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Música

As mulheres reivindicam sua existência artística na compilação 'Hystereofônica'

Lançada pelo selo Tropical Twista, a coletânea constrói uma narrativa feminina através de faixas de artistas como Érica Alves, Bad$ista e Salisme.
Foto: Juliana Lira

Em dezembro de 2015, assisti a uma palestra na Rio Music Conference sobre a presença feminina na música eletrônica em que alguns dados sobre a falta de mulheres nos lineups de festivais foram levantados e discutidos. Ao final do debate, conduzido por diversas mulheres que pesquisam e trabalham com música eletrônica e produção de eventos, um produtor de um dos grandes festivais brasileiros levantou a mão e deu sua justificativa: "mas não tem mulheres tocando música eletrônica!"

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Esse não é um caso isolado. Quando a primeira leva da programação do festival Dekmantel foi divulgada, um tópico da produtora carioca Érica Alves questionando a ausência de mulheres brasileiras foi rebatido com a mesma desculpa em muitos dos mais de mil comentários na discussão.

Mas há mulheres na música eletrônica. As mulheres estão tocando, estão produzindo, fazendo festas e agitando selos -- tanto quanto os homens. Com essa invisibilização do trabalho feminino em mente, Ágatha Barbosa, da label Tropical Twista, resolveu compilar novas faixas de diversas artistas femininas já lançadas pelo selo no primeiro volume da coletânea Hystereofônica.

"Ao fazer uma compilação com 24 mulheres envolvidas oficialmente -- incluindo master, fotógrafa, tudo -- estamos dizendo primeiramente que existimos", conta Ágatha, via e-mail. "Eu mesma não conhecia tantas [mulheres produtoras] até garimpar, e não me dava conta das que conhecia até colocar no papel pois elas não têm destaque recorrente. Acredito que todas as que existem lutam para entrar no mundo da arte e da tecnologia contra todos os padrões que querem lhe convencer deste não ser seu lugar. Essa compilação quer dizer o contrário disso."

O único conceito que guia Hystereofônica é só contar com artistas mulheres -- fora isso, a coletânea lida com propostas estilísticas completamente diferentes: desde o bass avançado de Bad$ista à experimentação vocal de Lori (Leandra Lambert) e o trabalho de Marcela Lucatelli com o ruído que flerta com o humor e a despretensão. Segundo Ágatha, porém, todas as faixas constroem uma narrativa coesa quando colocadas lado a lado: "Eu não lhes pedi um tema específico; apesar de todas saberem do intuito do projeto, eu quis deixar o espaço totalmente livre para criação. Mas senti que elas se motivaram pela ideia, pelo nome, pela energia de estar num grupo com o foco no feminino. Assim a inspiração coletiva criou uma unidade e foi só montar as peças da narrativa", diz.

Exclusivamente no THUMP, você pode ouvir nessa quinta (15) três faixas de Hystereofônica, que será lançada oficialmente na segunda (19): uma parceria entre Salisme e a Voodoohoper A Macaca, uma de Dani Nega e Craca e uma da Érica Alves. Também nessa quinta acontecerá um evento de lançamento da compilação na BLUM, que contará com apresentações de Érica, Leandra Lambert, Amanda Mussi e outras participantes.

Em dezembro de 2015, assisti a uma palestra na Rio Music Conference sobre a presença feminina na música eletrônica em que alguns dados sobre a falta de mulheres nos lineups de festivais foram levantados e discutidos. Ao final do debate, conduzido por diversas mulheres que pesquisam e trabalham com música eletrônica e produção de eventos, um produtor de um dos grandes festivais brasileiros levantou a mão e deu sua justificativa: "mas não tem mulheres tocando música eletrônica!"

Esse não é um caso isolado. Quando a primeira leva da programação do festival Dekmantel foi divulgada, um tópico da produtora carioca Érica Alves questionando a ausência de mulheres brasileiras foi rebatido com a mesma desculpa em muitos dos mais de mil comentários na discussão.

Mas há mulheres na música eletrônica. As mulheres estão tocando, estão produzindo, fazendo festas e agitando selos -- tanto quanto os homens. Com essa invisibilização do trabalho feminino em mente, Ágatha Barbosa, da label Tropical Twista, resolveu compilar novas faixas de diversas artistas femininas já lançadas pelo selo no primeiro volume da coletânea Hystereofônica.

"Ao fazer uma compilação com 24 mulheres envolvidas oficialmente -- incluindo master, fotógrafa, tudo -- estamos dizendo primeiramente que existimos", conta Ágatha, via e-mail. "Eu mesma não conhecia tantas [mulheres produtoras] até garimpar, e não me dava conta das que conhecia até colocar no papel pois elas não têm destaque recorrente. Acredito que todas as que existem lutam para entrar no mundo da arte e da tecnologia contra todos os padrões que querem lhe convencer deste não ser seu lugar. Essa compilação quer dizer o contrário disso."

O único conceito que guia Hystereofônica é só contar com artistas mulheres -- fora isso, a coletânea lida com propostas estilísticas completamente diferentes: desde o bass avançado de Bad$ista à experimentação vocal de Lori (Leandra Lambert) e o trabalho de Marcela Lucatelli com o ruído que flerta com o humor e a despretensão. Segundo Ágatha, porém, todas as faixas constroem uma narrativa coesa quando colocadas lado a lado: "Eu não lhes pedi um tema específico; apesar de todas saberem do intuito do projeto, eu quis deixar o espaço totalmente livre para criação. Mas senti que elas se motivaram pela ideia, pelo nome, pela energia de estar num grupo com o foco no feminino. Assim a inspiração coletiva criou uma unidade e foi só montar as peças da narrativa", diz.

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