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Tecnologia

Agora Sabemos a Causa do Zumbido Incessante em seu Ouvido

Enfim um caminho para acabar com o zuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmm.
Crédito: Wikimedia Commons

O zumbido, aquele ruído incessante no ouvido que afeta até 30% da população adulta, pode ter a mesma causa que dores crônicas, segundo uma nova pesquisa conduzida por pesquisadores alemães e norte-americanos. A descoberta pode deixar as pessoas que sofrem de ambas as condições um pouco mais perto do alívio.

Um estudo publicado na Trends in Cognitive Sciences descobriu que a "dor fantasma" de ambos os transtornos em geral começa como uma resposta a uma lesão e continua quando um "quebrador de circuitos" defeituoso no cérebro é incapaz de processar adequadamente a dor ou o ruído.

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Josef Rauschecker, um dos autores do estudo e diretor do laboratório de Neurociência Integrativa e Cognição da Universidade de Georgetown nos Estados Unidos, afirmou que, até o momento, nenhuma delas tem cura.

"A próxima etapa será para responder: 'como isso pode ser utilizado para descobrir a cura?'", ele disse. "Isso, é claro, é um desafio, mas esperamos fazer progressos nos próximos 5 a 10 anos."

Rauschecker afirmou que os estudos em neuroimagem de pacientes que sofrem com zumbido mostraram que a condição estava relacionada a sistemas cerebrais altamente cognitivos e afetivos.

Em complemento, outros pesquisadores da faculdade alemã Technische Universität München descobriram que o mesmo mecanismo estava envolvido na dor crônica. "Trata-se de uma ocorrência incrivelmente rara de dois campos independentes que chegam à mesma conclusão", afirmou Rauschecker.

No estudo, os pesquisadores investigaram os estímulos no cérebro por meio da tecnologia de imagem por ressonância magnética. Eles compararam pacientes que sofrem com zumbido àqueles que não tinham a condição e encontraram, no primeiro grupo, perda de volume do córtex pré-frontal, uma área que tem um papel importante no sistema límbico e que funciona como um "portão" ou área de controle para ruído e sinais de dor também associados à depressão.

"Esperávamos encontrar alterações no sistema auditivo, porém, o que realmente se sobressaiu foi a perda de volume significativa nessa parte do mPFC", ele afirmou. "Essa área também ficou em evidência quando produzimos ruídos desagradáveis. Não esperávamos ver nada ali, mas se relacionou com as descobertas anteriores."

Eles descobriram que o córtex ventromedial pré-frontal e o núcleo accumbens são parte de um sistema de "portaria" que determina que sons ou outros estímulos podem passar. Quando o sistema é imperfeito, pacientes afetados podem estar sujeitos a estímulos constantes e perturbações de longa duração.

Ainda de acordo com os estudiosos, a área, por estar associada à depressão e à ansiedade, pode fazer com que muitas vezes essas condições surjam junto com a dor crônica. Os pesquisadores agora procuram medicamentos que regulem esse sistema, como a dopamina e a serotonina, a fim de restaurar a função de "portaria" e eliminar a dor crônica.

"São distúrbios que nos afetam todos os dias e muitas milhões de pessoas não têm condições de curá-las, ao menos que compreendam seu funcionamento", afirmou Rauschecker.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri