Ser psicótico numa relação é daquelas coisas que toda a gente é, mas ninguém fala ou admite. Principalmente quando se é um gajo. Os gajos mantêm aquela imagem de que não são psicóticos, dominam bem a relação, não são ciumentos, não fazem perguntas, só querem ser deixados em paz. Esta plenitude é alcançada porque para os homens, as namoradas jamais os ousariam trair, ou abandonar e se o fazem… são umas putas. Eles projectam a imagem entre si que são o apogeu da performance sexual, intelectualmente assemelham-se a Newton e têm dinheiro como o caralho embora não demonstrem. Ou seja, uns príncipes.
Como já devem estar a pensar, isto não é bem assim. Mesmo tu aí que estás a ler esta merda bem sabes que não és nada disto, muito pelo contrário. Até há pouco tempo atrás, só as mulheres eram psicóticas. Só elas eram capazes de azucrinar a vida a um homem com as merdices delas, ciúmes, sentimentos de posse, etc. Embora os psicóticos (homens) já existam desde o ano 1358, só agora se começou a falar. Esta revelação deverá ter acontecido com algum gajo que comentou com a namorada o que o amigo fazia. Chegou até mim e decidi elaborar este guia para apimentar a vossa relação com depressão, paz podre, tortura, angústia e sexo super esquisito. Sim, porque eu não sou psicótico, ok? Domino por completo a minha relação.
“Ei, a minha gaja é livre como um passarinho.”
Existem vários caminhos a seguir, porém, vou apresentar apenas um.
Perguntem à vossa namorada com quantos gajos já andou
Primeiro ela vai dizer os gajos com que andou desde o secundário, ou seja, aqueles a quem deu beijinhos, os que curtiu no baile de finalistas, etc. Vocês dizem imediatamente: “Não, bebé, queria saber aqueles com que foste p'ra cama.” Reparem que aqui ainda se trata por bebé. Nesta fase ainda se está a criar o bicho em vocês. Ela aí vai ficar desconfortável… e vocês neste momento têm de começar a ficar fodidos. Surge o natural: “Mas porque é que queres saber?” Digam sempre que é por curiosidade. Depois de insistirem um pouco, ela lá diz que pinou com o ex-namorado, com o ex-ex-namorado e com um tipo que andou no primeiro ano da faculdade, mas que tinha uma namorada em Erasmus. Vocês, agora, iniciem a construção de um filme na vossa cabeça em que o enredo de tudo isto é mentira. Não foi nada disto que aconteceu. Ela aviou metade da Faculdade de Engenharia (e o vídeo deve estar na net). A partir deste momento, fiquem de trombas, entrem em modo silêncio e sejam antipáticos e indisponíveis para tudo. Podem começar a falar de uma amiga vossa que é “meeeeeesmo muito fixe” com quem se passou alguma coisa no passado. Depois podem masturbar-se incessantemente enquanto pensam na vossa namorada a ser comida pelo pessoal de Civil. Estes são só os colegas de termodinâmica Vejam o que ela anda a fazer
Agora que sabem que ela andou com meio mundo, o mais provável é ela andar a encornar-vos. Estejam atentos. Quando ela for tomar banho agarrem o telemóvel e vejam as mensagens, as últimas chamadas, as notas, o facebook, o email, tipo tudo. Tudo aquilo que corrobore a vossa certeza de que aquela gaja vos engana. Se não encontrarem nada, o que é possível, é porque ela apagou tudo muito bem apagadinho, mas… aquele sorrisinho no fim da mensagem do Gustavo quer dizer alguma merda. Logo de seguida, pesquisem esse tal de Gustavo: quem é, se tem namorada, onde mora, se tem dinheiro, etc. Depois perguntem à vossa miúda: “Olha, quem é o Gustavo?” Ela vai dizer qualquer coisa como: “Oh, já te falei, anda na pós-graduação comigo.” Vocês respondem com a única pergunta possível nesta fase: “Achas o gajo giro?” Ela vai começar a dizer merdices tipo: “Achas que sim? Claro que não!” Tretas. Acordem, ela anda a afiambrar o gajo nas vossas costas. Perguntem pela mensagem com o sorriso. Ela vai ficar doente por andarem a mexer no telemóvel dela e vai passar-se. O que é que significa? QUE VOS ANDA MESMO A TRAIR! Na discussão que deve agora estar a começar, vocês façam as perguntinhas todas: “Porque é que ficaste tão incomodada? Deve passar-se alguma coisa, só pode. Quem é ele, de facto? Andas com ele? Já andaste com ele?” Berrem bastante, ok? Imponham-se. “Pensas que eu não sei que me andas a trair, Paula?” A discussão, eventualmente, vai passar, mas tomem cuidado e reforcem medidas. Perseguição
