Ouça "Satisfaction Guaranteed", o Disco de Estreia da Junglepussy

A capa do Satisfaction Guaranteed.

Logo na segunda música do ótimo disco de estreia da rapper Junglepussy, Satisfaction Guaranteed, ela rima: “How dope is this? Teach you how to grow and live”. O verso – rimado bem rápido, no ritmo divertido, meio que uma expansão e contração furtiva de cada respiração – é também o lema da Junglepussy. Ela veio para agradar, para ajudar, ensinar e, o mais importante, para apresentar você ao estilo de vida tropical dela.

Lá se vão quase dois anos desde a primeira música, “Cream Team”, e até a Erykah Badu estava pedindo mais, mas a estudante do Fashion Institute of Technology conhecida como Shayna McHale finalmente lançou um álbum de autoajuda para o povo. “Eu não queria fazer música para ser uma pessoa incrível e todo mundo me amar”, ela disse quando nos encontramos para a entrevista. “As pessoas queriam que eu fizesse isso. Elas me pediram para compartilhar meus pensamentos e pontos de vista, e não vou negar isso a elas.”

Em Satisfaction Guaranteed, Junglepussy ensina como comer, namorar, mandar mensagens e viver uma vida de diva que não leva desaforo para casa, tudo isso nas batidas exuberantes, profundas e sombrias de Shy Guy. Anotem aí, meninas. Caras, tentem não levar muito para o lado pessoal. Todo mundo – aumente o som para efeito máximo.

Suas irmãzinhas de quatro e seis anos sabem sobre a Junglepussy?
Ainda não. Vou deixar que elas descubram sozinhas. Mas uma delas pegou meu telefone outro dia e viu a capa do disco. “É a Beyoncé?”, ela perguntou. E falei, “Não, sou eu”. E ela disse, “Ah, você está bonita!”. Foi muito fofo. Eu amo elas.

Como você vai explicar o nome para elas?
Acho que vou simplesmente contar a história original.

E qual é?
Começou com meu amor por estampas de animais. Eu usava nas roupas, nas cortinas de casa, nas xícaras – em todo lugar. Eu me sentia um animal selvagem no meio dessas estampas de animais e padrões exóticos, e o nome “Junglepussy” veio daí. Fêmeas têm bocetas, é a palavra mais feminina de todas – pode ser uma coisa selvagem, mas também é algo bonito para mim. O Twitter apareceu e eu queria ter um nome que ninguém fosse roubar. Aí pensei: “Eu podia usar Junglepussy…”. E as pessoas perguntavam: “Você é stripper? Você é uma atriz pornô? Você é uma traveca?”. Não, eu nasci menina. Você não viu as fotos que postei de quando eu era criança? Eu era uma menina e gostava muito de estampas de animais. Eu nem era assim tão selvagem, mas aceito a responsabilidade. Eu não fugi do nome porque sentia no meu coração que não era nada louco ou degradante. Eu sabia que essa seria a reação de todo mundo, então decidi continuar com isso e ver até onde dava.

Foto por Miyako Bellizzi.

Como essa percepção evoluiu?
As pessoas têm mais medo da selva do que da boceta. Pussycat Dolls, Pussy Riot, Josie and the Pussycats estão aí. Dick Cheney, Dick Clark, todos esse caras com nome de pinto aparecendo na TV e em toda parte. Não é tão louco assim. Acho que a selva assusta mais as pessoas do que a boceta.

E por que isso?
É isso que eu quero saber. Vocês precisam me dizer. O que assusta na selva?

A ideia de uma mulher da selva forte e confiante é intimidadora para as massas. O que é feminismo para você?
O feminismo negro é o mesmo que o feminismo de qualquer raça. Mas as mulheres negras têm mais problemas, lutas e tribulações do que… Todas as mulheres têm problemas, mas eu sou negra, então estou familiarizada com os problemas das garotas negras.

Tipo quais?
O cabelo é uma coisa importante para muitas garotas negras, não é possível acordar, dar uma penteada e sair. Tem muita manutenção envolvida em sair de casa. Todos os meus penteados são JP – são Shayna. Tive vários cabelos loucos no colégio, azul, vermelho, raspado, curto. E comecei a deixar crescer. Sinto que estou me tornando uma mulher por meio do meu cabelo.

