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Sexo

Muitas adolescentes não sabem que podem pegar DSTs no sexo lésbico

Um novo estudo da Universidade da Colúmbia Britânica analisou ideias equivocadas das garotas do ensino médio sobre sexo entre mulheres.

Matéria originalmente publicada na VICE Canadá.

Lembra aquela aula de educação sexual que você teve na escola em que todo mundo aprendeu a colocar camisinha numa banana? Segundo um novo estudo da Universidade da Colúmbia Britânica, essas aulas não estão ajudando muito garotas adolescentes bissexuais e lésbicas.

O estudo publicado no Journal of Adolescent Health, em colaboração com a ONG Centre for Innovative Public Health Research, revela algumas ideias brutalmente equivocadas sobre saúde sexual de garotas de 14 a 18 anos nos EUA. Entrevistando 160 adolescentes que se identificavam como queer, os pesquisadores notaram grandes falhas na educação sexual das escolas de ensino médio.

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“Nunca pensei na transmissão de DSTs entre garotas. Nunca me ensinaram sobre DSTs de mulher para mulher”, disse uma garota de 15 anos aos pesquisadores.

“Ninguém que eu conheça sabe como fazer sexo lésbico seguro”, respondeu outra de 18 anos. “Procurei na internet quando comecei a fazer sexo e não achei nada sobre o que usar para se proteger se você é lésbica.”

Os pesquisadores argumentam que muitas lésbicas e bissexuais não sabem que podem pegar DSTs de outras garotas porque educação sexual é pensada para seus colegas héteros. O estudo sugere programas de prevenção de DSTs explicitamente voltados para sexo gay e lésbico.

“O que nos surpreendeu foi a total falta de conhecimento quando se tratava de sexo seguro entre parceiras mulheres”, disse a pesquisadora de saúde jovem da UCB Jennifer Wolowic numa declaração. “Quando perguntamos por quê, muitas nos disseram que não acharam suas aulas de educação sexual – se é que tiveram alguma – muito informativas. E mesmo quando elas faziam perguntas, o foco no sexo heterossexual as deixava desconfortáveis.”

Segundo o estudo, o risco de DSTs e gravidez está em ascensão entre adolescentes queer. Doenças como HPV podem ser transmitidas pelo contato de pele, ou através de fluídos compartilhados por brinquedos eróticos.

Muitas das participantes associavam camisinha a gravidez, e não associavam isso a parceiras sexuais. Muitas disseram que confiavam mais em parceiras mulheres quando se tratava de saúde sexual.

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As garotas que participaram do estudo tinham várias razões para não querer usar métodos de barreira de proteção com outras garotas. Algumas achavam que usar dental dams [um retângulo de látex vendido nos EUA] acabaria com o clima, enquanto outras achavam que isso poderia reduzir a sensação.

“Nunca usei uma barreira porque sinto que seria estranho”, diz a resposta de uma garota de 18 anos. “Tipo, colocar um pedaço de plástico na vagina dela não parece muito sexy.”

Outras simplesmente não sabiam onde comprar o produto. “Onde diabos você compra dental dams?”, respondeu uma garota de 15 anos. (Para deixar registrado, você pode comprar pela internet ou numa sex shop local – mas vai ser difícil mesmo achar na farmácia da esquina.)

Em vez de usar camisinhas ou dental dams, algumas garotas disseram que preferiam fazer exames regularmente com uma parceira de longo prazo. “Se estamos limpas, prefiro não usar nenhuma barreira.”

Muitas das participantes sexualmente ativas disseram que não usavam proteção, mas algumas disseram que usariam camisinha ou dental dams durante transas casuais no futuro. “Se é uma coisa de uma vez só, então eu definitivamente usaria dental dams ou camisinhas”, uma adolescente disse aos pesquisadores. “Porque, para uma coisa de uma noite, você não vai querer perguntar sobre DSTs ou histórico sexual da pessoa, especialmente se você já estão no momento íntimo.”

Apesar de o estudo ter o foco no comportamento sexual de adolescentes norte-americanas, a principal autora da pesquisa da UCB, Elizabeth Saewyc, disse que os pesquisadores encontraram as mesmas tendências entre adolescentes queer canadenses.

O Canadá tem diretrizes nacionais para garantir que educação sexual inclua informações para “minorias jovens”. Mas Saewyc disse que as diretrizes “não fornecem guias detalhados e específicos sobre o tipo de informação que é relevante, e as escolas podem não fornecer informação apropriada para a idade e corretas medicamente atualizadas para jovens LGBTQ”.

“Jovens precisam de informações corretas sobre saúde sexual, mas a educação sexual tradicional se foca em sexo heterossexual”, disse Saewyc. “Nossas descobertas sugerem que precisamos criar um currículo mais inclusivo para ajudar lésbicas e bissexuais a terem o conhecimento que precisam para tomar decisões sexuais saudáveis.”

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