Perante os vossos amigos — individuais ou do casal —, vocês estão bem. Domínio total. Podem parecer mais apagados e atentos ao telemóvel, mas não é por nada. No decurso do episódio anterior, comecem a ver onde ela está. Se sair para trabalhar ou para as aulas ou o ginásio, passem nesses sítios sem que ela saiba e depois liguem a perguntar onde ela está. De certeza que vai haver um jantar de trabalho ou de final de formação, ou outro jantarinho qualquer em que ela vos vai mentir. Passem nesses locais também, para ver com quem é que ela fala, como se comporta, etc. Insistam para irem ter com ela ou a irem buscar. Nesta altura, vocês, se não forem uns idiotas, já conseguem entrar no Facebook dela e eis que vêem um convite para um jantar de turma que ela disse que ia e vos ocultou. Liguem-lhe logo e façam planos para esse mesmo dia. Ela vai dizer que não pode porque… tem uma “seca” de um jantar. Passem-se, chamem-lhe nomes tipo lambisgóia e acabem com a merda da relação. “Não namoro com pessoas como tu, Paula! Foda-se!” Logo após terem terminado, comecem a ligar novamente. Ela não vai atender porque já deve estar a ser comida pelo Gustavinho, esse lacrau que deu cabo da vossa vida. Quando ela atender, vai parecer calma, sofrida e vai querer conversar. Vejam estes filmes, vão abrir-vos a mente! Consolidação
Ora bem, por esta altura vocês estão com aquele mixed feeling de que se calhar fizeram asneira mas ao mesmo tempo têm a certeza que ela vos enganou. O mais provável é vocês procurarem uma abordagem pseudo agressiva. Vão então ao encontro, mas ela vai estar fria e muito determinada para terminar a relação. Pudera, a gaja já anda mesmo com outro. Aliás, já antes andava. Quando se encontrarem ela vai estar cabisbaixa (hipócrita!), magoada (mentirosa!) e a querer despachar a conversa (pêga!). Assim que ela disser a típica frase: “É mesmo melhor acabarmos, depois do que me disseste e dos teus comportamentos, eu não quero estar mais com uma pessoa assim.” Vocês digam logo: “Ok. Já andas a pinar com outro não andas? Toda a gente me avisou de ti e eu estive sempre ao teu lado, nunca mais me vês. És tu que perdes!”, etc. Ela baza e vocês comecem de imediato a enviar mensagens a insultá-la, mas q.b. Destruam a imagem dela na cidade, persigam-na. Há algo muito fixe que podem fazer: arranjem uma amiga vossa ou então paguem a uma acompanhante e esfreguem isso na cara da vossa ex. É um bocado à novela, mas é bem psicótico e humilhante. “'Tás a ver, Paula?! A Araceli (ou pelo menos é o que mostra esta imagem dos classificados), é bem melhor do que tu e só custa 60 euros!" Períodos calmos e o de volta à carga
Após algumas semanas tempestuosas, chegam os momentos de calma. Vocês deixam de a perseguir (tanto), procuram refazer a vossa vida na noite, com quengas e isso, até que um dia a encontram. Há aquele “olá, tudo bem?”, ela vai estar muito cordial e completamente esquecida do que aconteceu, mas de bem com a vida dela. Vocês vão interpretar mesmo mal esta cena e vão achar que ela está a fim de uma segunda oportunidade e, então, vão armar-se em coninhas e enviar aquela mensagem a dizer: “Foi bom ver-te J.” Ela até responde algo simpático, mas distante deixando-vos no limbo. Passam-se umas semanas de mensagens pacíficas e polidas e vocês esticam a corda a convidá-la para um café. Aí, vai ser a morte do artista. Ela irá dizer que, provavelmente, é melhor não porque anda com uma pessoa. Tchhiii… caldo entornado e já se ouve ao longe o alerta psicótico. Mal ela vos diga isso, vocês respondam logo algo como: “Quem é ele? Eu conheço? Foste rápida… Já devia haver história!” Se ela demorar mais de 30 segundos a responder, liguem até que ela atenda. Mal ela atenda, perguntem logo (exactamente com estas palavras): “Então, já andas com outro? Já pinaste com ele? Quem é o filho da mãe? É o teu amigo Gustavinho?! Eu tinha razão!” Ela vai desligar o telefone na vossa cara e vocês aí mandem umas boas 40 mensagens a dizer merda, basicamente, só merda. Depois disto, procurem gajas parecidas com ela, andem à porrada quando a encontrarem de mão dada com alguém e, se algum dia arranjarem outra namorada, façam tudo de novo. Relações são isto mesmo. “É hilariante, eu sei! O meu ex-namorado não me comia como tu!” Façam bom proveito.