Foto por Miyako Bellizzi.

O que esse estilo de cabelo quer dizer?
É algo como liberdade. Não tenho que me preocupar, não precisa de muito cuidado. Isso me permite focar em coisas mais importantes na vida. Minha avó sempre dizia: “Não se preocupe com seu cabelo ou seu rosto. Não podemos nos preocupar com essas coisas. Não podemos controlar nossa aparência o tempo todo, a gente faz o que pode”.

Como você se descreve?
Curto ser pacífica e serena. Gosto de prosperar e lutar pelo melhor – sempre. Gosto de ajudar meus amigos. Gosto de ficar com a minha família. Adoro me bronzear também.

Seu disco e suas perspectivas têm uma orientação meio de autoajuda. Você está trabalhando em mais alguma coisa?
Eu definitivamente quero fazer mais coisas de empoderamento para garotas, fazer umas convenções onde as garotas podem se encontrar e conversar sobre coisas que elas geralmente não falam no Twitter por causa dos haters. A gente podia simplesmente se reunir, falar e aprender umas com as outras e crescer juntas. Estou planejando isso.

Foto por Miyako Bellizzi.

O poder negro é uma grande parte da estética do seu Twitter.
Eu sou muito poder negro. Não apoio o poder negro que critica outras raças. Sou a favor dos negros abraçarem a si mesmos e à sua cultura e tudo o que vem com isso, em vez de as outras pessoas tirarem nossa cultura de nós e dizer quem somos – que somos gueto. Somos negros. Isso é quem somos. Se pudermos ter um bom relacionamento com isso, todos podemos começar a aprender.

Quais são seus objetivos?
Quero ver quem vou me tornar se continuar aprendendo e me aprimorando. Esse é meu objetivo. Todo dia eu tento melhorar. Também quero viver o agora e ter consciência de tudo o que tenho.

Como você trabalha ativamente para melhorar?
Escrevo muitas listas. Escrevo muito no geral. Medito e peço por paciência, entendimento e compaixão.

“Picky Bitch Checklist” era uma dessas listas?
Sim, essa é enorme. Sempre escrevo listas, todos os dias. Coisas que tenho que fazer, pensamentos, ideias diferentes. Se é uma lista importante, tipo uma lista de tarefas da quarta-feira, eu coloco isso como tela de bloqueio do celular, assim eu sei o que tenho a fazer. Você precisa ser muito organizada.

Então isso é uma lista de tarefas?
Escrevo tanto agora que tenho livros onde escrevo pensamentos felizes, livros onde escrevo pensamentos tristes, livros onde escrevo minhas letras, livros onde escrevo poesia, livros onde escrevo ideias para clipes e conceitos de músicas. Agora eu tenho todos esses livros… Um dia vou ter que editar todos eles, refinar tudo, aperfeiçoar tudo, então é uma coleção legal de informações e não só um monte de rabiscos.

Você pode fazer um livro em vários volumes.
Definitivamente, quero fazer livros. Quero fazer programas de culinária. Taste of the Jungle é meu guia de escolhas saudáveis e como viver de forma tropical nos EUA.

A contracapa de Satisfaction Guaranteed.

E como é viver de forma tropical nos EUA?
Comer o máximo de frutas e vegetais possível e as menores quantidades possíveis de comida processada. É engraçado, eu me sinto muito melhor quando não como coisas feitas com nomes que não consigo pronunciar. Eu me sinto muito mais limpa e energizada, e quero mostrar que existem opções. Você não precisa comer merda. Agora você já sabe porque parece que estou brilhando.

Ouvi falar que se você come bastante frutas, sua boceta fica com um gosto bom também.
É isso que eles dizem. Outra vantagem. Já me falaram que eu tenho um gosto muito bom – magicamente delicioso. Beba muita água, lave a bichinha e tudo vai ficar ótimo.

Com esse álbum, que satisfação você está garantindo?
A satisfação de sua própria individualidade. A satisfação de sua própria singularidade. A satisfação de ser você, de se expressar, aprender e crescer. É muito difícil satisfazer as pessoas hoje em dia. É difícil, mas eu tento.

Tradução: Marina Schnoor

Siga a Lauren no Twitter.