Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma VICE News.
A administração Trump, em conjunto com a França e Reino Unido, começaram na madrugada de sábado, 14 de Abril, (ainda noite de sexta-feira, 13, nos Estados Unidos) a lançar mísseis de precisão sobre alvos associados ao programa de armas químicas da Síria.
A intervenção acontece menos de uma semana depois de o regime do presidente Bashar al-Assad ter alegadamente levado a cabo o que a comunidade internacional suspeita ter sido um ataque químico a uma área ocupada pelos rebeldes nos arredores da capital síria, Damasco. Imagens desse ataque mostram crianças a espumar da boca, entre outros ferimentos.
Num discurso que antecedeu a acção conjunta, Trump descreveu a situação como "crimes de um monstro" e acrescentou que as forças aliadas estavam preparadas para "manter uma resposta" até que os ataques químicos parem, sugerindo assim a possibilidade de, num futuro próximo, existirem mais iniciativas militares.
Trump avisou ainda a Rússia - país que tem activamente negado a existência de ataques químicos na Síria - de que a intervenção da madrugada de sábado é um "resultado directo" do falhanço russo em impedir Assad de usar armas químicas. “A Rússia tem de decidir se quer continuar a a seguir o caminho das trevas", alertou Trump. E o presidente norte-americano acrescentou: "Esta noite, o propósito das nossas acções é restringir severamente a produção, disseminação e uso de armas químicas. Fazê-lo é uma questão vital para a segurança interna dos Estados unidos".
Antes de se tornar presidente, Trump criticou repetidamente a política do então presidente Barack Obama em relação à Síria, apelando por diversas vezes ao líder norte-americano para que não se envolvesse. No entanto, enquanto presidente, Trump aumentou o número de tropas no terreno na regiã, bem como o número de ataques aéreos ao auto-proclamado Estado islâmico.
Por sua vez, a líder do governo do Reino Unido, Theresa May, emitiu um comunicado pouco depois do anúncio de Trump, em que garantia que esta tinha sido a sua última e única opção. "Não se trata de uma intervenção numa guerra civil. Não se trata de mudar o regime. Trata-se, sim, de um ataque limitado e específico, que não tem como objectivo o escalar das tensões na região e em que fazemos todos os possíveis para evitar baixas civis", salientou May. E acrescentou: "Preferíamos outro caminho, mas, neste caso, não tínhamos outro".
Vários meios de comunicação relatam que, em Damasco, foi possível ver e ouvir inúmeras explosões no céu.
Em Abril de 2017, o presidente Trump, autorizou ataques semelhantes. Na altura, navios de guerra norte-americanos lançaram 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk sobre uma base militar síria, em resposta a ataques químicos levados a cabo pelo regime de Assad.
Os ataques desta madrugada, no entanto, têm gerado algumas reacções negativas por parte de legisladores norte-americanos, que questionam a autoridade de Trump para lançar acções militares sem a aprovação do Congresso. A representante do Partido Democrata, Barbara Lee, da Califórnia, entre outros, aproveitaram o Twitter para condenar esta acção militar de Trump.
"Ao bombardear a Síria de forma ilegal, o presidente Trump negou mais uma vez ao povo norte-americano qualquer possibilidade de supervisionização ou responsabilização nesta guerra sem fim", escreveu Lee. E acrescentou: "É o Congresso, e não o presidente, que tem o poder de autorizar acções militares".
Já o senador Bob Casey, da Pensilvânia, escreveu: "Apesar de estar em funções há 15 meses, a administração não levou a cabo quaisquer iniciativas para delinear uma estratégia para a Síria. Mais. A administração falhou ao não pedir autorização ao Congresso para avançar com acções militares contra o regime de Assad".
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