Por volta de meia-noite de 3 de maio, Dana Seetahal, uma proeminente advogada e ex-senadora de Trinidad e Tobago, tinha acabado de sair de um casino na capital de Porto de Espanha quando seu veículo foi parado por um outro carro, bloqueando a estrada. A van parou ao lado e soltou uma rajada de tiros, matando Dana numa batida bem orquestrada.Seu assassinato foi um dos cerca de 170 que ocorreram no país caribenho até agora neste ano, que caminha pela rota de uma das maiores taxas de homicídio do mundo. Foram apenas 93 assassinatos em 1999. No ano passado, 407.A VICE News visitou as favelas de Porto de Espanha e falou com a polícia, ativistas, líderes comunitários e gângsters para entender esse aumento vertiginoso dos assassinatos em uma década. Muitos dos assassinatos são atribuídos a gangues de brutais e envolvidas com políticos que controlam territórios, às vezes não maiores de que um quarteirão da cidade. As gangues disputam por lucrativos contratos governamentais destinados para a oferta de serviços sociais e para o combater o desemprego.Mas a violência das gangues é apenas um sintoma de um problema maior. Trinidad se tornou um importante ponto de parada para as drogas que vão para a África Ocidental e os Estados Unidos. Muitos observadores apontam para o "peixe grande" - as elites políticas e empresariais sem nome que estão por trás do tráfico de drogas e da cultura de corrupção endêmica, além dos assassinatos que vêm com ela. Pessoas acusadas por transformar um país rico em depósitos de petróleo e gás em seu estado de narcotráfico pessoal, promovendo a impunidade por meio de uma teia de subornos e assassinatos. Ao contrário dos lucros da indústria de energia, este fenômeno escorre por todas as esferas até chegar ao nível da rua.