Este artigo foi originalmente publicado na VICE Grécia.
Foram precisos três dias para completar a evacuação do acampamento de refugiados de Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedónia, onde cerca de 13 mil pessoas estiveram bloqueadas durante meses, com a esperança de conseguirem passar para o outro lado e começarem uma vida nova na Europa. Segundo a Agência de Notícias Estatal, os últimos 783 refugiados foram levados em 18 autocarros e distribuídos por uma série de abrigos em Tessalónica.
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Depois de evacuado, Idomeni transformou-se num baldio onde apenas se ouve o barulhos dos camiões que tentam limpar e retirar tudo o que foi deixado para trás. Em frente às tendas havia caixas com restos de comida, bonecas e brinquedos cobertos de pó, desenhos feitos pelas crianças e carrinhos de bebés debaixo de árvores. Depois de finalizada a operação policial, na última quinta-feira foi reaberta a linha ferroviária entre Belgrado e Tessalónica. Entretanto, o diário económico Naftemporiki adianta que o encerramento da Estação de Comboios de Idomeni nos últimos 70 dias, causou prejuízos na ordem dos 2,5 milhões de euros à companhia ferroviária grega.
Em 2015, passaram por Idomeni mais de 800 mil refugiados e imigrantes, num périplo pela chamada rota dos balcãs, em direcção à Europa central. No entanto, em meados de Março as fronteiras foram encerradas e milhares de pessoas ficaram presas em território grego. Idomeni, uma pequena povoação de 100 habitantes, a maioria idosos, converteu-se num símbolo do drama dos refugiados na Europa. “Nós não os impedimos de ir para onde queriam ir. A Grécia não colocou nenhuma barreira. Desde o início que o nosso objectivo se focou na atenção às questões humanitárias e na organização da sua deslocação para o resto da Europa”, explicou à imprensa o o responsável grego da Protecção aos Cidadãos, Nikos Toskas.
Todavia, uma preocupação subsiste: nos três dias que durou a evacuação, 3.817 refugiados foram deslocados em autocarros. No entanto, no dia anterior ao começo da operação, o governo grego tinha anunciado que estavam 8.500 pessoas em Idomeni. Ou seja, há cerca de cinco mil pessoas que, ou ficaram deixadas à sua sorte, ou se esconderam nalgum local próximo da fronteira, na esperança de encontrarem uma maneira de a cruzarem e chegarem à Macedónia. Também os Médicos Sem Fronteiras denunciaram a falta de informação durante esta operação e as restrições impostas à ajuda humanitária aos refugiados. “Sejamos sinceros, A evacuação de Idomeni não pode ser considerada como uma situação voluntária, já que não foi dada qualquer outra opção a esta gente, nem tão pouco informação, ou assistência”, salienta Loic Jaeger, chefe de missão dos Médicos Sem Fronteiras na Grécia.