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Primeiro ela vai dizer os gajos com que andou desde o secundário, ou seja, aqueles a quem deu beijinhos, os que curtiu no baile de finalistas, etc. Vocês dizem imediatamente: “Não, bebé, queria saber aqueles com que foste p'ra cama.” Reparem que aqui ainda se trata por bebé. Nesta fase ainda se está a criar o bicho em vocês. Ela aí vai ficar desconfortável… e vocês neste momento têm de começar a ficar fodidos. Surge o natural: “Mas porque é que queres saber?” Digam sempre que é por curiosidade. Depois de insistirem um pouco, ela lá diz que pinou com o ex-namorado, com o ex-ex-namorado e com um tipo que andou no primeiro ano da faculdade, mas que tinha uma namorada em Erasmus. Vocês, agora, iniciem a construção de um filme na vossa cabeça em que o enredo de tudo isto é mentira. Não foi nada disto que aconteceu. Ela aviou metade da Faculdade de Engenharia (e o vídeo deve estar na net). A partir deste momento, fiquem de trombas, entrem em modo silêncio e sejam antipáticos e indisponíveis para tudo. Podem começar a falar de uma amiga vossa que é “meeeeeesmo muito fixe” com quem se passou alguma coisa no passado. Depois podem masturbar-se incessantemente enquanto pensam na vossa namorada a ser comida pelo pessoal de Civil. Estes são só os colegas de termodinâmica Vejam o que ela anda a fazer
Agora que sabem que ela andou com meio mundo, o mais provável é ela andar a encornar-vos. Estejam atentos. Quando ela for tomar banho agarrem o telemóvel e vejam as mensagens, as últimas chamadas, as notas, o facebook, o email, tipo tudo. Tudo aquilo que corrobore a vossa certeza de que aquela gaja vos engana. Se não encontrarem nada, o que é possível, é porque ela apagou tudo muito bem apagadinho, mas… aquele sorrisinho no fim da mensagem do Gustavo quer dizer alguma merda. Logo de seguida, pesquisem esse tal de Gustavo: quem é, se tem namorada, onde mora, se tem dinheiro, etc. Depois perguntem à vossa miúda: “Olha, quem é o Gustavo?” Ela vai dizer qualquer coisa como: “Oh, já te falei, anda na pós-graduação comigo.” Vocês respondem com a única pergunta possível nesta fase: “Achas o gajo giro?” Ela vai começar a dizer merdices tipo: “Achas que sim? Claro que não!” Tretas. Acordem, ela anda a afiambrar o gajo nas vossas costas. Perguntem pela mensagem com o sorriso. Ela vai ficar doente por andarem a mexer no telemóvel dela e vai passar-se. O que é que significa? QUE VOS ANDA MESMO A TRAIR! Na discussão que deve agora estar a começar, vocês façam as perguntinhas todas: “Porque é que ficaste tão incomodada? Deve passar-se alguma coisa, só pode. Quem é ele, de facto? Andas com ele? Já andaste com ele?” Berrem bastante, ok? Imponham-se. “Pensas que eu não sei que me andas a trair, Paula?” A discussão, eventualmente, vai passar, mas tomem cuidado e reforcem medidas. Perseguição
Perante os vossos amigos — individuais ou do casal —, vocês estão bem. Domínio total. Podem parecer mais apagados e atentos ao telemóvel, mas não é por nada. No decurso do episódio anterior, comecem a ver onde ela está. Se sair para trabalhar ou para as aulas ou o ginásio, passem nesses sítios sem que ela saiba e depois liguem a perguntar onde ela está. De certeza que vai haver um jantar de trabalho ou de final de formação, ou outro jantarinho qualquer em que ela vos vai mentir. Passem nesses locais também, para ver com quem é que ela fala, como se comporta, etc. Insistam para irem ter com ela ou a irem buscar. Nesta altura, vocês, se não forem uns idiotas, já conseguem entrar no Facebook dela e