Juergen Teller Fala Sobre sua Paixão pelo Futebol

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Juergen Teller Fala Sobre sua Paixão pelo Futebol

O novo livro de Teller segue sua família e seus estudantes numa aventura regada a cerveja e salsicha no verão de 2014, quando a Alemanha venceu a Copa do Mundo no Brasil.

Além de imagens superexpostas de celebridades e sacolas de compras gigantes da Marc Jacobs, Juergen Teller também ama futebol. Seu novo livro segue o fotógrafo, sua família e seus estudantes numa aventura regada a cerveja e salsicha no verão de 2014, quando a Alemanha venceu a Copa do Mundo no Brasil.

Colocando de maneira simples, Siegerflieger é uma combinação do amor de Teller pela família, fotografia e futebol. No entanto, olhando as imagens com um pouquinho de emoção, a série é basicamente uma celebração do laço entre pai e filho – unidos não só pelo sangue, mas por sua paixão pelo jogo. Eu me encontrei com Teller no lançamento de seu livro em Berlim.

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VICE: Fale um pouco sobre seu novo livro.
Juergen Teller: O livro é uma coleção das diferentes fases do emocionante ano de 2014. É um livro muito alegre, louco e caótico. Eu queria fazer algo muito particular. Eu queria que isso mostrasse minha própria visão de 2014 de uma maneira muito alemã.

Como estou sempre viajando, não passo tempo suficiente com a minha família e na Alemanha. Acabamos na final da Copa do Mundo, e isso foi uma coisa muito importante de se capturar. Comecei a dar aulas na Academie der Bildenden Künste em Nurembergue e tenho 18 estudantes: isso foi uma grande mudança. Tem sido incrível o que eles dão em troca e o que posso dar a eles. Quando dou aula, fico na casa da minha mãe; e, de manhã, ela me leva para a escola.

Que fofo! E ela vai te buscar também?
Não, eu pego um táxi de volta para casa. Achei que esse era um bom momento para fazer isso. Oito anos atrás, eu não achava que estava pronto para ensinar, e em dez anos talvez eu esteja muito velho; então, me pareceu o momento certo. Comecei explorando diferentes locações e também tive o prazer de usar uma câmera digital, o que é novidade para mim.

O que você gostou no uso da câmera digital?
Acho que me senti um pouco mais livre, não tive o incômodo de usar todas as baterias e rolos de filme. Isso não custa nada; então, comecei a brincar. Fui ao aniversário de 80 anos do meu tio e fotografei por prazer. Com filme, eu teria pensado demais em tudo.

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O que te impedia de usar uma câmera digital antes?
Sou uma criatura de hábitos. Eu gostava de como a câmera era, de como as fotos saíam: isso combinava comigo e não havia razão para mudar. Mas fui meio que forçado a mudar, fiquei insatisfeito com a qualidade do papel. Chegou um momento em que ficou difícil conseguir filme, o estoque de filme mudou e o papel foi ficando cada vez mais fino, até que se tornou ridículo.

Adorei as fotos de vocês assistindo às partidas. A fotografia não pode desencadear emoções como o futebol faz.
É ridículo! Mas também é muito libertador. A vida pode ser tão difícil e deprimente, e também maravilhosa, mas há um momento em que você esquece o mundo ao redor e apenas assiste ao jogo, e você não tem nenhum controle sobre isso. Você só assiste a esses caras correndo atrás da bola, e é fantástico.

Imagino que assistir a futebol com seu filho é uma maneira completamente diferente de fazer isso.
Completamente! Há esse laço louco e ridículo que você tem com seu filho ao assistir a um jogo. É incrivelmente fofo, ridículo e patético, mas também é um vínculo fantástico. Foi um sentimento tão eufórico quando vencemos a Copa, e eu queria guardar essa loucura tirando fotos felizes. Então, tive de me juntar ao movimento digital.

Dá para ver você em muitas dessas fotos. Quem estava fotografando nessas horas?
Minha assistente, Karen. Eu orquestrava o enquadramento e a ideia geral, e ela fotografava. Teria me custado uma fortuna fotografar tudo isso. Editei muita coisa: ela só fotografou, fotografou, fotografou, o que deu muito certo.

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Você está passando muito tempo trabalhando em projetos pessoais agora, certo?
Sim. Geralmente, quando alguma coisa dá um clique, tudo vai muito rápido; outras vezes, preciso ir mais devagar. Tenho trabalhado em diferentes projetos ao mesmo tempo: um editorial para uma revista aqui, um livro ali, uma exposição em Hong Kong… é assim que geralmente funciona.

Ouvi dizer que você fez sua primeira tatuagem.
Nunca entendi muito bem tatuagens. Quer dizer, é seu corpo – por que você ia querer marcá-lo? Não me importo com tatuagens em outras pessoas, mas nunca entendi. Então, no verão, meu filho fez uma dessas tatuagens de henna; então, pensei: "Foda-se, vou fazer essas quatro estrelas no braço". E achei que ficou ótimo! Me senti mais forte, mais macho. Eu tinha certeza de que ia fazer uma de verdade assim que voltasse para Londres. Mas ainda não fiz.

Siegerflieger foi publicado pela Steidl.

Tradução: Marina Schnoor