Mariane L. via Flickr
Foi com uma sobrancelha arqueada e uma sensação semelhante à estupefação que me deparei com a palavra Nirvana pendurada num cabide de uma loja de massas. Não tenho t-shirts de bandas. Aprecio profundamente a música, mas os meus gostos são tão diversificados que não presto nenhuma fidelidade especial a um artista em particular. Porém, sinto-me inclinada a simpatizar com aqueles que sentem um certo grau de ultraje perante esta recente moda.O merchandising das bandas foi criado, originalmente, para dar aos fãs uma sensação de proximidade ao artista ou artistas que adoram. Uma maneira de se sentirem ligados a alguém que verdadeiramente admiram. Ou no caso do merchandising vestível, uma maneira de expressar perante o público a sua verdadeira qualidade de fãs.Antes, quando nos cruzávamos com alguém que envergava uma t-shirt de um concerto, sabíamos que tinha lá estado. E quando víamos alguém com Ramones escrito no peito, essa pessoa saberia, não só todas as letras das canções, como também poderia enumerar as versões acústicas e obscuras da sua música preferida. Antigamente, aqueles que usavam as t-shirts das bandas eram os fãs.Hoje em dia cruzamo-nos com dezenas de pessoas com a mesma t-shirt dos Rolling Stones, e acabamos por descobrir que a maioria delas não ouviu sequer uma das suas canções.Porque é que estes "não-fãs" decidem comprar estas t-shirts? Talvez apreciem os gráficos e achem as cores apelativas. Ou talvez pensem que gostar de uma banda de rock 'n' roll os tornará cool. Seja qual for o motivo, a venda massiva destes artefactos em várias lojas populares substituiu os die-hard fans por uma multidão de posers e compradores ao acaso, que talvez nem saibam que caminham pelas ruas, vestidos com alguns dos maiores nomes na história do rock & roll.