Lil Dicky vive obcecado com uma velha questão dos homens inseguros. O motivo é que é diferente… (Cortesia FXX)
Como se não bastasse o “bicho” que deu cabo da espuma dos dias, agora os EUA olham novamente ao espelho em virtude de mais um negro assassinado pelas autoridades locais - a autópsia confirmou a morte de George Floyd, em Minneapolis, por asfixia.Seguiram-se manifestações anti-racismo com frases de ordem como “I can’t breathe”, as atitudes miseráveis de Trump, o discurso emocionado de Killer Mike (dos Run The Jewels) ou os inevitáveis motins. Apesar de tanta revolta, fica a ideia de que a violência desproporcionada da polícia contra a comunidade negra não vai acabar tão cedo. Será a verdadeira pandemia neste país a de âmbito racial, como diz George Clooney? O fantasma da ralé esclavagista parece obstinado em fixar-se no presente.De certa maneira, Dave tem características semelhantes ao também humorado Atlanta (projecto desenvolvido por Donald Glover aka Childish Gambino). Fala de como atingir o sucesso num mundo competitivo, mostra um ou outro esquema para lá chegar e distribui alguns “paivas” para animar o espírito.São dez tomos com muito de hilariante, em particular o terceiro "Hypospadias". É ver e descobrir a razão do “pipi premium” e porque é que ainda vais pensar em abrir um buraco lascivo numa mesa. Episódio a-lu-ci-nan-te.
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Em vários países, os protestos foram contra essa nefasta memória e contra a actual segregação económico-social (no fundo, a favor de qualquer minoria oprimida). O movimento Black Lives Matter significa, em 2020, um turning point? A cronista do The Guardian, Suzanne Moore, acredita que sim. Que a sua previsão bata certo com o destino da História.O êxito do rap e do r&b na indústria musical são das conquistas mais visíveis dos afro-americanos, nas últimas três décadas (Obama na presidência é a maior de todas). Dave é a série televisiva disponível na HBO Portugal que revela um pouco disso, mas, em termos práticos, é uma comédia que segue um judeu neurótico que ambiciona atingir a primeira Liga do hip-hop. Há neuras tão engraçadas que o discurso do protagonista faz lembrar, em algumas situações, o incontornável Seinfeld…A obsessão pelo tamanho do pénis é um dos factores que ajuda ao poder cómico da narrativa. Sendo Dave Burd o criador da série e Lil Dicky o seu heterónimo enquanto rapper, é normal que a verosimilhança se misture com ficção nesta paródia de cariz pessoal. Fica a dúvida: será que o seu “pau” é, na realidade, pequeno e estranho devido a operações em bebé que o fazem declarar “My dick is made of balls”? Por favor, não nos peças para procurar a resposta nos testículos.Nem tudo desemboca nos caprichos e planos de Dicky. Podes contar com a actriz Taylor Misiak no papel de namorada compreensiva, Travis Bennet como amigo de infância e fornecedor dos beats ou com o vibrante Gata que, na vida real, é parceiro musical de Burd. O colega de apartamento que lhe lava as costas por causa do acne e a designer que lhe trata do logotipo - interpretados por Andrew Santino e Christine Ko - , completam o quinteto que gere as expectativas de alguém que tem a convicção de que vai ser um ícone. Aspiração desmedida?
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