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Games que me Fizeram Borrar as Calças Quando Era Criança

Anos antes dessas paradas, os videogames eram 2D, com menos cores que um saquinho de M&M e não eram tão grosseiros ou violentos. Não conseguiam assustar ninguém, fora eu. Tinha esquecido completamente o quão marica eu era até ler que Splatterhouse (que por um breve período foi o jogo mais sanguinário na indústria dos games) está sendo refeito. Todas as más recordações voltaram à tona, então resolvi procurar uns ROMs pra superar meus demônios pessoais e finalmente conseguir me sentir como um homem. São esses.

Devil’s Crush, TurboGrafx-16
Minha idade:
7

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Prova de que eu não conseguia lidar nem com as paradas mais simples – mesmo essa série de jogos de pinball fez com que eu me escondesse debaixo do cobertor. Meu amigo tinha um TurboGrafx-16 (que sempre considerei um console perverso), e a gente jogava isso tarde da noite, como se fosse um super segredo e não só um jogo de pinball meio chato. A cara da mulher vampira presa na mesa de pinball sempre me incomodava porque eu ficava imaginando onde estava o resto do corpo dela. Fora isso, tendo muito pouca noção do que eram seios, pensar no corpo de uma mulher me dava uma sensação esquisita.

Friday the 13th, NES
Minha idade:
7

A tela inicial é uma faca penetrando pelo buraco do olho da máscara de hóquei do Jason Vorhees. Não tem nada que não seja assustador nisso. O jogo fazia você andar pelo Camp Crystal Lake, tentando salvar todo mundo antes que o Jason desse cabo deles nos dormitórios escuros, pseudo-3D. Você também tinha que remar pra atravessar um lago, quando o Jason de repente cruzava a tela num nado-borboleta a milhões de quilômetros por hora. Esse, como qualquer outro jogo do NES baseado em filme (exceto o Batman), é uma babaquice.

Resident Evil, PS1
Minha idade: 13

No dia em que Resident Evil foi lançado, pedi pra minha mãe ir buscar na loja. Eu e meu amigo Ben ficamos a noite inteira sentados, de cueca, jogando. A primeira vez que você encontra um zumbi no jogo é uma cena que mostra ele comendo a cabeça de algum cara. Eu e Ben olhamos um pro outro e foi tipo “Nossa,” porque foi a cena gore mais realista que a gente já tinha visto até então. Mas sério, dado a computação gráfica de baixo orçamento, parece que alguém simplesmente pôs um isqueiro na cara de um boneco Ken. Hoje em dia, via de regra, só jogo survival horror no auge da noite e com todas as luzes apagadas, como um grande ‘foda-se’ para o quão assustado eu ficava nos jogos originais.

Splatterhouse 3, Sega Genesis
Minha idade: 10

Meu Deus, Splatterhouse 3 era tosco. Todo monstro do jogo parece o Jim Henson trabalhado numa vagina dentada. Também tem uma contagem regressiva a cada nível, mas se esse tempo acabar o jogo não acaba, só o final do jogo que muda – sua esposa seria comida de dentro pra fora por um pênis com dentes que estava vivendo em seu cérebro. Esse jogo nunca foi lançado na Europa. Por que será?

Castlevania II: Simon’s Quest, NES
Minha idade:
7

Castlevania foi um dos primeiros games que joguei que introduziram o conceito de proteção. Em vez de ficar sendo atacado por inimigos toda hora, você podia mergulhar em um dos distritos de Castlevania sem se preocupar em perder uma vida. Isso fez tudo muito mais assustador. Fora desses distritos, você era atacado por esqueletos que ficavam indo pra frente e pra trás e lobisomens que não paravam de pular. Pior ainda, foi o primeiro game que eu joguei com ciclos de dia e noite. Quando a noite caía vinham umas músicas bem assustadoras e inimigos mais difíceis. Aí você ia pra uma cidade e via que todos os habitantes tinham lacrado suas janelas porque lá havia hordas de vampiros verdes escandalosos andando de um lado pro outro. Isso ficou na minha cabeça por um tempo.

I Have No Mouth And I Must Scream, DOS
Minha idade: 12

Quando criança, eu realmente só sabia o que era “estar assustado”, não “ficar apavorado”, esse tipo de medo metafísico e visceral. I Have No Mouth And I Must Scream tratou de me dar isso – é com certeza o número um da minha lista de coisas extremas às quais minha mente jovem não deveria ter sido submetida. É vagamente baseado na história de Harlan Elison com o mesmo nome – ele até fez a voz do supercomputador genocida do jogo. Era tipo uma dessas aventuras de apontar e clicar, à la Monkey Island ou Discworld, só que você jogava com os cinco sobreviventes de um apocalipse causado por um supercomputador sádico, que aprisionou todos eles em um cyber espaço e não tem nada melhor pra fazer que torturá-los com seus maiores medos. Um dos personagens é um ex-médico de um campo de concentração forçado a repetir seus crimes. Tinha bastante estupro, se me lembro bem. Não era um Yoshi’s Island.