QEremos Virada 2019 Belo Horizonte
Foto: Matheus Sá Motta/VICE

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Todas as tribos de Belo Horizonte se uniram pela volta da Virada Cultural

Coletivos como Quarteirão Eletrônico, Baile da Serra e @bsurda organizaram uma festa-protesto por uma edição do evento neste ano, que não é realizado na capital mineira desde 2016.

Debaixo do sol escaldante de Belo Horizonte em janeiro, milhares de jovens se reuniram na frente da Praça Rui Barbosa, popular Praça da Estação, no centro da cidade num domingo, dia 27. Apesar da total falta de brisa e de nuvens, as mais diferentes tribos urbanas esperaram algumas dezenas de minutos nas filas pra participar do evento QEremos Virada 2019, organizado pelo Quarteirão Eletrônico como forma de protesto pela capital mineira não ter sido agraciada pela prefeitura com uma Virada Cultural desde 2016.

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A diversidade da galera era um reflexo do line-up eclético: além da fritação do Quarteirão Eletrônico, se apresentariam no evento as também techneiras DJs do coletivo Masterplano, a festa LGBT @bsurda e a latina Mientras Dura, o funk do Baile da Serra e outros grupos essenciais para a cena cultural jovem de Belo Horizonte. Segundo um dos organizadores do Quarteirão Eletrônico, Felipe Reis, a pluralidade de nomes e estilos pretendia representar a mistura que sempre aconteceu na própria Virada. “Sempre rolaram vários gêneros e várias expressões artísticas: música, artes cênicas, artes visuais, literatura. A proposta sempre foi essa”, fala. “A cidade mudou, e hoje podemos ver claramente o crescimento de pólos alternativos que antes nem existiam.”

A Virada Cultural belorizontina é parte da história recente da cidade e, junto com a ascensão do funk mineiro e o Duelo de MCs que tradicionalmente era realizado no Viaduto da Santa Tereza, não muito longe da Praça da Estação, ajudou a dar uma nova identidade para os eventos culturais da cidade. A Lei Municipal nº 10.446/2012, que garantia que o evento acontecesse anualmente, foi votada na Câmara graças à ajuda do na época vereador Daniel Nepomuceno (PV) e foi cumprida nos cinco anos seguintes. Em 2017, porém, a Virada não aconteceu.

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Foto: Matheus Sá Motta/VICE

“A do ano retrasado foi cancelada, adiada para o ano passado e cancelada de novo. E a prefeitura não nos comunicou nenhuma razão para o não-cumprimento da Lei”, fala Felipe. Em 2017, a alegação da prefeitura foi falta de recursos; no ano seguinte, nenhuma justificativa foi dada para o evento não ter acontecido. Sem respostas oficiais da Prefeitura de Belo Horizonte ou da Secretária de Cultura, o evento-protesto foi marcado.

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A mistura de tribos não impediu que todos os sons fossem curtidos. Quando cheguei no evento, por volta das 13h, o coletivo @bsurda se apresentava e bombavam os hits pop nacionais e internacionais. O sol forte forçava a galera a ficar do lado esquerdo do palco, onde a sombra das árvores do Centro de Referência da Juventude de BH garantia que ninguém fritasse literalmente, mas não impedia que o público LGBT curtisse e que os mais malados de BH aguardassem o começo do Baile da Serra com as caixinhas de som e os passinhos a postos. Quando as DJs da Masterplano começaram a se apresentar, a reação ao techno dispersou um pouco o público de cara, mas não demorou muito até que novos grupos se formassem à frente do palco.

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Foto: Matheus Sá Motta/VICE

Ao fim do evento, o vereador Léo Burguês (PSL) subiu ao palco pra prometer que a Virada teria um retorno este ano. "Estamos acompanhando esse movimento pela Virada Cultural, eu acabei de falar com o prefeito Alexandre Kalil e vim aqui trazer um recado: 2019 vai ter Virada Cultural na cidade de Belo Horizonte!", declarou no evento. Enviei uma solicitação de entrevista para o Secretário de Cultura da cidade, Juca Ferreira, para perguntá-lo sobre a nova edição, mas fui respondida com uma nota da assessoria da prefeitura sobre a Virada:

"No intuito de manter a população informada e dar transparência aos procedimentos necessários para a realização da Virada Cultural, a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura esclarecem que foi publicado em 11 de janeiro de 2019, o chamamento público para seleção da Organização da Sociedade Civil que será parceira na gestão do evento. As inscrições para esta seleção acontecem de 1º a 15 de fevereiro de 2019. A Virada Cultural de Belo Horizonte acontecerá no primeiro semestre de 2019."

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A nota também comenta sobre as razões para o evento não ter acontecido nos últimos anos, justificando com dificuldades burocráticas como atrasos nos processos de licitação.

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Foto: Matheus Sá Motta/VICE

Para Felipe, a QEremos foi um sucesso também como rolê, mas seu grande trunfo está na volta da realização da Virada – segundo ele, essencial para a transformação cultural pela qual a cidade está passando. "Acho que BH está caminhando pra maturidade de uma cidade com cara de capital do estado. Estamos trazendo referências e formando opinião por aqui", fala. "Hoje temos vários centros culturais que contemplam setores em destaque não só na cidade, mas no Brasil como um todo. O acontecimento da Virada, então, é fundamental para esse momento de transição."

Veja mais fotos do rolê abaixo:

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Foto: Matheus Sá Motta/VICE

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Foto: Matheus Sá Motta/VICE

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Foto: Matheus Sá Motta/VICE

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Foto: Matheus Sá Motta/VICE

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