Osvaldo Sanviti Fotografa Tristes e Solitárias Gatas da Webcam

FYI.

This story is over 5 years old.

Entretenimento

Osvaldo Sanviti Fotografa Tristes e Solitárias Gatas da Webcam

A nova série de fotografias de Osvaldo Sanviti, Le Soleil moribond, na verdade não tem fotografias, e sim capturas de tela de atrizes de shows de sexo por webcam com um olhar pensativo.

A nova série de fotografias de Osvaldo Sanviti, Le Soleil moribond, na verdade não tem fotografias, e sim capturas de tela de atrizes de shows de sexo por webcam com olhares pensativos, não exibindo suas partes íntimas. É uma série em andamento e Sanviti mantém um Tumblr que é atualizado com frequência. Ele escreve: “Nesse projeto, quero fazer retratos dessas mulheres, não enquanto elas ‘vendem’ seus corpos pelo vídeo no espaço reservado, mas quando elas estão em um estado de intimidade e solidão, quase como se tivessem esquecido que podem ser vistas por um público. Minha intenção é documentar essas mulheres como indivíduos, não de forma voyeurística. Para mim, é como se essas imagens viessem de outro mundo, onde o sol nunca brilha, um mundo sem janelas, sem contato humano, sem amor: apenas solidão e luz artificial”.

Publicidade

As imagens sugestivas criam um sentimento de tristeza, isolamento e expectativas frustradas e são qualquer coisa, menos sexy. Conversei com Sanviti sobre fotografia e esse seu hábito de ver pornografia.

VICE: Quanta pornografia de webcam você precisa assistir para conseguir essas fotos?
Osvaldo Sanviti: Não é chat pornô, é chat sexy, e é bem diferente. Além disso, sempre capturo a imagem enquanto as meninas estão em uma dimensão pública, enquanto podem ser vistas por todo mundo, nunca quando estão no reservado (sou convidado, não membro). Para as cenas privadas, nesse caso, eu não ligo. Não tenho interesse no lado voyeurístico e sexual.

Então essas imagens são da primeira parte do show, em que elas tentam incitar os espectadores a verem a apresentação privada que exige pagamento? O chat sexy vira chat pornô?
Talvez. Nunca fui para as salas privadas. No entanto, você pode ir e ver com seus próprios olhos.

Pode deixar. O que essas meninas têm que o levaram a querer fazer retratos delas? Por que essas meninas especificamente?
A primeira coisa que me impressionou foi, de um ponto de vista formal e pictórico, a suavidade das cores do vídeo (mesmo que às custas da qualidade), coisa que acho que não consigo com a fotografia – principalmente com a fotografia digital. Também fiquei intrigado com sua solidão, sozinhas em seus quartos, entre luzes de néon e janelas fechadas.

Eu gosto é da dimensão ao vivo, dos aspectos não posados e do potencial espontâneo. Às vezes, parece que tem pouquíssima diferença entre capturar essas imagens e fotografar estranhos na rua. É a mesma sensação de esperar para encontrar o tema certo na situação certa com a luz certa.

Publicidade

Mas nesse cenário, você não precisa ter uma atitude suspeita e furtiva para fotografar as pessoas sem elas perceberem, ou ficar nervoso de bater a foto rápido se alguém te vê. Os sujeitos estão ali bem na sua frente e sabem que tem gente assistindo. Isso muda alguma coisa?
Sim, com certeza muda, mas falando do ponto de vista fotográfico, o que importa é sempre a mesma coisa. Tudo depende da sensibilidade do fotógrafo, com sua percepção da realidade, da escolha de um gesto em vez do outro, uma foto em vez da outra, um tema em vez do outro. Você pode colocar 100 pessoas para capturar imagens de milhares de meninas em chats ao vivo e vai obter 100 trabalhos diferentes. Para mim, não importa o método usado. O que importa é o resultado final.

Falando sério, quanto “chat sexy” você precisa assistir para conseguir essas imagens?
Depende. Às vezes levo dez minutos para encontrar a foto certa, outras vezes posso ficar duas horas assistindo e ainda assim não encontrar nada. Pode ser muito maçante, mas pelo menos dá para ouvir bastante jazz.