Kanghee Kim Faz Arte Divertida com Velas e Frutas

De MELT, uma colaboração com Bettina Yung.

Kanghee Kim pega a vida comum e a derrete, envesga, mistura algumas vezes, faz um bolo de aniversário – e junta tudo de novo. Seu trabalho carrega um estilo visual distinto – e inegavelmente impressionante do ponto de vista técnico –, mas a artista nascida na Coreia insiste que tudo vem da dedicação em não se preocupar muito com as coisas. Falando para a VICE, ela enfatizou que arte boa vem da experimentação despreocupada. E, se não for divertida, ela provavelmente não vale a pena ser feita.

De MELT, colaboração com Bettina Yung.

VICE: Seu trabalho é bem eclético em termos de tema, embora frutas e reflexões apareçam sempre. O que há nessas duas coisas que te atraem tanto?
Kanghee Kim: Não sei. Acho que sou obcecada por melancias e bananas. Elas já são muito interessantes visualmente, e gosto de colocá-las junto com frutas artificiais também – canalizando o que a fruta parece na sua cabeça. E melancia é uma fruta muito gostosa. Quanto aos espelhos, alguns anos atrás comecei a levá-los comigo para todo lugar. Gosto do jeito como eles iluminam uma cena que, de outra maneira, não apareceria na imagem. Grande parte das minhas fotos é sobre as coisas que ficam para trás; então, gosto de trazê-las de volta.

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Seu trabalho também tem um foco muito aberto em relação ao humor. Você acha que esse é um elemento subestimado na arte?
Sim. Humor é o que me dirige e me mantém envolvida. A vida já é tão séria e complicada. Por que acrescentar a isso? Para mim, diversão é muito importante; se meu trabalho parece sério, tudo fica com uma sensação tensa. E, claro, humor tem um papel muito importante nas interações sociais – e espero que isso sirva para o mesmo propósito no meu trabalho.

Exato, criatividade é apenas brincar.
Meu trabalho costuma sofrer quando sinto que tenho de fazer algo bem acabado e “bom”. Preciso de liberdade para trabalhar.

A coisa mais interessante no seu trabalho é que, apesar de ser divertido, ele não parece desleixado. Ter uma consistência visual é importante?
Muita gente vai dizer que é importante ter um estilo visual consistente, porém só estou experimentando. O que me empolga é fazer algo novo.

Você faz isso parece muito incidental, mas é só dar uma olhada no seu Instagram para ver o quanto você produz.
Isso vem de ser muito responsiva ao que me cerca. Tenho essa necessidade de documentar momentos passageiros com meu celular. Faço isso quase sem pensar para satisfazer minha necessidade, como manter um diário visual e o movimento [da vida]. Compartilhar coisas no Instagram é como chamar a atenção do seu amigo quando vocês estão andando na rua e você vê algo que vale a pena ser visto. Compartilhar é se importar.

Você se considera uma fotógrafa ou uma artista plástica?
As duas coisas. Valorizo minha origem nas artes tradicionais como fotógrafa. Gosto de estar entre essas duas coisas. É como me perguntarem se me considero coreano-americana ou coreana.

Falando de onde você vem, eu queria saber mais sobre como é trabalhar no Brooklyn, já que você começou como artista em Baltimore.
Sim, a cena de arte em Baltimore está emergindo agora. Nova York é um pouco intimidadora às vezes.

É mais fácil trabalhar num lugar onde a cena de arte é menor?
Era mais fácil me concentrar no trabalho. Tem tanta coisa acontecendo em Nova York que é fácil se distrair. É difícil descrever, mas há uma energia criativa muito positiva em Baltimore agora.

De MELT, uma colaboração com Bettina Yung.

Como assim?
A cena de Baltimore é um pouco mais experimental e não tão voltada para o lado comercial. É um ambiente que apoia o artista, e o senso de comunidade é forte. Há muitas galerias DIY ótimas que valem a pena ver, como a Bb, Plataform Gallery, Springsteen Gallery, que são comandadas por amigos meus da MICA.

Falando sobre colaboração, gostei muito da sua série MELT com Bettina Yung. Você pode falar um pouco mais sobre isso?
Bettina é uma das minhas melhores amigas. Gostei muito do que ela estava fazendo com cera e achei que seria legal comparar isso com as velas normais que você vê por aí. É um material muito difícil de trabalhar; assim, decidimos fazer acessórios de velas, uma situação em que eles fossem funcionais e fúteis. Aliás, estaremos vendendo uma nova edição de velas na próxima NYABF, na mesa da Open Space, outra galeria de artistas de Baltimore, junto com vários artistas e amigos incríveis.

Entrevista por Ben Tomson. Siga-o no Instagram.

Tradução: Marina Schnoor.

De MELT, uma colaboração com Bettina Yung.

De MELT, uma colaboração com Bettina Yung.

De MELT, uma colaboração com Bettina Yung.