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Música

O psicadelismo folk está quase aí: Six Organs of Admittance

Enquanto os Comets on Fire não regressam, Ascent deixa-nos em fogo.

Ben Chasny é, juntamente com o Ethan Miller, um dos incontornáveis quando se fala de rock ‘n’ roll no século XXI. Um assombro de pessoa, que graças a projectos como Comets on Fire, Six Organs of Admittance ou Rangda, foi acumulando uma biblioteca interminável de riffs, solos à Santana e verdadeira exploração sonora livre. Mas em 2012 é Ascent, uma torrente apaixonante de electricidade que dá que falar. Não só porque este é um disco novo de Ben Chasny, mas também porque é o primeiro a reunir os Comets on Fire — ainda que com um nome totalmente diferente. A melhor parte desta história é que vamos poder relembrar estas memórias dos Comets on Fire no Musicbox (Festival Jameson Urban Routes) e no Amplifest, já este mês. VICE: Depois de Asleep on the Floodplain, um registo quase espiritual, sai Ascent, um disco no mínimo mais agitado. De onde veio toda aquela energia e electricidade repentinas, algo mudou na tua vida?
Acho que o Ascent é tão espiritual como o Asleep On The Floodplain, o que acaba por ser o mesmo que dizer que ambos são “pouco” ou “muito” espirituais — conseguem ser ambos. “Espiritual” é uma palavra carregada de conotações negativas hoje em dia… Mas sim, há uma energia diferente neste disco. Acho que é o que acontece quando tens cinco pessoas a fazer barulho em vez de uma. Não quer dizer que tenha mudado a minha forma de pensar, todas as características deste disco estiveram sempre lá. Mas dirias que sentias falta do tempo passado de guitarra eléctrica ao peito nos Comets on Fire ou quiseste simplesmente fazer uma coisa diferente?
Nem por isso. Eu já toquei guitarra eléctrica ao vivo enquanto Six Organs, só nunca fiz um disco inteiro com uma. Rangda também tem imensa electricidade… Não acho que seja assim tão diferente, no fundo. Foi mais uma questão de querer gravar algo que já tinha tocado ao vivo. Fala-nos um pouco então sobre o disco. Para além das diferenças óbvias, o que achas que este registo tem de especial?
Fácil: foi a primeira vez em cinco anos que todos os membros dos Comets on Fire se juntaram! Houve algum planeamento para o disco ou limitaram-se a fazer jams intermináveis no estúdio?
Não, as músicas estavam todas as escritas. Na verdade não houve improvisação no estúdio exceptuando em alguns solos. E é verdade ou não que estas músicas fazem parte de um “disco perdido” dos Comets on Fire?
Não, essas músicas nunca fizeram parte de nenhum disco dos Comets. Aliás, era suposto terem saído num disco de Six Organs of Admittance há dez anos atrás. É muito diferente tocarem enquanto Comets on Fire e Six Organs of Admittance?
É totalmente diferente! Primeiro, porque em Six Organs eu escrevo todas as músicas e não estamos todos a tentar contribuir com pequenas partes para construir uma canção. Segundo, o Ethan não canta e além disso eu faço todos os solos, em vez dividirmos isso entre nós. Aos nossos olhos são duas bestas bem distintas! Estão prestes a tocar no Musicbox e no Amplifest, juntamente com nomes como Twin Shadow, WhoMadeWho, Amenra, GY!BE, Jozef Van Wissem…
Ah, sim! Eu adoro tocar em Portugal! E parece estar aí um belo alinhamento, mal posso esperar! A propósito, depois de ouvir Broda pelo menos 847379 vezes, tenho-te a dizer que devias juntar-te aos Gala Drop em palco!
Bom, isso é uma decisão que lhes cabe a eles… Por fim e uma vez que és o homem por trás de projectos tão intensos e envolventes como Rangda e Six Organs of Admittance, tenho de te perguntar: o que achas do rótulo acid folk?
Por acaso, acho que não se aplica a nenhuma das minhas bandas. Quando ouço falar em acid folk penso imediatamente em bandas como Incredible String Band, Broselmaschine, Comus, Magic Carpet, cenas do género que não acho que soem assim tanto a Six Organs ou Rangda. Talvez às vezes os Six Organs se aproximem um bocado do género, mas há sempre muito mais para se ouvir…