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Μodă

Esquece o 'normcore': a nova tendência chama-se 'chaos magic'

Agora já não se trata de deixar de lado a excentricidade, mas de deixar fluir e de que cada pessoa se encontre a si mesma.
Valentino, outono-inverno 2015/16

No final de 2013, todos aqueles que faziam parte do mundo da moda começaram a escrever "Jerry Seinfeld" no Google em busca de inspiração para os seus looks.

Era o momento em que a etiqueta 'normcore' começava a filtrar-se nos cérebros dos seguidores das tendências, que por sua vez eram guiados em direcção à normalidade mais absoluta. Durante um tempo, tanto as pessoas interessadas na moda, como as que não queriam saber, vestiram-se da mesma maneira.

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Um adolescente de 17 anos podia perfeitamente vestir-se como o pai: calças de ganga sem forma, camisolas monocromáticas e sapatilhas muito confortáveis (que meses antes pareciam horríveis). A equipa de Fruit Of The Loom estava entusiasmada perante a perspectiva das vendas, e as lojas de segunda-mão viram como voavam das suas estantes as Levi's 501.

No entanto, essa fantasia de normalidade chegou ao fim (senão, não seria moda) e as tais calças voltaram para o fundo do guarda-fatos, ainda bem, porque não ficavam bem a (quase) ninguém.

Aqueles que inventaram a etiqueta foram os responsáveis pela sua morte ao anunciarem uma nova tendência: o 'Chaos Magic'. Agora já não se trarta de deixar de lado a excentricidade, mas sim de fluir e de que cada pessoa se encontre a si mesma através da liberdade de expressão e do pensamento positivo.

Embora pareça mentira, não foram o Paulo Coelho nem o Alejandro Jodorowsky que apelidaram esta tendência, mas sim K-Hole, um colectivo que prevê tendências localizado em Nova Iorque e composto por cinco pessoas com idades ao redor dos 30 anos. O seu último relatório apresenta à sociedade este novo conceito e começa com uma explicação dos seus autores: "Depois do êxito denormcore, a euforia desvaneceu-se".

Não tinham ideias novas, estavam deprimidos, rejeitaram trabalhos e "quando a Emily pensou no significado de tudo isto, a única coisa que lhe veio à cabeça foi a Disneylândia". Para sair deste estancamento "precisavam de magia".

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E pelos vistos, os consumidores também: "Chaos Magic" cria realidades temporais e subjectivas. Não é uma ferramenta que serve para mudar os outros, mas sim para mudar-te a ti mesmo. Tens que optar por um sistema de crenças que te ajude a alcançar os teus objectivos.

Na K-Hole não são alheios ao espírito dos millenials, os principais consumidores de tendências do momento. Os traços que definem esta geração são, entre outros, a falta de crenças religiosas, o impacto da crise nas suas carreiras profissionais e a tecnologia como uma parte essencial do seu dia a dia.

Ao contrário da geração anterior, não se instalam no sofá a queixar-se, mas mobilizam-se para mudar as coisas, tanto a nível pessoal como social. Este é o conceito desta tendência: podes conseguir o que queiras, o importante é manter o pensamento positivo e ter a liberdade de escolher.

A religião está a desaparecer da vida dos jovens, mas a necessidade de acreditar em algo não, por isso o pensamento mágico (seja em forma de horóscopo, superstições, rituais ou espiritismo) estão presentes no dia a dia; a liberdade de cada pessoa radica em escolher a crença que lhe pareça melhor.

E o que é que a moda tem a ver com isto? Tudo, como quase sempre. A explicação que Mary Katrantzou deu a propósito da sua colecção primavera/verão 2016 - e que uma publicação definiu como "uma explosão de asteróides" - explica-o bastante bem: "A roupa pode ter um grande efeito na nossa confiança e pode ajudar-nos a chegar onde queremos ir. Se vestes uma peça com a qual te sentes incrível, a tua perspectiva tende a ser positiva e isso põe-te em contacto com o melhor de ti mesmo".

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A roupa é como uma varinha mágica de uma fada que concede desejos. Para Katrantzou, a magia tem algo de hippismo, com toques cósmicos e motivos florais combinados com padrões geométricos, criados a partir de contas brilhantes e tecidos ligeiros que dão liberdade aos movimentos.

O relatório também passou pelas mãos dos criadores das marcas de grande distribuição, que já encheram os cabides de peças que apelam a essa fluidez de espírito (pelo menos nas colecções femininas). Tendo em conta que cada pessoa deve apelar ao seu próprio "segredo", não será difícil encontrar o conceito materializado num vestido ou numa camisola. Este é o momento de acreditar.

Se queres saber mais sobre o tema podes descarregar o relatório aqui.

Imagem via @365.moda