Uma mulher e um homem fotografados com ultravioleta
Fotografia Pierre-Louis Ferrer.
Saúde

Este fotógrafo capta os danos imperceptíveis que o Sol causa à tua pele

A cativante fotografia ultravioleta de Pierre-Louis Ferrer revela o muito que nos afectam os raios solares, o fumo ou a poluição.

Este artigo foi originalmente publicado na i-D US.

A obsessão por práticas que prometem uma pele perfeita está cada vez mais presente na Internet. Máscaras, soros, cremes faciais, esfoliantes… Estas rotinas são apresentadas como tentativas de recuperar o controlo sobre os nossos corpos e dominar a forma como reagimos aos factores de stress. Sim, aceitámos viver num mundo cheio de "notícias falsas", ecrãs e poluição nos centros das nossas cidades, mas parece que não o queremos admitir.

Publicidade

No entanto, não importa quanto dinheiro gastemos; a nossa pele vai sempre contar a verdadeira história das nossas vidas. Agora, Pierre-Louis Ferrer, um fotógrafo sediado em França, está a concentrar todos os seus esforços de trabalho em tornar visíveis as nossas manchas permanentes. A sua fotografia ultravioleta revela os danos causados pelo Sol e o envelhecimento prematuro da pele, permanentemente gravados nos nossos corpos.

Esta série de retratos em tons sépia é estranha e, ao mesmo tempo, encantadora. Os sujeitos de Ferrer olham para a câmara sem vergonha ou auto-consciência, mesmo estando polvilhados com numerosas marcas castanhas derivadas dos raios do Sol. Isso ocorre porque, devido ao processo específico da fotografia ultravioleta, os modelos de Ferrer só podem ver as suas marcas depois de a fotografia ter sido tirada e processada no Photoshop. "É como se os sujeitos se vissem ao espelho pela primeira vez ao fim de um ano", explica Ferrer à i-D. E acrescenta: "Ficam fascinados com as fotos".


Vê: "Grace Neutral investiga a indústria multimilionária da beleza na Coreia do Sul"


Abaixo, Ferrer fala com a i-D sobre os aspectos técnicos da fotografia com raios UV e como é captar os danos causados pelo Sol aos seus amigos e familiares.

i-D: Quando é que começaste a experimentar com a fotografia ultravioleta?
Pierre-Louis Ferrer: Primeiro, comecei a experimentar com a fotografia de infravermelhos há sete anos. Depois, há dois anos, comecei a brincar com a fotografia UV. É um tipo muito interessante de fotografia. Permite-me criar retratos sobre a vida de outras pessoas. A nossa pele é um testemunho das nossas experiências. A fotografia UV pode revelar coisas como a exposição ao Sol, fumo ou poluição e sobre como todas essas coisas afectam o nosso corpo.

Publicidade

Como é que encontraste os modelos e lhes pediste que participassem na série?
Muitos deles são meus amigos. A fotografia UV é interessante porque, seja qual for o tipo de sujeito humano fotografado, não podes pensar na fotografia antes de a ver sob luz UV, porque estás a fotografar partes invisíveis do corpo. O que eu acho fascinante nesta técnica é como posso mostrar novas formas para que os sujeitos se vejam a si próprios.

O que também é realmente interessante é o quão parecidos todos que somos debaixo desta luz. Não se vê a raça da mesma maneira que a vemos na vida normal. O que pensas disso?
A fotografia UV não cria informações falsas, revela novas informações. Portanto, as pessoas ficam felizes, porque sabem que o que vêem é real. Devido às redes sociais, as imagens são realmente importantes hoje em dia e veres-te sem maquilhagem, sem nada a esconder, para mim é importante. Perceber que o nosso corpo não é apenas o que vês nele, mas também o que está dentro.

Que outros grandes fotógrafos admiras?
Em primeiro, Richard Mosse, pelas suas fotografias de infravermelhos durante a Guerra do Congo. Também tirou fotos dos campos de refugiados. Outro é Don McCullin, um fotógrafo inglês. Admiro a sua dedicação ao trabalho e a sua capacidade de testemunhar conflitos e tornar as nossas mentes mais conscientes sobre o que está a acontecer.

Quais são as tuas fotografias preferidas da série?
O retrato da minha mãe, Estelle. O foco do díptico está no nariz, porque ela tinha muita vergonha do nariz quando éramos jovens. Para este projecto, queria fazer dípticos compostos por uma parte de retratos e outra de detalhes do corpo. Portanto, quando vi a minha mãe, soube logo que me queria concentrar no seu nariz.

Publicidade
1561479162817-brut_raw_serie_photography_photographie_ultraviolet_UV_portrait_modele_taches_rousseur_freckles_pierre-louis_ferrer_HD_14-1143x1600
1561479179094-brut_raw_serie_photography_photographie_ultraviolet_UV_portrait_modele_taches_rousseur_freckles_pierre-louis_ferrer_HD_19-1143x1600
1561478887487-brut_raw_serie_photography_photographie_ultraviolet_UV_portrait_modele_taches_rousseur_freckles_pierre-louis_ferrer_HD_8_bis-1143x1600
1561479124891-brut_raw_serie_photography_photographie_ultraviolet_UV_portrait_modele_taches_rousseur_freckles_pierre-louis_ferrer_HD_1-1143x1600-1
1561479138615-brut_raw_serie_photography_photographie_ultraviolet_UV_portrait_modele_taches_rousseur_freckles_pierre-louis_ferrer_HD_20-1143x1600-1
1561479146761-brut_raw_serie_photography_photographie_ultraviolet_UV_portrait_modele_taches_rousseur_freckles_pierre-louis_ferrer_HD_7-1143x1600

Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.

Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.