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A Café Royal Publica um Ótimo Livro de Fotos por Semana

A Café Royal é uma editora independente do noroeste da Inglaterra fundada pelo artista, fotógrafo, pai, editor e milagreiro Craig Atkinson. O principal critério da editora é simplesmente que o trabalho demonstre algum tipo de “mudança”.

​Preston Bus Station, Pie and Blow Dry, de Craig Atkinson.

Da coluna "Ink Spots".

Parando para contar, é possível virar um monte de páginas num espaço de 30 dias. Apesar de estarmos aqui há mais de dez anos fornecendo conteúdo, há muitas outras revistas no mundo além da VICE. Na série Ink Spots, preparamos um guia prático dos zines, panfletos e publicações que você devia ler.

A Café Royal é uma editora independente do noroeste da Inglaterra fundada pelo artista, fotógrafo, pai, editor e milagreiro Craig Atkinson. Funcionando desde 2005, a maioria das publicações são livros de fotografias em preto e branco de fotógrafos documentais da Inglaterra, mas isso não é uma regra. O principal critério é simplesmente que o trabalho demonstre algum tipo de "mudança" – o que Craig nos explicou quando conversamos na semana passada.

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VICE: Oi, Craig. Como surgiu a Café Royal?
Craig Atkinson: Eu costumava pintar grandes quadros abstratos, e acho que o momento exato foi quando decidi parar de pintar. Voltei a desenhar e queria um jeito de exibir os desenhos sem precisar do sistema de galerias. Livros e zines, na época, eram minha maneira de disseminar meu trabalho de um jeito barato e rápido. Eu não queria publicar com o meu próprio nome; então, a Café Royal começou.

Você publica uma edição a cada quinta-feira. Por que um livro por semana?
Porque não tenho tempo de fazer mais!

A pressão é grande? Parece muito trabalho.
A equipe é excelente, trabalhamos muito bem juntos. Temos uma rotina bem organizada e um ótimo departamento de administração. Na verdade, sou só eu numa salinha. A pressão é grande, mas não há estresse; não frequentemente, pelo menos, porque é um prazer. Dou aula em período integral e tenho dois filhos pequenos; então, o tempo é apertado: não há pausas.

Qual a parte mais difícil de comandar a Café Royal?
Só recentemente considerei quanto isso cresceu. Nunca tive a intenção de que isso se tornasse um "negócio" ou algo que eu pudesse fazer em período integral. Vejo isso como uma maneira de promover trabalhos ótimos e fazer livros que eu gostaria de colecionar. Não é difícil, exceto pelo timing, mas isso se torna um sistema que, se consigo manter, não me causa muitos problemas. É muito divertido – se não fosse, eu já teria parado.

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Você é fotógrafo? Como isso influencia sua curadoria como editor?
Quanto mais meu trabalho foi se aproximando da fotografia, mais isso também acontecia com o que publico. Os livros, inicialmente, eram apenas uma saída; hoje, os livros e meu trabalho se encontram, eles meio que informam um ao outro. Então, em termos de curadoria, em relação ao meu próprio trabalho, as duas coisas estão ligadas.

A maior parte do que publico agora examina as mudanças sociais no Reino Unido de algum aspecto – e meu trabalho faz a mesma coisa. Cerca de um quinto do que publico é meu próprio trabalho. Eu me interesso por arquitetura brutalista e conjuntos habitacionais, lugares públicos e fotografia de rua de um lugar específico.

Seu trabalho impresso tem edições limitadas. Quais livros são os mais desejados?
Os títulos que venderam mais rapidamente foram os de John Claridge, Jim Mortram e Brian David Stevens… Então, provavelmente esses. Quando as edições se esgotam, elas se esgotam mesmo. Uma segunda edição, às vezes (mas raramente), é produzida, e só a pedido do fotógrafo. Temos que concordar numa razão para isso, não apenas para vender mais. Por exemplo: se um livro se esgota num dia, isso limita o público. Isso cria um burburinho, mas, a longo prazo, isso não alcança todo seu potencial; então, ocasionalmente, posso fazer outra edição. Mas só.

Dito isso, acho que alguns dos que saem mais lentamente são aqueles que as pessoas vão apreciar quando se esgotarem: John Darwell, Arthur Tress, Tony Bock, Geoff Howard, por exemplo. Muitas lojas fazem estoque dos livros agora, mas os esgotados… acho que alguém no eBay pode ter uma cópia.

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Por que você se foca em mudança como tema predominante do trabalho que publica?
Quando comecei a usar mais a câmera, era como um turista mesmo. Aí descobri que um lugar em Pequim que eu tinha fotografado para um livro tinha sido demolido. Era um lugar de significância cultural e se foi para dar lugar às Olimpíadas. Então, o livro era um registro de algo que não existia mais e de que coisas realmente simples afetavam a maneira como eu via a fotografia e a maneira como eu queria me envolver com isso. O termo "mudança" é muito amplo. A história mostra mudança. Sem mostrar a história, o que temos é apenas a superfície. Acho que isso é bom para fazer as pessoas se lembrarem, para sugerir, fazer uma pausa, refletir, etc.

Que edições da Café Royal você recomendaria?
Só publico trabalhos de que gosto; então, apontar apenas alguns livros é muito difícil. Impossível. Recomendo todos. Housing Estates, de Steve McCoy, se destaca para mim, mas isso porque, coincidentemente, o conjunto habitacional que ele fotografou era aquele em que cresci. O trabalho topográfico de John Darwell e o trabalho de Liverpool de John Stoddart… eu poderia dar uma boa razão para cada livro.

O que vem agora e qual é o futuro da Café Royal, de maneira mais geral?
Recentemente, comecei a Notes [em notes.caferoyalbooks.com]. O objetivo era criar um recurso ou uma referência da fotografia documental do Reino Unido, e isso também vai fornecer informações contextuais para os livros. No ano que vem, vou trabalhar com John Stoddart, Ken Grant, Martin Parr, Daniel Meadows, John Darwell, Patrick Ward, Steve Clarke e Steve McCoy.

O futuro? O tempo dirá. Vou parar quando não tiver mais prazer em fazer isso, mas, no momento, aprecio isso mais do que nunca. Ainda vejo os livros como coisas pequenas, mas, lentamente, de alguma maneira, acho que eles estão fazendo a diferença.

Siga a Café Royal no Twitter e compre os livros pelo site deles.

Siga a Amelia Abraham no Twitter.

Tradução: Marina Schnoor