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Revista de 2013 - A melhor fruta da época

O Jorge Daniel emigrou e agora é aprendiz de DJ

Viver a vida a 1000 por cento.

Foi em 2009 que o Jorge Daniel arrancou com o blogue,

Jorge Daniel Internet. Desde então, tem sido passagem obrigatória de todos aqueles que curtem ler os devaneios do puto Jorge sobre a “vida, o amor, o sexo e as drogas”. Em 2012 interrompeu a escrita, emigrou para França e tornou-se assistente do DJ Gnomo na disco La Baguette. Mas, há dois meses, voltou à carga no seu diário online, por isso aproveitámos para saber como é que, entre outras coisas, se deve "engatar babes com estilo". VICE: Olá Jorge, como estás?
Jorge Daniel: Tenho andado bem. Não me posso queixar. A vida tem-me corrido bem, tenho um emprego de sonho, as gajas que quero e sinto que estou a aproveitar o dia-a-dia para ser contente e feliz. Acho que a vida é para se viver no limite e só assim é que vale a pena. “A vida são dois dias, faz directa” — é uma frase que eu costumo dizer e que mostra muito aquilo que eu sou. O meu pai, por exemplo, diz mais “live fast, die young”, mas já tem 59 anos. Por falar em idade e trabalho: fizeste anos no outro dia, no Dia do Trabalhador. Que idade tens?
Sim, o Dia do Trabalhador é no 1.º de Maio. Tenho agora 18 anos, mas sinto que ainda sou um jovem. Ainda tenho muitas coisas para fazer na vida. A idade está na cabeça das pessoas, não no corpo. Claro que sim. Como é que começaste nos blogues?
Comecei por fazer uns vídeos em 2008 e em 2009 criei o meu blogue, que é do Sapo e que para mim são os melhores blogues de Portugal. Os outros nem fazem o scroll tão bem, as imagens aparecem muito pequenas e sempre que carregas num link ele manda-te para outra janela. Acho que os do Sapo são cinco estrelas. Já me ofereceram dinheiro para ir para a concorrência e eu não quis ir. Mas fizeste uma pausa em 2012. Andavas no engate?
A minha vida é dura e nem sempre tenho um computador à mão. E às vezes tenho, mas não tem internet — uso só para jogar ou para o processador de texto, folhas de cálculo. Também parei uns tempos no blogue porque vim para França e, até arranjar trabalho, demorou um bocado porque eu não sou pessoa para fazer qualquer coisa e a internet é cara em alguns albergues. Emigraste. Tens curtido a experiência?
Acho que não é para todos. Toda a gente pensa que emigrar é um sonho de vida, mas se eu não me tivesse safado à grande na La Baguette estava a levar uma vida má e com muitas dificuldades. Felizmente, o meu pai conseguiu encontrar uma casa com três quartos e vivemos bem — eu, o meu pai, o Petr que é romeno, ou moldavo, e dois croatas. Agora também temos o Cedric que fica no quarto do Petr, mas eu acho que ele está só de passagem. Só é pena um dos quartos agora ter uma máquina de lavar que o DJ Gnomo me ofereceu — era da ex-mulher —, mas para o Petr não faz muita diferença porque ele está a usá-la como mesinha-de-cabeceira. E não tens saudades da família?
Claro. Tenho saudades de casa, da minha família, do meu quarto, das babes portuguesas. Do meu avô tenho mais ou menos. Sinto falta dele à noite porque ele ressonava e ajudava-me a adormecer. Cá em França custou-me nos primeiros tempos, mas depois o meu primo Hélio enviou-me uma gravação em mp3 do meu avô a ressonar e deixo ligado à noite — durmo muito melhor. Mas agora o meu pai pensa que sou eu que ressono e já me marcou uma consulta e isso. Como é teu dia-a-dia aí? Para além de engatares babes.