eis que vêem um convite para um jantar de turma que ela disse que ia e vos ocultou. Liguem-lhe logo e façam planos para esse mesmo dia. Ela vai dizer que não pode porque… tem uma “seca” de um jantar. Passem-se, chamem-lhe nomes tipo lambisgóia e acabem com a merda da relação. “Não namoro com pessoas como tu, Paula! Foda-se!” Logo após terem terminado, comecem a ligar novamente. Ela não vai atender porque já deve estar a ser comida pelo Gustavinho, esse lacrau que deu cabo da vossa vida. Quando ela atender, vai parecer calma, sofrida e vai querer conversar. Vejam estes filmes, vão abrir-vos a mente! Consolidação
Ora bem, por esta altura vocês estão com aquele mixed feeling de que se calhar fizeram asneira mas ao mesmo tempo têm a certeza que ela vos enganou. O mais provável é vocês procurarem uma abordagem pseudo agressiva. Vão então ao encontro, mas ela vai estar fria e muito determinada para terminar a relação. Pudera, a gaja já anda mesmo com outro. Aliás, já antes andava. Quando se encontrarem ela vai estar cabisbaixa (hipócrita!), magoada (mentirosa!) e a querer despachar a conversa (pêga!). Assim que ela disser a típica frase: “É mesmo melhor acabarmos, depois do que me disseste e dos teus comportamentos, eu não quero estar mais com uma pessoa assim.” Vocês digam logo: “Ok. Já andas a pinar com outro não andas? Toda a gente me avisou de ti e eu estive sempre ao teu lado, nunca mais me vês. És tu que perdes!”, etc. Ela baza e vocês comecem de imediato a enviar mensagens a insultá-la, mas q.b. Destruam a imagem dela na cidade, persigam-na. Há algo muito fixe que podem fazer: arranjem uma amiga vossa ou então paguem a uma acompanhante e esfreguem isso na cara da vossa ex. É um bocado à novela, mas é bem psicótico e humilhante. “'Tás a ver, Paula?! A Araceli (ou pelo menos é o que mostra esta imagem dos classificados), é bem melhor do que tu e só custa 60 euros!" Períodos calmos e o de volta à carga
Após algumas semanas tempestuosas, chegam os momentos de calma. Vocês deixam de a perseguir (tanto), procuram refazer a vossa vida na noite, com quengas e isso, até que um dia a encontram. Há aquele “olá, tudo bem?”, ela vai estar muito cordial e completamente esquecida do que aconteceu, mas de bem com a vida dela. Vocês vão interpretar mesmo mal esta cena e vão achar que ela está a fim de uma segunda oportunidade e, então, vão armar-se em coninhas e enviar aquela mensagem a dizer: “Foi bom ver-te J.” Ela até responde algo simpático, mas distante deixando-vos no limbo. Passam-se umas semanas de mensagens pacíficas e polidas e vocês esticam a corda a convidá-la para um café. Aí, vai ser a morte do artista. Ela irá dizer que, provavelmente, é melhor não porque anda com uma pessoa. Tchhiii… caldo entornado e já se ouve ao longe o alerta psicótico. Mal ela vos diga isso, vocês respondam logo algo como: “Quem é ele? Eu conheço? Foste rápida… Já devia haver história!” Se ela demorar mais de 30 segundos a responder, liguem até que ela atenda. Mal ela atenda, perguntem logo (exactamente com estas palavras): “Então, já andas com outro? Já pinaste com ele? Quem é o filho da mãe? É o teu amigo Gustavinho?! Eu tinha razão!” Ela vai desligar o telefone na vossa cara e vocês aí mandem umas boas 40 mensagens a dizer merda, basicamente, só merda. Depois disto, procurem gajas parecidas com ela, andem à porrada quando a encontrarem de mão dada com alguém e, se algum dia arranjarem outra namorada, façam tudo de novo. Relações são isto mesmo. “É hilariante, eu sei! O meu ex-namorado não me comia como tu!” Façam bom proveito.