganha Prêmio Petrobrás na categoria Fotojornalismo”
A VICE foi um dos veículos vencedores do V Prêmio Petrobrás, cujos resultados foram divulgados nessa quarta (28). Após ficar entre os finalistas, o trabalho “Tiroteios, mortes e invasões dominam o Complexo do Alemão”, publicado em abril de 2017 pelo fotógrafo Fábio Teixeira, foi o vencedor do prêmio na categoria Fotojornalismo. Ele registrou os confrontos entre policiais e traficantes e os desesperos e protestos dos moradores da região.