Agora tenho uma vida muito ocupada. Trabalho como ajudante de DJ na La Baguette, que é das melhores discotecas de Paris. Ajudo no que for preciso. Tratar das luzes, da pista, meter música às vezes, mais à tarde, e toda a gente diz que muitas vezes sou muito melhor do que o DJ Gnomo que é o DJ residente da La Baguette. E ajudo-o no que ele precisa para meter a discoteca em altas. Trago-lhe bebidas, vou buscar discos ao carro se for preciso, o boné ao carro para meter no camarim… O normal nas grandes discotecas. E depois também ajudo o meu pai nas coisas dele e ainda oriento as coisas lá em casa. Mas pelo que dizes parece que vives na La Baguette e que só vais a casa de passeio.
Quando se vive a 1000 por cento e nos dedicamos intensamente ao trabalho é assim. Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Quando é que esta entrevista sai? É só para a net? Logo vês. Fala-nos só sobre os teus projectos futuros. Queres ocupar o lugar do DJ Gnomo?
Gosto muito do DJ Gnomo e nunca lhe quis tirar o lugar que ele tem aqui na La Baguette. Ele agora também tem tido muitas despesas e se perdesse o emprego seria muito lixado para ele. Ainda no outro dia fomos almoçar e tive de ser eu a pagar tudo porque ele só trazia quatro euros e pouco em moedas. Felizmente, neste momento, estou a receber bem e posso ajudar um amigo que precisa. No futuro, quero publicar o meu livro com todas as minhas cenas, com os volumes todos que eu já tenho pensados e quero também lançar o meu disco de remisturas de música para deixar qualquer um em altas. Também gostava de ter um filho, mas isso não é para já, já. E gostava de ter a minha própria discoteca, a única no mundo que ia ter uma foca lá dentro. Mas vais continuar com ou blogue ou queres simplesmente curtir a vida?
Felizmente tenho saúde para continuar com uma vida no limite. Se assim for, a minha ideia é mesmo manter o meu estilo de vida a 1000 por cento. E, a seguir às babes, escrever no meu blogue é o que eu mais gosto de fazer. Também gosto da VICE e o meu avô ficou cheio de orgulho quando eu lhe disse que ia trabalhar para a VICE, que vocês me iam dar um carro com gasolina paga, um telemóvel com saldo ilimitado e bilhetes de avião para ir fazer reportagens por todo o mundo. Eu agora tenho exclusividade com o jornal Notícias de Fátima, escrevo umas crónicas para eles, mas estou farto de carregar o saldo do telefone e por isso aceitei a vossa proposta. Quando quiserem enviem-me essas cenas cá para casa para eu poder começar a trabalhar. Claro, mas se calhar era melhor falarmos pessoalmente. Quando voltas a Portugal?
Não sei. O meu pai é que trata disso e ele diz que os preços dos autocarros até Fátima estão muito caros. Voltemos então ao assunto que mais te interessa. Que achas das babes francesas? Há comparação com as portuguesas?
Em França há muito mais gémeas. O que é fixe, mas não há nada como uma portuguesa, ou uma espanhola. As italianas também gosto muito. E das nórdicas. As francesas acho que usam um bocado os homens. Por exemplo, eu às vezes sou assediado e nem quero, só quero é paz e sossego. Tenho a minha lista de babes e escolho quando quero, quando tenho cabeça para isso. Há que distinguir trabalho de diversão. As portuguesas são mulheres quentes, o que também me agrada bué. Como é que imaginas a babe perfeita?
Não preciso de imaginar. Basta ir ver a pasta das minhas fotos do telemóvel. Ah bom. Então, diz-me: o que é que eu preciso para engatar gatas como tu?
Eu não engato porque tenho as babes que quero. Mas acho que o que uma mulher gosta é um misto entre: beleza, solidariedade, dotes musicais, humor, paz, hormonas, voz meiga, inteligência, fogo, dotes culinários e um blogue como o meu. Pouca coisa. Abraço, Jorge, até à próxima.