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Música

O que Giorgio Moroder Deve Fazer para Manter Vivo Seu Legado

Depois de lançar "Right Here, Right Now", listamos umas dicas camaradas para o mago dos synths não cair na cilada que é gravar com David Guetta.

No momento mais significativo da relação entre a Austrália e a Itália desde… Err, sempre, o pioneiro da disco Giorgio Moroder se juntou à baixinha e belíssima - que veio a se tornar cantora - Kylie Minogue em "Right Here, Right Now", um novo single arrastado como as músicas de segunda de uma rádio popular, deixando as subcelebridades impressionadas por apenas uma semana. Apesar de não ser a pior coisa do mundo - e certamente uma cagada muito menor do que o choque absoluto causado em parceria com o fake Guetta pelos seus singles anteriores "74 is the New 24" e "Giorgio's Theme" - ainda é um mau presságio para o próximo álbum do icônico garanhão italiano, seu primeiro desde os anos 90, quando lançou o derradeiro The Never Ending Story II (The Next Chapter). Giorgio querido, o que a idade fez contigo?

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A tristeza letárgica que afeta esses lançamentos decorre da inconfortável e irrefreável deriva tectônica que ocorre quando artistas mais velhos tentam se entregar ao novo. Essa zona de divergência aumenta cada vez mais levando em conta que o trabalho anterior do artista em questão parecia ser a máxima das máximas. Faixas como "Giorgio's Theme" nos faz lembrar que, infelizmente, todos nós ficamos velhos, exauridos e temos nossas cabeças voltadas à premissa de que conseguiremos prolongar a nossa juventude e vitalidade por mais um tempo e achamos uma boa ideia gravar uma música sonolenta e inofensivamente divertida com uma pegada disco-pop com uma cantora cuja a chama vem se apagando ao longo de uma década. Todos nos aposentamos e passamos alguns anos jogados no sofá em nossos pijamas velhos zapeando canais de TV até decidirmos ir atrás de artistas como Birtney, Sia e Charlie XCX para ajudarem em nosso novo álbum.

O lance é, se "Right Here, Right Now" fosse o trabalho de qualquer outro aposentado nós provavelmente lhe daríamos uns tapinhas nas costas, diríamos algumas banalidades condescendentes e imediatamente excluiríamos o troço do iTunes. Não teria importância. Seria apenas mais um evento, literalmente só mais uma coisa que aconteceu no planeta.

Mas "Right Here, Right Now" não é o trabalho de um ex-professor substituto cujo neto sentou ao seu lado com uma cópia pirata de Fruity Loops sem nunca imaginar o que aconteceria quando o velhinho brincasse com um sintetizador Wasp pré-configurado. Este é Giorgio Moroder! O mesmo Giorgio Moroder responsável por "Get on the Funk Train", "From Here to Eternity", "E=MC²", a trilha de Scarface. Este é o homem que deu ao mundo "I Feel Love" e "Chase". Não é alguém que deveria estar remixando Coldplay. Ou deveria?

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Devemos guardar rancor dele? Afinal de contas, o mundo da música eletrônica, e o mundo como um todo, deve algo a este homem. Seu trabalho foi absorvido no inconsciente coletivo das pistas de dança ao redor do mundo. Ele é um revolucionário, um visionário. Podemos esperar que um produtor com a sua idade mude o mundo novamente? O coração diz que sim. Ele escuta seus discos antigos e se empolga com a ideia de quão futurista eles eram e ainda são. Mas a cabeça calmamente nega esta possibilidade e tranquilamente racionaliza sua decisão de trabalhar com as pessoas que escolheu.

Mas foda-se a mediocridade para qual a cabeça nos leva. Vamos navegar brevemente pelo território do coração. Vamos imaginar o que Moroder poderia fazer se seus sonhos elétricos se alinhassem completamente aos nossos.

VOLTAR ÀS TRILHAS SONORAS
O trabalho de Moroder em filmes tão diversos quanto Scarface, História sem Fim e Gigolô Americano lhe garantem um lugar entre os grandes compositores da telona. Ao invés de preparar um disco pesado em colaborações, por que não botar o homem de Urtijëi para espalhar sua magia sintética ao longo de 90 minutos? Coloque ele no novo filme de Gaspar Noé, pelamordedeus.

TRABALHAR COM TODD TERJE
Conforme provado anteriormente, todos amam o norueguês provedor de uma disco super brilhante saturada de synths, e é evidente que Todd gosta de uma pitada de Giorgio de tempos em tempos. É bem provável que se você colocasse ambos no mesmo estúdio, o arpejo resultante seria tão enorme que a terra iria implodir.

REUNIR-SE COM O SPARKS
Sem exagero, No. 1 in Heaven é um dos discos mais sublimes já feitos; esplêndido, sinfônico e um conjunto gloriosamente denso e sucinto de pérolas do synthpop atemporais e eternas. Moroder nunca realmente encontrou um contraste tão harmônico como o dos irmãos Mael. Vamos reunir a antiga gangue novamente e fazer com que eles nos levem de volta a "La Dolce Vita".

TROCAR A BRITNEY PELA KELELA
Assim como a antiga musa do Moroder, a Donna Summer, Kelela provou que seus vocais funcionam melhor quando combinados com equipamentos eletrônicos de boate ultra avançados. Britney, apesar do sucesso de "Gimme More", não é bem a diva que precisamos. Na verdade nem a Kelela, mas ao menos ela não gravou "Work Bitch".

IR FUNDO
Visto que ele já tem experiência em criar furdunço em grandes palcos e que tanto impressionou os americanos, não seria legal se ele voltasse sua atenção para outras partes do mundo e se dedicasse ao tipo de som que domina as paradas e os clubes por aí? Vamos agitar uma parceria com Duke Dumont. Porra, um remix do MK de "Right Here, Right Now" seria o suficiente.

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