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Música

Laidback Luke Responde a Seth Troxler

“Talvez nós tenhamos mais em comum do que gostaríamos de admitir.”

Há alguns dias, publicamos a crítica contundente que o Seth Troxler nos escreveu sobre tudo na EDM e no cenário atual da dance music. Hoje o Laidback Luke respondeu ao Troxler, ponto por ponto.

"O EDM não é uma cultura."

É definitivamente uma cultura! Uma cultura modinha à primeira vista, mas na verdade ela está por aí há anos. Nos Estados Unidos sempre houve uma grande cena de rave underground com adeptos vestindo roupas largas, mochilas e neon candy. Eles foram indo do dance ao trance, techno e electro por mais de uma década. O público de EDM é um público jovem; O EDM é a introdução deles aos festivais, eles acreditam mesmo na coisa e tentam viver todo o lance PLUR (Paz, Amor, União e Respeito, em inglês). Não chamar isso de cultura é ter uma visão muito estreita.

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"Agora todo mundo acha que um 'bom evento' é aquele que estiver bem carregado de corpos e 'energia': carregado-de-energia-ao-extremo!"

Absolutamente é. É uma questão de fúria. Uma questão de excitação. Não se esqueça, nós vamos para raves desde pequenos. Pra mim tudo começou com o som rave do Reino Unido no início dos anos 90, e evoluiu pras coisas dance mais pesadas da Alemanha e dos gabbers holandeses. Nós todos fomos adolescentes prontos pra zuar de montão. Quando você envelhece, de repente tudo isso começa a não ser mais legal e parece que você tem que se divertir como uma pessoa madura sofisticada, degustar vinhos. Eu ainda curto pular, suar e perder a cabeça, pra ser sincero. Eu relaxo quando não estou festejando. Espera aí, a questão não era festa no fim das contas? O que aconteceu com a ideia de curtir de verdade uma festa e simplesmente se divertir?

Acho que seria uma boa ideia reconhecer que o overground alimenta o underground também. O Danny Tenaglia certa vez enviou um email aos seus colegas DJs numa época em que uma discussão parecida estava rolando. Muita gente estava falando mal do Tiësto por ser muito brega/pop, muito acessível e muito mainstream. Toda essa discussão de underground vs. mainstream não é novidade nenhuma. O Danny disse algo do tipo: "O Tiësto é o Meu Primeiro Gradiente da dance music, e isso manterá o interesse da molecada em dance music. Alguns deles irão desenvolver seus gostos musicais e apetites e eu por acaso me acostumei e estou bem com isso."

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Pra muitos naquela época, o Tiësto foi a primeira experiência. Depois muitos partiram pras coisas mais cool e underground. Eu já vi isso acontecer em muitas gerações.

"[O Electric Daisy Carnival é] um palco em um estacionamento, lotado de grupos de garotos com aquelas porras de chupeta na boca e usando máscaras de gás, ouvindo música horrível."

Eu daria um pouco mais de crédito ao EDC. E os performers fantásticos? E o cenário de parque de diversões e os palcos incríveis? O EDC é único por isso, sem contar que foi um dos primeiros a chegar nesse nível nos Estados Unidos. Abriu portas pra todos nós, tanto para os DJs mainstream quando pros do underground. O Seth quer dizer que ele gostaria que as festas fossem simplesmente dark rooms com talvez um estrobo? Eu acho isso legal também, mas o que você tem que se dar conta é que quando as pessoas compram um ingresso caro de festival, eles têm que receber algo espetacular em troca. O que muitos DJs cool e underground não percebem é que normalmente a gente paga do próprio bolso os fogos, o CO2 e o confete. Alguns DJs investem 10, 15 mil dólares nisso por show. Ainda que eu não seja muito fã dessas coisas – o que eu gosto mesmo é da verdadeira arte e história do DJ – tudo fica muito sem graça sem essas coisas nos festivais de hoje em dia.

"Falando em Avicii, o Avicii é um cuzão"

Eu conheço ele desde que surgiu ainda garoto. Ele sempre foi muito empolgado e muito talentoso como jovem produtor. É um bom garoto. Ele trabalhou duro pra chegar onde está – pra cacete mesmo. Eu sempre tive uma boa relação com o empresário dele e é uma honra poder tocar no palco dele em Ibiza. Eu só gostaria que o Tim respondesse seus emails de vez em quando – nós nunca mais nos falamos!

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Sobre Steve Aoki: "Você não é uma porra de um DJ. Você é um zé buceta arremessador-de-bolos excessivamente bem pago e sem talento."

Eu adoro o Steve e ele é um grande amigo. Ele dá um duro danado pra fazer isso. Ele já tinha grana e realmente não precisa fazer isso por dinheiro. E já arremessava bolos antes de atuar como DJ. O Steve é um performer, ele foi membro de bandas punk, então o palco é algo que ele conhece! Os problemas começaram depois que ele machucou algumas pessoas quando deu um mosh. O que também é coerente com o seu passado de banda. Agora eu sei que, logo de cara, pode não fazer sentido isso num DJ set, mas conhecer o passado dele vai te fazer parecer menos um ignorante idiota. E o público curte!

De um comentador: "Eu elogiaria esse artigo se não tivesse visto o Seth Troxler mandar muito mal no palco por 90 minutos e receber 20 mil dólares por isso no Life do ano passado, se esforçando menos do que os horrendos DJs de EDM que ele está apedrejando."

Na verdade eu amo o Seth. Ele é bom caráter e na verdade nos damos bem pessoalmente. Eu sou um dos responsáveis por fazer todo mundo mixar rápido, bem rápido. Mas pense só, o meu background vem de admirar caras como Jeff Mills, Dave Clarke, Frankie Bones e Bad Boy Bill arrebentando nas pick-ups com habilidade impressionante. Então eu ainda acho a mixagem rápida uma técnica dinâmica incrível. Pra ser honesto, é muito fácil fazer menos: Deixar uma faixa tocando e relaxar atrás do deck é relativamente menos difícil do que mixar rápido e mandar umas técnicas originais de DJ. Sim, um cara como Seth ganha uma porrada de grana pra tocar sons gravados também. Então, tirando um BPM mais lento e uns vocais jogue-suas-mãos-pro-alto, nós talvez tenhamos mais em comum do que gostaríamos de admitir.

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Tradução: Stan Molina