Entre o profano e o sagrado no rolê dos palhaços da Folia de Reis

Na noite de Natal, enquanto milhares de famílias trocam presentes e celebram o nascimento de Jesus, uma intensa movimentação ronda diversas cidades do interior do país. Entre mestres profetas, alferes com suas bandeiras sagradas e foliões encantados, grupos mantêm viva uma tradição quase esquecida: a Folia de Reis, que celebra a jornada dos Três Reis Magos pelo Oriente indo ao encontro do nascimento de Jesus Cristo.

Com suas máscaras de monstros e mandingas, roupas coloridas, versos de improviso e malabarismos quase suicidas, os Palhaços de Folia de Reis representam o lado profano da festividade do Reisado. De acordo com a tradição, os palhaços simbolizam os soldados romanos que buscavam matar jesus, o então profeta que acabava de nascer.

A tradição que propõe a separação entre o bom e o mal ganha na interpretação dos palhaços — tidos também como o "cão" — seu caráter profano e mais divertido. Mascarados, eles saem às ruas e entram nas casas das pessoas declamando versos e pedindo dinheiro. Ao final, conta a tradição, há uma espécie de resignação dos personagens que tiram as máscaras e reverenciam o Salvador.

O fotógrafo Gui Christ viu de perto a peregrinação dos palhaços da Folia de Reis em Piabetá, bairro do município fluminense de Magé. A festa que acontece há quase 80 anos — sempre no primeiro sábado de janeiro —, tem espaço no  Centro Espírita do Pai Bijuca, espaço onde uma das entidades responsáveis pela casa, "Vovô Leandro", afirma ter sido um folião enquanto encarnado, recebe dezenas de Reisados.

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