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Música

O autocarro parou e saíram confettis

E música e outras cenas altamente.

Fico sempre céptico quando há uma festa em Lisboa num dia de chuva. Nós, os lisboetas, somos amigos do bom tempo. Sempre que há uma pinga de chuva fazemos questão de não aparecer, mais parece que só sabemos estar de chinelos e de copo na mão no Bairro Alto. Para além disso, o facto de uma festa ser longe dessa zona e não ser uma das duas ou três discotecas onde toda a gente vai, não é uma grande ajuda, também. Ninguém gosta de coisas novas! Buh, que seca, que se lixe fazer coisas diferentes!

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O Museu da Carris, em Alcântara (longe do Bairro Alto), foi o palco do Red Bull Tour Bus – Secret Stop, uma noite de concertos, onde as bandas tocavam em cima de um autocarro, com um line-up preenchido por algumas das melhores bandas nacionais e pelos JUBA, que ganharam um prémio através do Myspace. No meu tempo as bandas de garagem eram más, estes gajos não. É estranho quando o local para onde vais dançar e beber é o mesmo local onde foste, quando perdeste o teu L123. Pelo recinto, estavam espalhados alguns autocarros da Carris de várias épocas: ou seja, foi, basicamente, uma visita ao museu, mas de borla! Lá, até vi uns autocarros de quando a Carris era laranja. As senhas de bebida eram palhetas de guitarra. Um amigo meu, guitarrista, ainda tentou sacar umas bebidas à pala com isso, mas o pessoal do bar estava atento! Lá fora está-se pior, já dizia o Camilo. Estava tudo aconchegadinho. Pronto, as minhas preocupações eram infundadas, parece que houve muita gente a apanhar o autocarro da Red Bull. Apesar disso, o público parecia que estava sempre a pensar uma de duas coisas: “Ihh, eles estão a tocar em cima de um autocarro!” Ou: “Isto não era bar aberto?” Os Memória de Peixe tocavam e o pessoal parecia que esperava alguma coisa, que algo de especial acontecesse. Se calhar, a malta deixou o Red Bull gratuito para beber depois, porque faltava-lhes energia. Ainda bem que eles metiam um cartaz a dizer o nome da banda, senão íamos estar todos baralhados a noite toda. Os Youthless, a dupla inglesa/ norte-americana, que está ora cá, ora lá, veio dar asas à noite (perceberam?). Como são só dois, numas músicas foram ajudados pelos Throes + The Shine com panelas, guitarras e o que encontraram à mão. Choveram rifas no final do concerto mas, como sempre, ninguém sabe quem foi o vencedor. Depois foi a vez dos Glockenwise, que são uns putos de Barcelos que fazem uma estrondeira. É assim um garage rock potente com umas guitarras que mandam raios. Ou isso, ou bebi demais.  “Olha eu a fazer coisas maradas com a guitarra!” Para finalizar, a Keex, que era a Teresa Guilherme da festa, foi dizer que a festa ia acabar e toda a gente ficou triste. Sorte que ainda faltavam os Throes + The Shine, que já são uma banda brutal, mas ainda só são a próxima grande cena para os gajos mais básicos. Foto do book de moda da Keex. Os T+TS fecharam a noite em alta, com toda a gente a dançar e a cantar (gritar) ao som daquele kuduro rockeiro das belas artes. Deram cabo da cola que prendia os pés das pessoas ao chão, finalmente.

Fotografia por Camila Vale