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Música

Música: Lumisokea

Um título que exprime a densidade deste álbum.

Selva
Eat Concrete
7/10 Tal como o Obelix caiu no caldeirão da poção mágica quando era pequenino, também eu caí nas malhas da música electro-acústica numa altura em que andava a escrever sobre discos há apenas um ou dois anos. Foram muitos os álbuns do género que aterraram na minha secretária vindos da Crónica, Room 40, Noble, Leaf e de tantas outras labels. Entre 2007 e 2009, uma boa parte das minhas tardinhas eram intercaladas entre levar o cão à rua (RIP Simba) e escutas atentas de pianos processados misturados com subgraves capazes de deitar uma casa velha abaixo. Naturalmente, depois de setenta críticas dentro deste campeonato, tornei-me, em primeiro lugar, exigente e depois até um pouco resistente. Não quer isso dizer que, de vez em quando, não volte a abrir a porta a uma proposta do género, tal como aconteceu com este Selva, da dupla Lumisokea. Com um título ajustadíssimo à sua densidade de instrumentos, que cobrem os ouvidos como as folhas da selva preenchem os olhos, este segundo álbum dos Lumisokea é assumidamente feito de electro-acústica. Enquanto escutamos um piano mergulhado num beat que podia ser do Shackleton, com alguma dose de amnésia à mistura, não é difícil voltarmos a filmes disfarçados de disco como Remembranza, do Murcof, ou By the Throat, do Ben Frost. Selva podia, por sua vez, ser a banda-sonora para um Avatar transformado num filme de terror psicológico. Um Avatar negro em que um pequenito Na’Vi era raptado na primeira meia-hora e os pais, com a ajuda do Mel Gibson, passavam o resto do tempo a procurá-lo lá na selva.