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Por que algumas pessoas ficam mais legais e outras ficam escrotas quando chapam o coco?

Uma lição que aprendemos: Sua própria expectativa do que drogas e álcool vão fazer com você tem um grande papel no efeito real.
Foto: Maciej Dakowicz / Alamy Stock Photo.

Matéria originalmente publicada na VICE Reino Unido.

Por que beber e usar drogas deixa algumas pessoas mais divertidas, mas outras viram um desastre completo?

Enquanto um dos seus amigos precisa ser impedido de tentar se meter com o segurança da balada, outro sempre começa a chorar depois de certa quantidade de álcool. Aquele cara tímido do seu grupo de repente via o gêmeo perdido do Conor McGregor ainda mais metido a besta, enquanto aquele cara falador fica excepcionalmente sincero e te diz em detalhes, por muito mais tempo que o necessário, porque ele te ama tanto como amigo. Outros – a maioria, na verdade, a não ser que seu grupo de amigos seja bem bosta – vão só curtir fazendo um pouco mais de bagunça que o normal.

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Todo mundo sabe que isso é verdade, mas o que não sabemos é por que pessoas que ingeriram a mesma quantidade de alguma substância que altera a mente se comportam de jeitos tão diferentes quando bate a onda. Beber e usar drogas traz para a superfície o que está escondido dentro de nós? Algumas pessoas são predispostas a reações específicas? E tem alguma coisa que você pode fazer para alterar ou evitar esses resultados?

A Dra. Raffaella Margherita Milani – líder do curso de Estudos de Uso de Substância da University of West London – diz que há muitos fatores para determinar como drogas afetam um indivíduo: genética, características físicas, idade, gênero, estado mental, etc. Quão rápido alguém metaboliza drogas como o MDMA vai afetar positiva ou negativamente como ela reage aos efeitos da droga.

Jeremy Frank, um psicólogo especializado em vício, concorda. Ele diz que enquanto a ciência exata de como drogas e álcool afetam nosso cérebro e corpo de maneiras diferentes é desconhecida, “sabemos que diferentes drogas afetam diferentes áreas do nosso cérebro, e diferentes neurotransmissores e outros hormônios – mas também acontece que a mesma droga pode fazer algumas pessoas experimentarem uma onda de dopamina enquanto outras experimentam uma onda de serotonina”.

“Nossa química varia muito de pessoa para pessoa”, ele acrescenta, “e é por isso que uma pessoa pode experimentar um efeito de uma droga de um jeito e outra sente um impacto ou efeito completamente diferente”.

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Enquanto a ciência vai por um caminho para explicar os efeitos diferentes que álcool e drogas têm em pessoas diferentes, a resposta está principalmente na psicologia.

Frank diz que, parcialmente, “nossas expectativas também têm um papel em como drogas ou álcool nos afetam” e que “uma pessoa pode ter certas expectativas para o que álcool e drogas podem fazer para ela, enquanto outras têm ideias completamente diferentes, e essas ideias, expectativas ou 'cognições' podem realmente influenciar ou prever qual experiência ou resultado teremos”.

Ele diz ainda que “se você acha que beber um pouco antes de uma festa te ajuda a relaxar, há uma boa chance disso ser verdade. Se você acha que usar cocaína diminui suas inibições ou às vezes sua raiva aparece, tem uma boa chance dessas coisas acontecerem. Jogue aí como algumas drogas realmente derrubam inibições, como o álcool e benzodiazepinas, e você realmente tem comportamento impulsivo e uma diminuição das inibições”.

A Dra. Milani concorda, dizendo que “expectativas, experiências anteriores e traços de personalidade também influenciam a maneira como indivíduos experimentam substâncias – por exemplo, aqueles que são mais sensíveis para recompensa e buscam sensações têm mais chances de relatar uma experiência mais positiva com estimulantes, mas também tem mais chances de desenvolver vício por essas substâncias”.

Drogas podem ter efeitos muito variados, dependendo de todos esses fatores. No entanto, se você está falando só sobre o álcool, as respostas são mais claras.

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Como os principais efeitos do álcool são aumentar a impulsividade e diminuir inibições, os comportamentos que já estavam fervendo abaixo da superfície têm mais chances de aparecerem. Milani diz que enquanto o álcool pode nos deixar mais eufóricos e amigáveis, se a pessoa é impulsiva e agressiva, ela tem mais chances de atacar quando bebe do que alguém que geralmente é mais calmo. Como o álcool também reduz nossa percepção de risco, temos mais chances de nos envolver em comportamentos negativos.

A Dra. Kate Blazey, psiquiatra consultora da Addaction, diz que enquanto o álcool e drogas podem reduzir sua ansiedade e te ajudar a relaxar no começo, depois de um tempo, isso provavelmente vai aumentar o seu humor subjacente. Por exemplo, se alguém está deprimido, a pessoa provavelmente vai se sentir mais deprimida quanto mais beber. Se quando começa a beber você está se sentindo amigável, ou triste, ou eufórico, esses sentimentos serão exacerbados quanto mais você bebe. Com estimulantes como a cocaína, os usuários têm mais chances de serem agressivos e agitados – sentimentos que vão, naturalmente, ser mais claros se você já é uma pessoa propensa a se sentir agressiva e agitada.

Segundo Jeremy Frank, há pouca pesquisa para confirmar que drogas podem realmente aumentar variáveis ou tendências de personalidade para certos comportamentos que já são inerentes da pessoa. No entanto, ele acredita que isso só acontece porque drogas liberam as inibições gerais, então fatores subjacentes de personalidade podem ser exacerbados quando a pessoa bebe ou usa drogas. Mas ele acrescenta que isso acontece porque, às vezes, “algumas pessoas usam o fato de estarem chapadas ou bêbadas como desculpa para se comportar do jeito como se comportariam de qualquer maneira”.

No final das contas então, álcool e drogas diminuem nossas inibições e nossa percepção de riscos, e por isso podemos nos comportar de uma maneira que tentamos evitar geralmente. Por que certas pessoas se comportam de maneiras específicas ainda está longe de ser esclarecido, mas é bem possível que isso já tenha a ver com como a pessoa estava se sentindo antes das substâncias serem ingeridas.

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