O hacker que ajudou a prender o chefe do cartel de Sinaloa está em apuros

Em 2 de maio de 2017, o governo mexicano prendeu Dámaso López Núñez, suposto herdeiro do cartel de Sinaloa, uma das organizações criminosas mais poderosas do mundo. Embora as autoridades do México tenham passado os últimos 15 anos sem nenhuma foto de López Núñez, o criminoso foi localizado e preso graças a um vídeo gravado secretamente com smartphone hackeado.

Desde então, a imprensa mexicana noticiou que o homem responsável pela gravação, descrito como hacker, e que arriscou sua vida ao trair López Núñez, estaria “sob proteção” do governo americano. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, o hacker não está nos EUA, e sim no México.

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Em entrevista dada no esconderijo do qual não sai há dias, o hacker disse ao Motherboard que teme que o cartel tente vingar a prisão de López Núñez, seu ex-empregador. Também diz se sentir abandonado pelo governo mexicano.

No ano passado, afirma o hacker, policiais lhe ofereceram proteção e US$1.5 milhão — a mesma recompensa oferecida pelo governo mexicano a quem entregasse Joaquín “El Chapo” Guzmán, chefe da quadrilha — caso ele os ajudassem a prender López Núñez. Ele diz, porém, estar preso em uma espécie de purgatório, esperando em vão que o governo mexicano cumpre suas promessas.

“Não foram eles que pegaram López Núñez”, disse o homem, que deseja se manter no anonimato por motivos de segurança. “Fui eu que peguei. Eu o encurralei, o expus e filmei seu rosto, e se eu não tivesse feito isso, eles nunca saberiam quem prender.”

Em 2013, promotores americanos acusaram López Núñez de estar envolvido em crimes como o narcotráfico e a lavagem de dinheiro. Estimam que o valor acumulado por suas atividades criminosas dentro do cartel equivaleria a US$280 milhões. Também conhecido como “El Licenciado” – ou o Bacharel, uma referência à sua formação em direito, que inclui um breve período como funcionário no escritório do procurador do estado de Sinaloa — López Núñez estava destinado a comandar um dos maiores cartéis do mundo. Em fevereiro, ele teria tentado matar, sem sucesso, dois dos filhos de Chapo e Ismael “El Mayo” Zambada, líder de outra facção do cartel de Sinaloa.

“Eles não pegaram ele. Fui eu que peguei. Eu o encurralei, o expus e filmei seu rosto”.

A primeira fotografia de López Núñez foi divulgada em abril, quando um jornalista mexicano publicou imagem do então inédito vídeo. No dia 24 de abril, apenas oito dias após a prisão de López Núñez, outro repórter publicou o vídeo na íntegra. Segundo este mesmo repórter, o vídeo teria sido gravado por um hacker que vive hoje nos Estados Unidos sob proteção do governo americano.

“O governo mexicano ofereceu para ele proteção e uma recompensa”, nos informou um funcionário que trabalhou em conjunto com órgãos do governo mexicano responsáveis por investigações e detenções de narcotraficantes. “Uma recompensa muito boa, diga-se de passagem”, disse o agente do Estado, que escolheu manter-se no anonimato devido à delicadeza do tema em questão.

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