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Tudo o que sabemos sobre a chacina de Osasco e Barueri

Nós não lidamos com a hipótese de grupos de extermínio dentro da instituição, falou o secretário de segurança pública Alexandre de Moraes.

Imagem de uma câmera que flagrou pessoas sendo assassinadas dentro de um bar em Osasco. Crédito: Reprodução

No dia 13 de agosto, uma quinta-feira, 18* pessoas foram mortas em uma chacina que aconteceu durante a noite nas cidades de Osasco e Barueri, região metropolitana de São Paulo. Outras sete pessoas também foram alvejadas e ficaram feridas.

De acordo com o secretário da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), Alexandre de Moraes, 18 policiais estão sendo investigados pelo crime. A suspeita existe por conta do modus operandi utilizado durante os ataques e pelo fato de que, dias antes, um guarda-civil e um policial militar foram assassinados na região. Em entrevista coletiva dada no dia 24, o secretário informou que a pasta está totalmente empenhada no caso. "É prioridade absoluta da SSP resolver os homicídios ocorridos. Não há dia, noite, não há sábado, domingo. As investigações continuam e vão continuar", relatou à imprensa.

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Para o ouvidor da Polícia de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves, "está claro que foram policiais". Em declaração ao jornal O Globo, ele considerou as técnicas perpetradas pelos criminosos – como a dominação das vítimas, o modo de empunhar as armas e a garantia de retaguarda – muito similares aos procedimentos utilizados pela própria PM.

AS QUATRO LINHAS DE INVESTIGAÇÃO

De acordo com a SSP, há quatro linhas de investigação postas em prática no momento. Elas envolvem a possibilidade de:

- participação de guardas civis;
- participação de policiais militares;
- participação de traficantes;
- participação conjunta de guardas civis e policiais militares.

MANDADOS E UM SOLDADO "DETIDO"
Por telefone, o Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo (TJMSP) informou à VICE que, até o dia 26, 19 mandados de busca e apreensão foram expedidos: 14 na sexta-feira (21) e cinco no sábado (22). No dia 26, a prisão preventiva do soldado Fabricio Emmanuel Eleutério foi decretada.

Anteriormente, Fabricio estava em "recolhimento administrativo" e não "preso", como a imprensa divulgou. Antes da prisão ser decretada, a assessoria de imprensa explicou: "Ele está recolhido administrativamente na Corregedoria. Não pode sair pra rua. E, se houver necessidade de prisão, aí eles [a Corregedoria] mandam pra cá o pedido de prisão temporária ou preventiva".

De acordo com uma reportagem publicada pela TV Globo, o policial foi reconhecido por uma vítima que sobreviveu à chacina através de fotografias. A matéria destaca que, em depoimento, o suspeito contou que, no dia do crime, esteve em casa até as 18h. Depois, buscou a namorada no trabalho e a levou para casa. Lá, eles teriam comido pizza, assistido a um filme e dormido. Por volta das 21h30, ele teria recebido uma mensagem no celular falando sobre os ataques em Osasco. Em depoimento, o policial teria admitido para a Corregedoria que estava afastado das ruas e que havia sido indiciado por cinco homicídios e por suspeita de integrar um grupo de extermínio. A justiça o teria inocentado em dois casos.

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Hoje, a Ponte noticiou que um dos policiais que integra a lista de suspeitos da chacina em Osasco e Barueri também é investigado por participar das mortes que aconteceram no dia 18 de abril na sede da Pavilhão 9, torcida organizada do Corinthians. Até a publicação dessa matéria, não conseguimos confirmar se as informações divulgadas pela Ponte são a respeito de Fabricio.

"Não há dia, noite, não há sábado, domingo. As investigações continuam e vão continuar", relatou o secretário de segurança pública Alexandre de Moraes.

As apreensões, que aconteceram nas residências dos suspeitos, servirão para que a SSP desenrole o caso. "Apreendemos diversos documentos, diversos celulares e provas que podem ser utilizadas ou não, dependendo agora do cruzamento das investigações", frisou o secretário Alexandre de Moraes.

Uma reportagem do SBT divulgou que dois guardas civis chamados William e Machado são suspeitos. Um deles, inclusive, moraria na mesma rua em que parte dos assassinatos aconteceu.

OS CRIMES
Segundo a polícia, o primeiro crime foi comunicado por volta das 21 horas e o último, aproximadamente às 23h. Nos locais, foram encontradas cápsulas de armas de calibre 38, 380, além de projéteis de 9mm, que são de uso exclusivo das Forças Armadas. No mesmo dia, aconteceu um homicídio em Itapevi, embora qualquer conexão com a chacina tenha sido descartada pela polícia posteriormente.

Um dia depois dos ataques, o secretário da SSP escalou 70 policiais civis e técnico-científicos para formar uma força-tarefa e investigar as mortes.

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Em Osasco, um Peugeot prata foi identificado em pelo menos cinco locais; além disso, uma moto preta foi vista em três endereços. Em Barueri, investigadores tiveram acesso a imagens e depoimentos que identificaram um Sandero prata no momento dos homicídios.

Em entrevista ao G1, o prefeito da cidade de Osasco, Jorge Lapas (PT), teria dito que, antes de atirar, os criminosos perguntavam às vítimas se elas possuíam antecedentes criminais.

Integrantes da ONG Rio de Paz fizeram ato na Avenida Paulista no dia 20. Crédito: Rio de Paz

RECOMPENSA DE R$ 50 MIL
Na semana passada, a SSP chegou a divulgar que pagaria R$ 50 mil para quem ajudasse com informações que levem à identificação dos criminosos. A pasta informou que esse foi o maior valor oferecido pelo Programa de Recompensa, lançado em maio de 2014 pelo Governo do Estado de São Paulo.

GRUPO DE EXTERMÍNIO?
Em entrevista coletiva dada no dia 25, o secretário Alexandre de Moraes deu novas declarações sobre a possibilidade de os policiais se organizarem para vingar a morte de outros soldados. "Nós não lidamos com a hipótese de grupos de extermínio dentro da instituição", falou.

LUTO
Na dia 20, integrantes da ONG Rio de Paz estiveram na Avenida Paulista protestando contra as mortes e exibindo uma faixa que questionava: "Quem matou os 18?". No mesmo dia, familiares das vítimas e moradores de Osasco se reuniram em frente a um bar no bairro de Munhoz Júnior, onde 10 pessoas foram baleadas e oito morreram. Lá, faixas de protesto e flores foram exibidas. Inclusive um cartaz com os dizeres: "A quebrada só pede paz, e mesmo assim é um sonho".

* Atualização: Na madrugada desta quinta-feira (27), uma jovem de 15 anos que estava hospitalizada morreu. Ela é a 19ª vítima da chacina. De acordo com o jornal Metro, Letícia Vieira Hillebrand da Silva foi baleada enquanto conversava com uma mulher na Rua Suzano, em Osasco.