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Música

Discos: You Can't Win, Charlie Brown

Ainda vamos em Janeiro, mas este disco há-de rodar até depois de Dezembro.

Diffraction/Refraction

Pataca Discos

Não deve ser muito fácil a tarefa de lançar um novo disco em plena rentrée, quando ainda nos encontramos todos naquela ressaca de topes e destaques que achámos por bem realizar para assinalar o final do ano transacto. Como tal, o ponto de comparação por estes dias é absurdamente alto, já que nos nossos tímpanos ainda ecoa

aquele

 disco a que decidimos dar mais umas voltas nos últimos dias do ano. No caso dos You Can't Win, Charlie Brown este teste ainda se afigurava mais desafiante, já que a isso se juntava a eterna prova do

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segundo disco,

chavão tão repetido que descreve a capacidade de uma banda em mostrar que o sucesso do primeiro trabalho não foi mero golpe de sorte e a fazer justificar mais presenças nos festivais por esse verão fora.

Estamos portanto em 2014, e dificilmente os You Can't Win, Charlie Brown serão a mesma surpresa que foram em 2011 quando o estupendo Chromatic entrou sem pedir licença nas casas de muitos de nós e não tardou em deliciar-nos com a sua pop-folk orgânica e meter-nos a dançar ao som dos xilofones. Mas o que foi em tempos uma agradável surpresa transitou para uma (ainda mais agradável) solidez, confiança e certeza daquilo que é dado a conhecer, num

Diffraction/Refraction

que a todos os níveis parece a evolução natural do primeiro disco.

Se era legítimo considerar

Chromatic

um álbum solarengo para os dias quentes de Agosto, então Diffraction/Refraction servirá na perfeição como banda sonora deste Inverno de ondas gigantes e chuvas torrenciais que nos tem teimado em cercar. "After December", grandiosa faixa inaugural, dá logo o exemplo daquilo que iremos encontrar nas restantes dez faixas, onde as vozes harmonizadas se constroem sobre a panóplia de percussões e inúmeros instrumentos que mantém as coisas sempre interessantes. Há espaço para baladas mais directas (as belíssimas "I Wanna Be Your Fog" e "Heart" serão as menos complexas do lote), mas no geral deparamo-nos com canções que nos enchem os ouvidos de sons viciantes (oiça-se a percussão marchante de "Natural Habitat" ou aquela incrível progressão das vozes a meio de "From Her Soothing Mouth", entre temas mais melancólicos e outros mais enérgicos.

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Chromatic

foi a surpresa, e

Diffraction/Refraction

a confirmação. Ainda vamos em Janeiro, mas este disco há-de rodar até depois de Dezembro. Como dizem na canção.